Por que as epidemias de dengue costumam encontrar no Rio de Janeiro sua maior quantidade de vítimas? A disseminação do Aedes aegypti é nacional, mas na epidemia de 2002, como em ocasiões anteriores, foi a área metropolitana do Rio de Janeiro que apresentou o quadro mais crítico. O número de infectados, oficialmente em menos de 60 mil (dados de fevereiro/2002), pode ter chegado, na prática, a dez vezes mais, pois a superlotação dos hospitais levou a população a tratar-se em casa, sem notificar a doença.
No mapa da fundação do Rio de Janeiro, Plutão ocupa um lugar de destaque, em conjunção com o Sol e a Lua. É o planeta mais elevado da carta, colado ao Meio do Céu, e é também o regente da casa 6 (saúde pública). Sendo Plutão um planeta significador de tentativas de manipulação e de controle social, e sendo a casa 10 a das autoridades públicas (prefeitura e governo estadual, por exemplo), compreende-se que a saúde pública seja um tema constante nas lutas de poder na cidade. É comum que o tratamento de epidemias funcione como pretexto para disputas por controle de verbas, troca de acusações entre diferentes grupos de influência e enfrentamento das emergências da saúde com base em ações autoritárias.
No caso do Rio, epidemias de grande porte devem ser procuradas, portanto, não apenas em ativações de Netuno (que, para o resto do país, parecem explicar com exatidão os surtos de dengue e febre amarela), mas principalmente em configurações envolvendo Plutão. Marte também tem papel destacado nessas indicações, seja por corresponder aos principais sintomas do dengue e da febre amarela, seja por ser o corregente de Escorpião, signo da casa 6 do mapa do Rio.
Plutão e dengue, uma relação de trinta anos
Em 1986, quando a dengue clássica chega ao Rio de Janeiro, Plutão em trânsito está em quadratura com Marte radical, corregente da casa 6. O próprio Plutão já está em órbita de conjunção com a cúspide da casa 6. Urano em trânsito, na casa 7, está em quadratura com Plutão-Sol em Peixes da fundação da cidade. Ao longo do ano, Saturno se une a Urano, também fechando quadraturas com planetas radicais do mapa do Rio. O momento exigia um arejamento das práticas de saúde pública, com mudança radical de métodos e maior abertura para a participação comunitária. As respostas governamentais não são à altura do desafio, o que cronifica o problema.
A epidemia de 2002, a mais letal até aquele momento e — segundo estimativas independentes — a maior em número de casos subnotificados (não incluídos nas estatísticas oficiais), ocorre sob um trânsito que tinha tudo para manifestar-se na área de saúde: Plutão está em Sagitário, em quadratura com sua própria posição e com a do Sol no mapa da fundação do Rio de Janeiro. É o auge de um quadro crítico que envolve também os significadores astrológicos do conturbado governo de Anthony Garotinho, como já vínhamos prevendo desde abril de 1999.
Nova epidemia assola o país em 2007-2008, tendo, outra vez, o Rio de Janeiro na liderança das estatísticas. Ao contrário dos surtos anteriores, Plutão em trânsito (ingressando em Capricórnio naquele momento) não é mais relevante como indicador da crise na saúde pública. Por outro lado, Urano em trânsito está em Peixes e forma conjunção com Sol-Plutão no Meio do Céu do Rio de Janeiro. Urano no mapa do Rio rege a casa 7, dos inimigos públicos e dos que “vêm de fora”. Plutão, como já sabemos, é regente da casa 6 — a saúde pública — e ocupa o Meio do Céu, o lugar do Poder Executivo. Resultado? Seja como planeta transitante, seja como transitado, eis Plutão mais uma vez envolvido em um fracasso do poder público no combate a um inimigo voador e estrangeiro (Urano radical em Sagitário!).
2016 traz nova ativação de Plutão
Quanto à epidemia de zika em 2015-2016, que configurações observamos? Basta observar o mapa para vermos que Plutão se encontra novamente sob fogo cerrado, já que sua posição no mapa radical da cidade sobre o trânsito de Saturno na 7 — casa dos inimigos abertos. Temos de volta Saturno à posição de 1986 — ano da primeira epidemia de dengue — sendo que Saturno, no mapa da fundação do Rio de Janeiro, rege a casa 8, dos tributos: aquilo que temos de pagar para restabelecermos a ordem e regenerar as condições sociais. Sendo Saturno identificado com a figura do cobrador, temos aí a imagem expressiva e poderosa de uma coletividade que precisa ser confrontada com a evidência da epidemia para acordar para tudo aquilo que deixou de fazer na área da saúde pública. O que dizer de uma cidade que investe bilhões em repetidas (e desnecessárias) reformas em seus estádios enquanto deixa hospitais e postos de saúde entregues à deterioração?
Outra configuração digna de nota é a presença de Netuno em trânsito sobre a Lua da cidade, ao mesmo tempo em que forma quadratura com o Ascendente e com Netuno radical. Podemos repetir aqui o que Dimitri Camiloto disse em 2008 sobre ativações semelhantes sobre o mapa do Brasil: trânsitos de Netuno carregam a marca do descaso, da vulnerabilidade, do otimismo sem qualquer fundamento e até mesmo da loucura governamental. Infelizmente, a dengue e a zika são cariocas… e olímpicas!