Quando eu soube que haveria um filme sobre Freddie Mercury, uma das vozes masculinas mais belas, versáteis e impressionantes dos últimos tempos, tive a certeza de que estaria na estreia de Bohemian Rhapsody, e assim foi. O filme recebeu diversas críticas por suas falhas, seja pela falta de intensidade na condução da história – a qual, porém, surge total nas cenas musicais –, seja por algumas liberdades de roteiro, que alteraram fatos e cronologia.
O filme, perfeito em recriar cenas, personagens e cenários, e com o excelente Rami Malek mimetizando Mercury em todos os seus gestuais nos shows, talvez falhe em aprofundar a complexa persona do vocalista. Não falha, porém, ao recriar o ícone do palco, que, aí sim, surge inteiro na voz potente e rara, além da magnética presença cênica. Mercury, no passado, havia prometido: “Eu não serei um astro do rock, serei uma lenda.” E assim cumpriu. Este artigo se dedica a mostrar as duas principais marcas astrológicas desta figura icônica.
Um astro virginiano
Quem é leigo em Astrologia pensa no signo solar como sendo a única coisa que define a personalidade. Sim, o signo solar é importante, mas cada um de nós tem uma Carta Astrológica complexa e intricada e, e é mais significativo descobrir a assinatura única desta carta do que ficar preso ao signo solar ou então a características separadas. De toda forma, vamos começar pelo signo solar.
Filho de pais indianos, de religião zoroástrica, Freddie Mercury nasceu como Farrokh Bulsara, na Tanzânia, em 5 de setembro de 1946. Não há registro de seu horário de nascimento, o que impede de conhecer seu Ascendente e a distribuição dos planetas pelas Casas Astrológicas.
O que seria um famoso ídolo do rock nasceu sob o signo de Virgem, que pode ter por tema lidar com críticas, e Farroukh sempre chamou a atenção pelos dentes proeminentes, tendo sido uma criança dentuça e um adulto com quatro dentes permanentes a mais na arcada dentária. Certamente, deve ter sofrido bastante bullying e constrangimento por conta desta característica. Contudo, já na adolescência, interessou-se por música, tendo aprendido a tocar piano e feito parte de um oral em um internato na Índia. Lá também teve contato com ópera e música clássica, algo que influenciaria a sua carreira musical.
Declarações que mostram a faceta virginiana de Freddie Mercury:
- Freddie sempre reconheceu as conquistas das pessoas, bem como a sua própria. Incentivou John Deacon a compor e ajudava nas canções de Brian e Roger. Não só os colegas de banda descrevem-no como tímido, reservado e introvertido, como ele próprio, em uma entrevista, disse que não era a pessoa que aparecia no palco. Virgem é um signo que gosta de ajudar os outros e que tem como uma de suas possíveis características a timidez.
- Alguns amigos de Mercury disseram que ele era uma pessoa modesta e que, na companhia de amigos e parentes, não agia como o astro. A simplicidade é algo ligado a Virgem.
O músico também amava gatos e peixes, sendo este o signo dos animais. E, ainda que tenha nascido com uma voz privilegiada, tinha um domínio técnico dela, algo virginiano, pois este é o signo do treino, habilidade e técnica.
O sobrenome artístico que o cantor escolheu para si mesmo, Mercury em inglês e Mercúrio em português, é o planeta regente do signo de Virgem, e teve origem na Astrologia, que ele também usou para criar o símbolo do Queen, com os signos dos integrantes fazendo parte da elaborada logo. O astro teve formação em design gráfico, onde mesclou a habilidade técnica de Virgem com o talento artístico de Libra, signo destacado em sua Carta Astrológica.
O mapa solar de Freddie Mercury
Mapa solar é um mapa em que se coloca, simbolicamente, o grau do Ascendente como estando no grau do Sol. Este Mapa pode ser interpretado na ausência do Mapa com Ascendente conhecido, embora não o substitua, mas de alguma forma reverbera em paralelo com o verdadeiro Mapa.
Se colocarmos o Ascendente a 11:56 de Virgem, posicionamento do Sol do cantor, vamos ter o Meio do Céu, que é a casa da carreira e notoriedade, em Gêmeos, com Urano lá. Urano é o regente de tudo o que é eletrizante, diferente e genial, mas também chocante e que quebra padrões, todos estes papéis exercidos pelo artista.
O astro de rock teria a Lua em Sagitário se tiver nascido até 9h23 ou em Capricórnio, com nascimento a partir de 9h24. Particularmente, não creio em um Freddie Mercury com Lua em Capricórnio. Todas as suas características são de Lua em Sagitário. A Lua mostra com o que a pessoa se sente à vontade e o criador de “Love of my Life” sempre foi exagerado em tudo o que fez, algo sagitariano. A Lua em Sagitário é regida por Júpiter, que é a grande marca astrológica do cantor, conforme vamos analisar a seguir. Há que observar também que Freddie, ao se estabelecer na Inglaterra, era de família estrangeira, o que pode ter a ver com Sagitário, e que rompeu com os padrões da sua família, remetendo à oposição da Lua com Urano.
A marca do olímpico Júpiter
A marca Sagitário/Júpiter aparece em Mercury em algo físico: os dentes proeminentes. Sagitário é o signo do animal mitológico centauro, metade homem, metade cavalo. Algumas pessoas com este signo destacado no mapa têm os dentes proeminentes, que lembram a face de um cavalo. Um sagitariano famoso com esta característica é Sílvio Santos.
Freddie, quando era jovem, se vestia com roupas extravagantes, pintava as unhas, usava delineador e tinha cabelos longos, característica que foi apreciada e reforçada por sua namorada na época, que o acompanhou a vida inteira como amiga depois, Mary Austin. Isto já é Júpiter/Sagitário. Mais tarde, no Queen, também usou figurinos espalhafatosos, como macacões de malha hiperdecotados, uma extravagante blusa de cetim branco plissada, uma marcante jaqueta amarela, um conjunto com manto, coroa e cetro e assim por diante.
A atenção que sempre teve com o visual, da logomarca do Queen às roupas, vem de um stellium (concentração de planetas) no estético signo de Libra, a segunda marca astrológica do vocalista, onde ele tinha Netuno, Marte, Quíron, Júpiter e Vênus. O seu visual foi se refinando com o tempo, mas foi algo que sempre chamou a atenção no cantor, que sempre teve a elegância libriana (ele nunca foi gordo), com figurinos cuidadosamente pensados. Mais tarde, ele alcançou um equilíbrio estético (Libra) quando adotou cabelo curto e bigode, que marcaram o visual com que ficou mais conhecido, e que também permitiu suavizar (Libra) a arcada dentária proeminente.
Mas seria Júpiter uma marca astrológica tão somente pelo fato de ter a Lua em Sagitário, o que já seria bastante? Na verdade, não, o cantor tinha Júpiter conjunto a Vênus. Vênus mostra o que se ama, e Freddie amava o que era grandioso, superlativo, excessivo, ou seja, tudo o que era Júpiter. E ele também amava (Vênus) com excesso (Júpiter). Seus amantes mais longevos foram presenteados com carros, diamantes e dinheiro. Vênus rege dinheiro, e o cantor declarou ao The Sun: “Estou atolado em dinheiro. É vulgar, mas maravilhoso. Tudo o que quero da vida é ganhar dinheiro e gastá-lo”, uma declaração com muita ligação com a conjunção Vênus/Júpiter, que também lhe trouxe um número excepcional (Júpiter) de amantes, já que Vênus rege também a faceta amorosa.
Amigos declararam que ele tinha um apetite inesgotável, ou seja, jupiteriano. Todo excesso, na Astrologia, é imputável ao maior planeta do zodíaco, que também rege prosperidade e sucesso. “O excesso é parte da minha natureza, preciso de perigo e excitação”, declarou ao Mirror, em 1991, ano de sua morte.
Este planeta também se avizinha a Quíron e Marte. Marte é a sexualidade, e a de Freddie também foi exagerada; Quíron envolvido ali mostra que os excessos na sexualidade acabaram sendo uma ferida (significado deste asteroide), uma vez que contraiu Aids através deles, em uma época em que não havia meios de administrar a doença como hoje.
A voz rara na conjunção de Vênus com Júpiter
A conjunção Vênus/Júpiter/Quíron também deu ao cantor um presente inesperado (embora possa não ter se manifestado com outras pessoas que nasceram com ela). Além de ser o regente de Libra, Vênus é também é de Touro, o signo da voz, e Mercury nasceu com uma potência vocal (Vênus) espetacular (Júpiter). O cantor nunca quis consertar seus dentes, pois acreditava que era isto que havia propiciado sua emissão vocal fora do comum. Quíron, que faz parte da conjunção, com frequência rege habilidades inatas, e, fora a participação no coral, o cantor declara não ter tido treinamento vocal específico, o que é surpreendente em relação ao total domínio que tinha.
Contudo, o que os estudiosos apuraram é que, ao cantar, as pregas ventriculares vibravam junto com as pregas vocais, algo incomum e que lhe dava vantagem na produção do som. Além disso, as cordas vocais do cantor se moviam a uma velocidade superior ao do padrão humano. Estas peculiaridades físicas superlativas (Júpiter) geraram os vocais altos e ásperos que mesmerizavam plateias, além do timbre belíssimo e vibratos incríveis, fazendo-o sobressair até mesmo em relação a cantores de ópera e como a mais potente voz do rock. Contam algumas pessoas que, durante as gravações do álbum Barcelona, ele desafiou Montserrat Caballé, uma das cantoras líricas mais conhecidas, para ver quem possuía maior fôlego, tendo ganhado da cantora com larga vantagem.
Mercury, segundo ele mesmo, era barítono, a voz intermediária masculina (o baixo é a voz mais grave), mas, tinha grande alcance vocal. Por isto, cantava como tenor, a voz aguda masculina. Sua nota mais grave, contudo, não seria alcançada por um tenor, que transita melhor entre os agudos. Então, ele emitia um som de tenor com o corpo vocal mais forte e preenchido de um barítono. Possivelmente, foi o reconhecimento de sua voz como sendo fora do comum que tirou Freddie do que seria um circuito de complexo e autocrítica virginiano gerado pelos dentes salientes e por um pai rigoroso, expresso por Saturno em Leão próximo de Plutão em seu Mapa. Este pai muitas vezes foi castrador, de acordo com os padrões da época, mas nunca conseguiu submeter o cantor ao destino que desejava, já que Freddie conhecia a sua real vocação e potencial.
“Sempre achei que seríamos grandes… E somos!”
Esta foi uma das declarações que Mercury deu sobre o Queen. Ele sempre soube estar destinado ao estrelato. A marca de Júpiter é fortíssima na personalidade do artista. Durante a condução da banda, nunca faltou ao vocalista muita autoconfiança, característica deste planeta. É difícil saber o quanto isto pode ter sido insuflado por drogas, algo comum e muito difundido na época, mas o fato é que toda a postura do vocalista sempre foi de extrema autoconfiança.
O homem de 1,77m parecia um gigante no palco, e a famosa pose, que lembra a de um super-herói (algo associado a Júpiter), que ficou gravada na memória todos, é a de Freddie todo esticado, como se quisesse – e fosse – maior do que fisicamente era, com as pernas afastadas, e os braços esticados em diagonal, um para cima e o outro cima para baixo. Isto é puro Júpiter, o planeta ligado a Zeus, o deus mitológico. Este é o planeta do marketing, do carisma, das torcidas e do entusiasmo e era isto que que os shows do Queen geravam, inclusive com batidas de pés no chão e “gritos tribais”, como se todos fossem um só com o líder, no caso, Freddie Mercury.
Júpiter aparece no gigantesco (não há nada modesto neste planeta) carisma do cantor, já que rege também esta característica, que sabia como ninguém como envolver uma plateia, sendo que o filme mostra o espetacular show no Rock in Rio, em que milhares de pessoas cantaram juntas, sem o vocal do cantor, regidas por um vocalista absolutamente senhor dos palcos.
No filme, ele aparece contando para Mary a emoção ímpar daquele momento: “Eu não sabia se eles estavam me acompanhando, entendendo o que eu cantava, e, de repente, eles começaram a cantar sozinhos”. Foi o show com o maior recorde de público e uma com uma sinergia total entre cantor plateia, repetida mais tarde no Live Aid, em 1985, o show para vítimas da fome na África, em que o Queen roubou todas as atenções, competindo com bandas de peso e história, mas em que Mercury acabou sendo o maestro inesquecível de voz belíssima e atuação arrebatadora. Um meteoro. E meteoros não são para viver muito tempo, se consomem, com todos os exageros jupiterianos.
Mais tarde, ele o Queen se tornaram referência de bandas e vocalistas, que quiseram reproduzir a energia de suas performances eletrizantes que arrebatavam o público. Servir de exemplo e criar história é algo de Júpiter também. O Queen quebrou vários recordes e inaugurou várias características depois copiadas nos shows de rock, tendo sido o precursor também dos videoclipes. Dominavam o marketing como ninguém, embora não tenham feito músicas só para agradar. Só se destacaram porque, jupiterianamente, muitas vezes ousaram e quebraram paradigmas e fórmulas, como foi o antológico caso de Bohemian Rhapsody, a música título do filme, que elevou o Queen e seu vocalista a alturas jupiterianas excepcionais.
Mas exatamente ali Júpiter esteve mais presente do que nunca. Segundo o filme, mas sem confirmação na realidade, o produtor musical era contra o lançamento de uma canção de impensáveis quase 6 minutos e precisou haver muita autoconfiança da banda para não ceder a isto e às fórmulas fáceis de sucesso e procurar uma outra alternativa. A música acabou sendo lançada com uma engenhosa estratégia de marketing no rádio e alavancou o Queen ao Olimpo Musical, de onde nunca mais saiu. A linda música, por sinal, é comentada por professores de canto como sendo de grande desafio e complexidade vocal (com bastante trabalho também para quem toca o piano), dada às variações súbitas e extremas, e Freddie Mercury a fazia soar natural, como todas as outras que cantava, indo do suave ao agudo com total maestria.
Excessos: o lado sombrio de Júpiter
Este planeta empresta confiança, notável carisma, chance de sucesso e prosperidade, mas não sabe parar. A vida de Mercury foi repleta de exageros. Ele morreu porque contraiu Aids, mas não se sabe se os excessos teriam cobrado a conta mais tarde, se não tivesse tido a doença, que eclodiu com o trânsito de Plutão em Escorpião. Escorpião é o signo do sexo, e, após a revolução sexual dos anos 60 e 70, a Aids veio trazer o terror (Plutão), em meados dos anos 80, para este âmbito. Na época em que descobriu que estava com a doença, em 1987, Plutão quadrava o Plutão natal de Freddie, um trânsito que pode representar crises, no caso, uma crise gravíssima que prenunciaria o final de sua vida.
americo ayala jr. diz
Ótimo artigo, Vanessa!
Aqui uma indicação de *possível* horário: http://baptistelebras.wixsite.com/astrologiefr/freddie-mercury
americo ayala jr. diz
Ótimo artigo, Vanessa!
Aqui uma indicação de horário de nascimento: http://baptistelebras.wixsite.com/astrologiefr/freddie-mercury
Vanessa Tuleski diz
Muito obrigada, Américo! E pela dica do artigo em que Freddie Mercury teria Ascendente em Leão.