Freddie Mercury, o Queen e a marca libriana
O filme Bohemian Rhapsody mostra que o Queen não foi a banda de um ou dois líderes e o restante de seguidores menos brilhantes, como aconteceu muito no rock, mas uma banda de quatro fortes integrantes. Mercury muitas vezes fez conduções certeiras e grandiosas, como a ideia de vender o veículo para fazer shows e, então, usar o dinheiro da venda para gravar o primeiro álbum, e foi responsável por composições belas e inesquecíveis, mas os outros integrantes também trouxeram ideias geniais, em uma sinergia muita além da relação líder e liderados. E isto é algo libriano, o signo da troca.
No filme, quando um Mercury arrependido pelos excessos tenta retomar a banda (não se sabe, porém, se isto foi real, pois, segundo os biógrafos, houve concordância entre os integrantes de dar um tempo na banda e se concentrar nos trabalhos solo), ele fala: “eu não existo sem vocês, e vocês sem mim”. O lado Libra sempre foi muito atuante no cantor, este é o signo das parcerias e Mercury foi um homem de parcerias, feitas ou desfeitas, mas sempre presentes na vida dele. Com Mary, fez uma parceria de uma vida inteira, apesar de com o tempo ter se interessado muito mais por homens do que por mulheres, e nunca mais ter retomado o contato físico entre eles depois que isto aconteceu. Houve parceria com a banda, com empresários, com amantes. Mercury, apesar de ser uma estrela ofuscante, nunca conseguiu viver e estar sozinho, e isto é Libra. Contudo, muitas de suas declarações versavam sobre solidão, o monstro que Libra mais teme. “Você pode imaginar como é terrível quando você tem tudo e você ainda está desesperadamente só? Isso é terrível para além das palavras”, declarou.
Só muito mais tarde na vida teve um relacionamento estável com Jim Hutton, que continuou com ele, praticando sexo seguro, depois de saber que Freddie tinha Aids (mais tarde, Hutton se descobriu portador do vírus também, mas morreu de câncer de pulmão em 2010). Quando a Aids levou embora o meteoro dos palcos e de uma das vozes masculinas mais excepcionais que já houve, Netuno, por trânsito, enfraquecia Marte, o planeta da energia, levando ao colapso do seu sistema imunológico. No dia da sua morte, Marte estava exatamente conjunto ao Marte natal e em quadratura com Netuno. A conjunção de Marte, que ocorre a cada dois anos, é um miniciclo de renovação, que, no caso do cantor, finalizou sua etapa no corpo físico.
Como uma namorada que se tem, Freddie teve desentendimentos com a banda e vice-versa, mas também voltava para ela. Freddie falava sempre em “família”, mas era uma família e um casamento (Libra). Quando teve oportunidade de fazer dois discos solo, em uma das falas do filme conta que contratou um time talentoso de músicos, “mas que eles só obedeciam”, e que não podia vivenciar com eles justamente o que Libra traz de mais precioso: troca e igualdade, ainda que sempre permeados por diferenças e atritos, como em qualquer casamento e parceria.
Contudo, Brian May, guitarrista do Queen, descreveu Freddie Mercury como uma pessoa “pacífica e diplomática, que rapidamente resolvia as divergências com seu senso de humor”. São características librianas, que aparecem no filme. Ele muitas vezes agiu de forma contrária ao que a banda queria, e era chamado à atenção por isto, mas acabava voltando para ela.
Librianamente, também houve conflitos da banda com elementos vistos como intrusos, notadamente Paul Prenter, agente pessoal de Mercury e com quem ele teve envolvimento afetivo e sexual. Mas Freddie estava sempre de um lado, seja do namorado/parceiro ou da banda, o que é uma característica de Libra, signo que tem forte necessidade de se encontrar nas parcerias e que não suporta estar só. Quando, depois de muitas orgias com drogas e sexo, a antiga namorada Mary pediu que ele “voltasse para casa”, ainda que ela não fosse mais eroticamente desejada, era o “amor simbólico” de sua vida, foi a ela a quem Freddie escutou, dispensando o até então absoluto Prenter, que, de acordo com o filme, influenciou para que Mercury se afastasse do Queen, não sendo bem visto pelos integrantes do grupo.
Mary é extremamente importante na vida do cantor. Foi ela que esteve ao lado dele quando ele não era ninguém, e isto é valioso em uma circunstância de fama, pois é como recuperar uma origem real, sem máscaras e interesses. É bom lembrar que naquela época todas as bandas de rock mergulhavam no esquema de orgias sexuais e drogas e que, como ingressavam nesta vida muito jovens, perdiam toda a referência de normalidade a partir dali. Daí a importância de Mary Austin, uma das poucas âncoras na vida do cantor, junto com a própria banda. De acordo com biografias, Mary teria ajudado o cantor a se livrar do LSD e da heroína em 1982.
Em entrevista, Austin contou que demorou para se apaixonar por Mercury, mas que depois desenvolveu um amor incondicional (Netuno) por ele, ainda que não mais viável para se formar uma relação. Um amor de Netuno em Libra, um posicionamento astrológico do mapa do cantor. Netuno é o planeta que deixa o sentimento em estado puro, idealizado, mas sacrificial, pois não toca mais e não é mais físico, caso do relacionamento deles. Foi desta forma que o artista levou o amor por Mary a vida inteira, legando a ela, depois que faleceu, uma boa parte da sua fortuna.
Libra, portanto, é a segunda submarca importante do cantor, responsável, inclusive, pelo seu indiscutível talento artístico, pois ele também era um inspiradíssimo compositor. A mistura do masculino com feminino, tão característica do cantor, também pode estar ligada a posicionamentos em Libra. Ele tinha Vênus, o planeta do feminino, domiciliado em Libra, mas Marte, do masculino, também, separados por 11 graus. Antes de assumir o visual masculino da década de 80, usou, na década anterior, acessórios e itens considerados femininos. Contudo, quanto mais se aproximou de sua homossexualidade, foi também firmando uma imagem masculina (Marte) no palco, com movimentos vigorosos e muita energia. O Queen, aliás, sempre transitou com facilidade entre os dois polos, o hetero e o homossexual, até pela sexualidade do cantor.
O filme termina com o antológico show do Live Aid, deixando uma saudade profunda do cantor e um gosto de “quero mais” para entender o significado e impacto do Queen e de artistas extremamente talentosos como Freddie Mercury. A fascinação jupiteriana parece que nunca cessa.
Angela Schnoor diz
Vanessa, só recentemente assisti o filme, então fui ler seu artigo. Gostei e aproveito para te sugerir examinar a postura do Mercury. não tanto como super herói, mas como a figura do Mago, o primeiro arcano do Taro, ainda mais arquetípica.
Vanessa Tuleski diz
Interessante, Angela, a postura sem dúvida encaixa com o Mago, nos atributos de liderança e criatividade. Mas também é de expansiva e de autoconfiança, por isto fiz a ligação com o herói. Mercury tinha uma voz superlativa, ali ele tinha tremenda autoconfiança e tomava o palco para si mesmo.
Lúcia diz
Olá Vanessa. Adorei a análise astrológica. O texto foi muito bem escrito.
Você já analisou o mapa do Rami Malek? Adoraria ler ….. Beijos.
Marilena Magalhães diz
Parabéns!!!
Estou encantada com a leitura astrológica.
Excelente!
Suely Sandroni diz
Maravilhoso! Parabéns Vanessa.
Marilena Magalhães diz
Parabéns!!!
Fiquei encantada com a sua leitura astrológica.
Excelente!