Durante mais de quarenta anos, ele esteve por trás de um sem número de iniciativas polêmicas, virando a mesa de regulamentos esportivos, mantendo dúbias relações com facções violentas da torcida organizada e entrando em conflito com adversários de todo tipo. Falamos de Eurico Miranda, ex-deputado federal e homem forte do Vasco da Gama, clube onde imperou por várias décadas, primeiro como vice-presidente de futebol e posteriormente como presidente em dois diferentes mandatos.
Eurico era uma figura polêmica, antipatizada por todos os adversários e detestada até por significativa parcela da própria torcida vascaína. Sua data de nascimento é 7 de junho de 1944, segundo informação do site da Câmara dos Deputados e de jornais cariocas. Na falta de um horário, tentemos uma análise sumária de sua carta solar.
Quatro planetas estão em Gêmeos, e outros três encontram-se em Leão. Há uma quadratura T unindo Saturno em Gêmeos, Netuno em Libra e Lua em Sagitário. Mercúrio em Touro é o único planeta em signo feminino. A combinação Fogo-Ar e a absoluta ausência de fatores no elemento Água faziam de Eurico um tipo extrovertido, tagarela, fanfarrão, mas de sensibilidade um tanto tosca e pouco apto a lidar com a dimensão emocional. O estilo exagerado e desabrido no falar pode ser explicado pela quadratura Mercúrio-Júpiter, enquanto a conjunção Marte-Plutão em Leão garantia a conhecida dose de agressividade.
O mapa de Eurico corresponde a um modelo de distribuição planetária chamado Leque: nove planetas estão contidos dentro de um trígono (de Mercúrio a Netuno) enquanto o último domina os dois terços restantes da carta, formando oposição com a área ocupada. Planetas nesta condição tendem a exercer um papel dominante na vida do nativo, funcionando como uma espécie de alavanca que imprime movimento a todo o restante da carta. No caso de Eurico, a alavanca é simbolizada pela Lua em Sagitário em aspecto tenso com Netuno e Saturno.
É uma configuração difícil, que costuma trazer à luz sentimentos de inferioridade, tendências depressivas e uma atitude de defesa frente ao mundo. Talvez Eurico Miranda fosse truculento e espalha-brasas como forma de supercompensar a sensação de insegurança interior. É o que poderia explicar seu comportamento de déspota, a ponto de punir jogadores que ousavam dar entrevistas à imprensa e de desafiar a lei, proibindo a entrada no clube de jornalistas e radialistas munidos de mandados judiciais.
Ao longo da vida, aliás, Eurico acumulou problemas com autoridades de todo tipo: quando adolescente, seu constante envolvimento em brigas levou-o a ser expulso do prestigioso Colégio Santo Inácio. Já envolvido com a política clubística, levou o Vasco às páginas policiais em todas as eleições de que participou, em função de manobras casuísticas, inscrição de eleitores-fantasmas e até tentativas de roubo de urnas.
Sinastrias tensas com o clube e cidade
Um dado revelador é que o Sol de Eurico Miranda, por volta de 16° de Gêmeos, está em conjunção com o Plutão da carta de fundação do Clube de Regatas Vasco da Gama, um interaspecto que remete diretamente à questão da manipulação do poder e do jogo de vale-tudo. A sinergia entre o clube e seu presidente dava a este a fonte de poder para impor-se de forma dura e autocrática, numa administração em que era a única voz de comando.
Eurico conseguia no “tapetão” vantagens importantes para o Vasco, mas também prejudicou sobremaneira o clube com ataques de fanfarronice e súbitas mudanças de humor, demitindo técnicos e jogadores ao seu bel-prazer. Neste sentido, simbolizou os aspectos mais negativos de Gêmeos: tagarelice exagerada, impaciência, instabilidade e negação dos valores de ética (por oposição a Sagitário).
O Sol de Eurico Miranda está também em quadratura com Plutão no Meio do Céu do mapa da fundação do Rio de Janeiro, mostrando que a conotação plutoniana coloriu até mesmo sua atuação como homem público e deputado federal. Nos últimos meses de 2000, aliás, Eurico ganhou as manchetes por tentar, sistematicamente, obstruir os trabalhos das CPIs do Futebol na Câmara e no Senado.
Em 2001 envolveu-se numa agressão verbal ao então governador Anthony Garotinho, chamando-0 de “falso, incompetente, viado e frouxo”. A destemperada manifestação também tem justificativa astrológica, pois o Sol de Eurico está em quadratura com o Marte do ex-governador, um interaspecto de competição e agressividade.
Com a morte de Eurico Miranda, em março de 2019, o futebol brasileiro perdeu seu dirigente mais fanfarrão. Presidentes de clube truculentos e mafiosos provavelmente sempre existirão, mas dificilmente com tanta competência para ocupar espaços na mídia.