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A HORA DA ASTROLOGIA BRASILEIRA

Yankee go home!

Equipe de Constelar

 

Dar livros no Natal nunca foi novidade. Mas presentear com livros de astrólogos nacionais é uma forma simpática e criativa de valorizar a Astrologia Brasileira e dar a alguém a oportunidade de conhecer todo um universo de informações.

Muita gente fica, nesta época do ano, em desespero por causa das inevitáveis compras de presentinhos de Natal. Mesmo que se deteste esta data e que se considere que o Natal perdeu todo o significado simbólico para transformar-se num mero evento comercial, não adianta: a tradição já está consolidada, e lá vamos nós para a correria das lojas.

Publicações e softwares são, tradicionalmente, um bom presente. Para amigos e parentes que se interessam por Astrologia, produtos ligados a este tema podem ser uma opção barata e bastante original. Mas, ao entrar nas livrarias, o que encontramos? Os indefectíveis livros de Stephen Arroyo, Liz Greene, Robert Hand (ótimos, diga-se de passagem)... e quase nada de Astrologia brasileira. Na área dos softwares, a mesma coisa: qualquer lojinha de informática poderá indicar um "ótimo" programa americano de cálculo, barato e capaz de produzir mapas bonitinhos, coloridos e já interpretados. Será mesmo? E a produção brasileira, onde se escondeu?

A praça é do povo como o céu é do astrólogo brasileiro, diria Castro Alves.

Na verdade ela está lá, mas nem sempre nas melhores vitrines. A lógica que comanda todo o esquema de compras e de organização de prateleiras de livrarias não é a da qualidade, mas a do mercado. O processo começa, aliás, nas editoras (com raras e honrosas exceções): é mais seguro investir na tradução de um livro que vendeu 50 mil exemplares nos Estados Unidos do que na primeira edição de um autor do interior do Rio Grande do Sul ou do Ceará cujo potencial de vendas nas grandes capitais do país é ainda uma incógnita. Por isso, muitos astrólogos nativos acabam adotando o caminho da edição independente, arcando com todos os custos de produção gráfica e com esquemas alternativos de distribuição. Esta, aliás, é a etapa mais delicada de toda a cadeia de elos entre o autor e o leitor: um livro mal distribuído acaba virando encalhe certo, além de depor contra o próprio autor, quando da tentativa de colocar no mercado o segundo livro: "Quem? João da Silva? Aquele que publicou o livro tal e não vendeu nada? Não quero saber."

Assim, o astrólogo cai numa armadilha semelhante a que aprisiona os cineastas brasileiros num esquema vicioso: quantas semanas Central do Brasil ficou em cartaz quando de sua estréia? Na verdade, o sucesso do filme só veio com a indicação para o Oscar. Foi preciso que a Academia de Hollywood descobrisse que o filme era ótimo para despertar a curiosidade geral.

Voltando à distribuição do livro brasileiro de Astrologia: numa pesquisa informal em grandes livrarias do Rio de Janeiro e de Curitiba, constatamos que menos de 5% dos títulos à venda eram de autores nacionais. Os vendedores, na maioria, não conheciam os autores brasileiros e não sabiam indicar nenhum. Algumas obras estavam nas seções erradas, como No Céu da Pátria Neste Instante, de Barbara Abramo, que algum funcionário distraído da livraria Sodiler resolveu colocar na prateleira de literatura infantil. E a única obra de Assuramaya que encontramos estava na seção de literatura árabe!

A distribuição é outro caso de polícia, inviabilizando a colocação no mercado de obras independentes ou de pequenas editoras. Um simples exemplo: uma rede distribuidora propôs recentemente a uma editora independente a distribuição de seus livros em mais de 200 pontos de venda da região Sul. Em troca, ficaria com apenas 65% do preço de capa. Os custos de frete estariam por conta da editoria e a distribuidora pagaria pelos volumes vendidos ocorreria com 60 dias de atraso. Aceitar tais condições obrigaria a editora, naturalmente, a elevar tanto o preço de capa que a venda se tornaria inviável.

Distribuidoras e livrarias ficam com a parte do leão, cabendo às editoras um percentual relativamente pequeno. As grandes editoras compensam tal quadro tentando investir em livros de tiragem mais elevada, que abaixam o custo unitário de cada volume. Como o mercado de Astrologia ainda é reduzido (falamos de obras especializadas para estudantes e astrólogos, não em livros de divulgação destinados ao público em geral), editar obras nesta área sempre é um risco. Soma-se ainda uma outra dificuldade: se bem que não haja estatísticas precisas, é provável que menos de 15% dos astrólogos profissionais do país viva exclusivamente de Astrologia. A imensa maioria tem outra atividade regular e trabalha com Astrologia apenas nas horas restantes. Fora das grandes capitais, por exemplo, os astrólogos em tempo integral podem ser contados nos dedos. Mesmo nos grandes centros, é preciso trabalhar muito para viver de Astrologia. Entre escrever um livro e dar uma palestra de divulgação do próprio trabalho ou atender o cliente que acabou de telefonar, o astrólogo acaba ficando com a alternativa mais prática, que dará resultados mais imediatos. Muitos bons astrólogos não se sentem incentivados a escrever. O problema não é falta de material, mas falta de tempo.

Um quadro desanimador? Nem tanto. Apesar dos percalços, a produção literária de astrólogos brasileiros tem sido significativa tanto em volume quanto em qualidade, especialmente a partir dos anos oitenta. Já podemos nos dar ao luxo de aprender Astrologia apenas com material didático nacional, freqüentar listas de discussão em português e ler publicações onde a presença de texto estrangeiros é diminuta ou mesmo nenhuma, como é o caso da própria Constelar. Mas é preciso que o público se mobilize em torno da Astrologia brasileira, de maneira a criar um mercado regular para o escoamento da produção que nasce abaixo da linha do equador. Como fazê-lo?

Seguem algumas sugestões simples e que podem ser bastante eficazes. Vamos a elas:

Sugestões para astrólogos profissionais e professores

Atalhos de Constelar 78 - dezembro/2004

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