Quincúncio, quincunce ou quincunx?
A grafia dicionarizada em bom português é quincunce. Contudo, todas estas grafias têm largo uso, verificando-se ainda em Portugal a forma quincócio. Mas portugueses também chamam arquivos de ficheiros e usam a expressão bicha para denominar filas. Aparentemente falamos a mesma língua, mas quantos brasileiros seriam capazes de entender uma frase como “entrei numa bicha para conseguir um ficheiro inédito sobre quincócios”? Voltando ao assunto: a única forma realmente incorreta é quincúcio (sem o n), e existe ainda o vocábulo inconjunção, com o mesmo significado.
Sêxtil ou Sextil?
A grafia correta é sextil (a palavra é oxítona), sendo usada às vezes também a variante sextilha. Da mesma forma, escrevem-se e pronunciam-se quintil e septil (como em funil e Brasil).
Kiron, Kíron, Chiron ou Quíron?
Kíron e Kiron são grafias que podem ser descartadas sem medo. A grafia em inglês é Chiron e, em bom vernáculo, a forma preferível é Quíron.
Meu Vênus ou minha Vênus?
Ambas as formas podem ser consideradas corretas. Quando se diz o Vênus, no masculino, está implícita a referência ao vocábulo planeta, com o qual o artigo ou o possessivo concorda: meu planeta Vênus. Muitos astrólogos preferem utilizar Vênus no feminino, o que também não constitui erro, já que o nome do planeta, de origem latina, deriva da deusa homônima. Neste caso, está implícito que o astrólogo está falando do princípio simbólico, e não do corpo astronômico.
Casa 9 ou Casa IX?
A tradição da Astrologia francesa, que muito influenciou a brasileira, é de referir-se às casas sempre utilizando algarismos romanos. Já os astrólogos ingleses e americanos normalmente utilizam algarismos arábicos, o que torna a leitura mais fácil. Não faz diferença, desde que seja mantida a coerência. Deve-se evitar escrever algo como “Mercúrio está na casa XII em quadratura com Marte na 3“.
Nodo Lunar ou Nódulo Lunar?
Nodo lunar, ou seja, o nó da Lua, é o ponto de interseção do plano de sua órbita com a eclíptica. Nódulo (mancha, tumoração ou pequeno nó) não faz o menor sentido!
Escorpiano ou escorpiniano? Saturnino ou saturniano?
Normalmente os adjetivos referentes aos signos são derivados de sua forma latina: ariano, taurino, geminiano, canceriano, leonino, virginiano, libriano, escorpiano, sagitariano, capricorniano, aquariano e pisciano. Quanto aos adjetivos dos planetas, se quisermos utilizar apenas as formas que a língua culta agasalha, teríamos de escrever: solar, lunar ou selenita (de Selene, Lua), mercurial, venusino ou venéreo (horrível, concordam?), marcial, jovial (de Jove, Júpiter), saturnino, uraniano, netuniano e plutônico. A rigor, marciano, venusiano e jupiteriano seriam os habitantes desses planetas, se é que existem. Mas excetuando Carlos Hollanda, único caso que conheço de astrólogo que utiliza com frequência os adjetivos mais eruditos, o uso de mercuriano, venusiano etc. já está consagrado, não cabendo considerá-lo errado. O único caso que não se justifica é o de saturniano, um anglicismo deslavado (do inglês saturnian). Mas se todo mundo fala em inicializar programas, em vez de iniciar, e em deletar arquivos, em vez de eliminar, não vejo porque atirar pedras nos pró-saturnianos.
Quando usar maiúsculas em termos astrológicos?
É admissível o uso de maiúsculas como elemento de valorização quando utilizamos termos utilizados em sua acepção técnica específica, diferente do uso comum. Neste caso, podem ser grafados com maiúsculas os nomes dos signos e planetas, estrelas fixas, partes arábicas etc. Mas é um uso optativo. Novamente, o importante é não misturar os usos, escrevendo que Saturno rege Capricórnio e aquário e mercúrio rege gêmeos e Virgem.
Meio-Céu ou Meio do Céu?
Tanto faz!
Touro ou Tauro? Virgem ou Virgo? Escorpião ou Scorpio?
Pode-se utilizar o nome dos signos zodiacais em sua forma latina ou aportuguesada. O importante, mais uma vez, é que se guarde a coerência: num mesmo texto, ou todas as referências ao nome dos signos são em latim ou são em português. A exceção, no Brasil, é o uso das formas Áries, Câncer e Libra em vez de Carneiro, Caranguejo e Balança, como em Portugal. O que não faz sentido é misturar nomenclaturas, dizendo, por exemplo, que “Vênus está em Gemini e Mercúrio em Touro”. Ah, em tempo – nada justifica o vocábulo Escórpio: ou utilizamos Scorpio ou Escorpião!
A Órbita, o Orbe ou a Orbe?
Quando a expressão é utilizada para referir-se ao grau de aproximação admitido para um aspecto, o termo correto é órbita, que, em sentido figurado, contém a ideia de esfera de ação, área ou limite. Orbe, que é palavra masculina (o orbe), significa círculo, esfera ou roda. Uma Lua que está a quatro graus da conjunção com Marte não está numa esfera de quatro graus (orbe), mas sim numa faixa de atuação de Marte (órbita).
Parte da Fortuna ou Roda da Fortuna?
Parte da Fortuna (do latim Pars Fortunae) é uma das chamadas partes arábicas (originárias, por sua vez, dos lotes gregos), calculadas sempre a partir de somas e subtrações entre as longitudes de outros fatores do mapa. Roda da Fortuna é uma carta do tarô. Alguns astrólogos veem analogias entre a Parte da Fortuna (conceito astrológico) e a Roda da Fortuna (conceito do tarô). Não chega a ser um erro, mas o mais adequado é utilizar a expressão Parte, e não Roda.