Obesidade mórbida e anorexia
–Tenho um caso de obesidade mórbida que corresponde a um mapa com Virgem no Ascendente e Netuno em conjunção com a Lua em Libra na casa 1. Júpiter e Vênus estão em conjunção em Escorpião na casa 3 e formam quadratura a Plutão perto da cúspide da 12. Saturno está em conjunção com Plutão também. A cirurgia redutora do estômago (cirurgia bariátrica) seria uma boa solução?
FERNANDO FERNANDSE – É um quadro de hiperabsorção em todos os sentidos, tanto do ponto de vista orgânico quanto da sensibilidade emocional (como uma “esponja” que captasse tudo o que está em volta). Contudo, o aspecto mais crítico é Saturno, regente clássico de Aquário (e, portanto, da casa 6), em conjunção com Plutão, este por sua vez em quadratura com a conjunção Júpiter-Vênus em Escorpião. Temos aí elementos de lentidão metabólica.
ROSEANE DEBATIN – Provavelmente indicando disfunções glandulares em geral e tireoideanas em particular.
FERNANDO FERNANDSE – Todo o sistema de eliminação funciona de forma problemática e há fortes indicadores de retenção hídrica.
ROSEANE DEBATIN – A cirurgia é eficaz, mas tem seus riscos. De preferência, deve ser feita apenas após uma preparação adequada, que seria um tratamento com um bom nutrólogo (não confundir com nutricionista ou endocrinologista, que têm enfoques diferentes). Melhor ainda se este nutrólogo for vegetariano e homeopata, o que, aliás, não é difícil: quase todos os nutrólogos acabam aderindo ao vegetarianismo. Em último caso, buscar dois especialistas diferentes, o nutrólogo e o homeopata.
Na fase de preparação, deve-se tentar uma reequilíbrio da tireoide e de todo o sistema endócrino, através de uma desintoxicação alimentar e do uso da acupuntura ou de medicamentos homeopáticos que promovam uma estimulação natural da atividade hormonal. Se você faz reposição com uso de hormônios sintéticos, deve substituí-los por fito-repositores, sob orientação especializada. Apenas para dar uma ideia: raízes como o inhame, por exemplo, apresentam muitas das propriedades do hormônio sintético, e sem os efeitos colaterais. Deve-se promover também um adequado reflorestamento do trato intestinal, passo essencial para evitar a infecção pós-operatória. A cirurgia feita sem esta preparação apresenta alguns riscos, tais como:
- o emagrecimento pode efetivamente acontecer, mas com manutenção da retenção hídrica;
- o sistema endócrino, caso despreparado para lidar com a nova situação, pode acentuar seu desequilíbrio.
Outro ponto importante: se você faz uso de aspartatos (aspartame, como o de muitos produtos existentes no mercado), deve trocá-los imediatamente por esteviosídios, que não apresentam efeitos colaterais. Pesquisas de laboratório têm confirmado sistematicamente os efeitos do aspartame como neutralizador dos centros cerebrais da saciedade. Ratos de laboratório submetidos a dietas com altas doses de aspartame perdem a noção de limite e ingerem quantidades excessivas de alimento, tornando-se obesos. O aspartame, aliás, não deveria ser ingerido por ninguém!
Finalmente: a cirurgia através de vídeo (laparoscopia), se puder ser realizada, é preferível à tradicional (laparotomia, ou cirurgia de “barriga aberta”, considerada uma grande cirurgia). A recuperação é mais rápida e os riscos pós-operatórios são sensivelmente reduzidos.
Portanto, não é recomendável a cirurgia imediata, mas apenas após este conjunto de procedimentos que a tornarão mais segura e realmente útil.
–Tenho os dados de uma amiga que tem anorexia, mas não consigo detectar isso no mapa. Como seria?
ROSEANE DEBATIN – É quase impossível encontrarmos um caso de anorexia desvinculado de um quadro de depressão.
FERNANDO FERNANDSE – No mapa que você enviou, os traços depressivos estão presentes, e bem evidenciados: Plutão, regente da 3 (mentalidade), está colado no Ascendente e formando oposição a Mercúrio em Aquário na 7. Plutão também afeta por quadratura Saturno na 3, e este forma uma quadratura aberta com Mercúrio. Como Saturno rege a 6, dos hábitos alimentares, e Mercúrio rege a 2, das preferências e da assimilação, essas duas casas estão bastante tensionadas. A configuração Plutão-Saturno-Mercúrio é frequente em quadros depressivos crônicos. O mapa também tem tensões envolvendo aspectos Lua-Vênus e Júpiter-Netuno. O conjunto aponta para uma sensação interior de insatisfação e uma atitude pessimista centrada em algumas poucas questões que dominam o quadro mental. Não há nenhum planeta ou ângulo em signos de Terra, o que pode revelar uma dificuldade de reconhecimento das necessidades do corpo, assim como uma postura excessivamente mental e escapista. O jogo de aspectos – o regente do Ascendente está na 6, e o regente da 6 faz quadratura com o Ascendente – mostra alguém que sempre tende a processos de somatização.
ROSEANE DEBATIN – A anorexia deve ser, portanto, tratada a partir de uma abordagem psicossomática, com base, por exemplo, em homeopatia ou florais.
Diabetes
–Tenho o mapa de uma criança (na época com 6 anos) que apresentou diabetes aos três anos de idade, sendo até agora dependente de insulina. Pelo que tenho lido, Vênus rege os açúcares, mas fiquei em dúvida neste caso, pois Vênus não recebe nenhum aspecto maléfico, apesar de estar em detrimento por signo.
(A pergunta inclui também todos os dados para o cálculo do mapa. Levantamos a carta sem fornecer detalhes de hora exata e cidade de nascimento, para evitar a identificação.)
CARLOS HOLLANDA – Há um modo de interpretar no qual fazemos perguntas aos planetas, isto é, fazemos uma pergunta e vamos verificar que planetas estão implicados nesta pergunta. No caso que você citou temos Vênus, Marte e Júpiter, que trabalham com processos anabólicos (Júpiter), catabólicos (Marte), os açúcares (Vênus-Júpiter), a insulina (Marte), o pâncreas (Marte), o fígado (Júpiter). Vênus em detrimento, segundo o método das perguntas, já diz que suas funções correspondentes em todos os níveis, incluindo o do corpo, também estão subvertidas até certo ponto. Seria mais ou menos assim: como funciona o sistema nervoso de fulano? Olhamos as condições de Mercúrio, que aspectos recebe, se está em dignidade e assim por diante. Como ele se comunica? Mercúrio outra vez. Como ele lida com a própria agressividade? Localizamos Marte e vemos suas condições. Como pode ser a saúde de seu pâncreas, seus músculos menores, suas hemácias e o processo de perda de gordura? Marte outra vez.
Veja que neste mapa Marte e Júpiter estão em quadratura. Plutão está conjunto a Júpiter e também em quadratura com Marte. O regente da casa 6 está em Sagitário, cujo dispositor é Júpiter, que está, digamos, “bombardeado”. Marte esta na casa 6 e recebe apenas quadraturas.
ANA TERESA OCAMPO – Chama a atenção rapidamente a conjunção exata entre o regente do mapa (Júpiter) e Plutão, ambos parte de uma ampla conjunção, que envolve os signos de Escorpião e Sagitário. Além disso, estão todos na casa IX, natural de Sagitário. Ou seja, sob muitos enfoques, o que está evidente nesse mapa é o predomínio jupiteriano.
Júpiter simboliza o fígado, que é o grande sintetizador de substâncias do organismo. Em especial, regula a transformação de açúcares (glicose) em gordura para depósito de energia de reserva. Por isso, não pense só em Vênus quando pensar em açúcar, porque esse excesso tem de ser armazenado através do fígado. Júpiter rege os processos de expansão e a obesidade, em boa parte mediada pelo excesso no consumo de doces.
O diabetes infantil é um tipo mais raro e mais severo de diabetes mellitus. E tem uma clara conotação genética (lembre do Plutão exatamente conjunto a Júpiter). Esse tipo de diabetes quase sempre é dependente de insulina, já que a produção desta envolve vários fatores de regulação que extrapolam o pâncreas.
Astrologicamente, Vênus é o regente da casa VIII desta carta e está lá, em detrimento. Esse posicionamento já indica um mau funcionamento de suas funções, e pode apontar para o distúrbio de glicose (Vênus) como potencialmente grave e fatal (casa VIII). Saturno é o regente da XII e está lá também, apontando uma dificuldade na percepção de limites, que também podem ser estruturais. O regente da VI é o Sol, e está sob a disposição de Júpiter (Sagitário), além de estar na casa IX e numa conjunção bastante aberta com Júpiter-Plutão, estes em Escorpião (o que reforça o aspecto de transmutação e genética).
Marte está na casa VI em quadratura fechada com esta conjunção, apontando, talvez, para a irrupção brusca e precoce do problema no plano físico orgânico.
Seria interessante pesquisar o Arco Solar, Progressão Secundária e Trânsitos da época em que a doença veio à tona. Ficaria mais claro ainda se estes planetas são os mais envolvidos realmente com o problema de base que o paciente apresenta.
–No livro Astrologia Médica Holística, Jansky se refere à ação dos eclipses solares. Seria possível que eles também atuassem na manifestação do diabetes, no caso acima? Ocorreram os seguintes eclipses solares:
- Em 29.04.1995 a 8°56′ de Touro (oposição ampla a Vênus natal);
- Em 24.10.1995 a 0°17′ de Escorpião (conjunção ampla a Vênus natal);
- Em 09.03.1997 a 18°32′ de Peixes (conjunção com Ascendente natal).
CARLOS HOLLANDA – Tanto os eclipses que você enumerou quanto trânsitos, progressões ou indicativos de Revoluções Solares podem identificar gatilhos que desencadeiam determinados processos, como, no caso, o diabetes. De acordo com o ciclo de vida que a pessoa estiver (ou esteve) passando, podemos ver onde há maiores propensões ao potencial aparecimento daquela anomalia. Em 1997, por exemplo, Plutão em trânsito estava bem próximo do Sol natal. Agora o que vou dizer é proveniente de observações próprias de situações que vejo repetirem-se continuamente: a Lua progredida em 1997, em março, fez quadratura com Quíron. Como se atribui a ele a regência sobre a saúde em geral, os aspectos direcionados a ele atuam sobre o funcionamento do organismo e mostram aquilo que pode ou não afetar a saúde. Pelo fato de Quíron, neste mapa, ser regido por Mercúrio, que está junto ao dispositor da casa 6, é muito provável que haja uma relação entre o início da doença e o ciclo supracitado.
Plutão em trânsito também fez uma quadratura com Saturno natal (na 12) na mesma época.
ANA TERESA OCAMPO – Os eclipses também são fatores coadjuvantes, e não isolados. Servem para corroborar uma promessa já apontada pelos trânsitos e progressões e pelo mapa natal; sozinhos, são de pouca valia. Exceção para quando caiam em conjunção ou oposição a planetas pessoais, especialmente se estiverem nas casas VI, VIII ou XII. Mesmo assim, se isso for um fator isolado do mapa, mantenha-o em mente, mas não lhe dê excessiva importância.
No caso que você descreve, dois eclipses envolvem o eixo da casa VIII e o terceiro envolve o Ascendente, outro fator-chave para a saúde e a vitalidade. Se estiverem confirmando outros aspectos por trânsitos, ganham importância.
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