Nove entre cada dez livros de Astrologia nas estantes das livrarias são de autores estrangeiros. Muito raramente pesquisadores nacionais conseguem encontrar espaço junto às grandes editoras. É o caso do astroterapeuta Jaime Camaño, autor, em 1998, do livro Astrologia Comportamental e as essências florais de Minas.
Jaime Camaño, que desde 1993 ministra cursos em Curitiba (Instituto Solaris e Sociedade Teosófica), é paulista, filho de imigrantes espanhóis. Começou a vida profissional como publicitário, nos anos setenta. Na virada dos anos oitenta, mandou para o espaço a vida de classe média paulistana e mudou-se para Recife. A parada seguinte foi em Brasília, onde desenvolveu uma carreira de terapeuta floral e participou ativamente da Sociedade Teosófica. A aproximação com a Astrologia foi lenta e gradativa: com o passar do tempo, desenvolveu um método de correlações entre conteúdos astrológicos e comportamentais mediante entrevistas em que, em vez de prestar o tradicional serviço de atendimento a clientes, preferia apenas ouvir, observar e tomar notas. Quando finalmente sentiu-se apto para iniciar um trabalho como astroterapeuta, já contava com um significativo volume de observações pessoais que serviram para embasar e confirmar a utilidade do mapa natal como recurso de diagnóstico.
Jaime atua como astroterapeuta em tempo integral desde 1990. Do contato com o farmacêutico e pesquisador Breno Marques da Silva e sua esposa, a também pesquisadora Ednamara Vasconcelos e Marques, responsáveis pela sistematização dos florais de Minas, surgiu a parceria que resultaria no livro Astrologia Comportamental e as essências florais de Minas, lançado pela Ed. Pensamento em 1998, um manual de Astrologia Médica cuja abordagem baseia-se na análise e aplicação de arquétipos.
Astrologia e Florais: trechos do livro de Jaime Camaño
Da Introdução
A Astrologia médica tem por tradição a mesma simplicidade de cura que tanto Hahnemann como Bach fizeram questão de adotar na formalização de seus sistemas terapêuticos. Seguindo o princípio de que “os semelhantes curam-se pelos semelhantes” (similia similibus curantur), o astrólogo-terapeuta precisa conhecer uma coisa chamada arquétipo comum. Qual é aquela unidade básica subjacente a planetas, signos, indivíduos, plantas e demais elementos da natureza, que paira como pano de fundo por trás de cada um deles?
Os resultados desses estudos compõem basicamente a primeira parte do manual, que tem por objetivo servir de auxílio ao trabalho do astrólogo-terapeuta holístico, acostumado a ver o mapa individual e a vida como um todo. No que se refere a estes profissionais, é possível que pouco tenhamos a acrescentar, e nem precisamos preocupar-nos com maiores explicações. Ao estudante de Astrologia médica, algumas considerações de ordem prática se fazem necessárias:
- Primeira: As essências indicadas como úteis para signos, planetas e elementos da Astrologia não devem ser consideradas como se fossem patrimônio exclusivo de cada um desses signos, planetas e elementos. Seria estreiteza da nossa parte pensarmos assim e, ao mesmo tempo, uma estratificação muito rígida da aplicação floral. A essência Impatiens, por exemplo, indicada como útil para o signo de Áries e para o planeta Marte, pode tranquilamente servir de auxílio emergencial para a impaciência, a intolerância ou mesmo a agressividade de muitos uranianos e plutonianos.
- Segunda: A fim de que possamos distinguir quando estamos atuando de forma holística ou emergencial, gostaria de lembrar e deixar claro, voltando ao exemplo acima, que, embora na aparência externa das atitudes comportamentais, uranianos e plutonianos possam confundir-se com marcianos e arianos, internamente existem diferenças arquetípicas muito bem definidas. Do ponto de vista das correspondências astrológicas, o mais acertado seria respeitar os seus respectivos símiles florais. É possível que os florais Thumbergia, Vervano ou Psidium estejam mais próximos da problemática interna de um plutoniano, enquanto Vernonia, uma essência útil para as diversas formas de rebeldia social, viria a calhar a muitos uranianos que, na aparência externa, apenas conseguem transmitir impaciência, agressividade e intolerância para com todos à sua volta.
- Terceira: Não são poucos os estudantes e astroterapeutas principiantes que se deixam seduzir por receitas prontas de prescrição floral, como por exemplo: escolher um floral para o signo de Satumo, outro para o da Lua, outro para o Ascendente, e assim por diante. Nossa opinião é que métodos mecanicistas matam a inteligência e a sensibilidade, preciosos instrumentos de trabalho, sem os quais jamais saberemos distinguir uma pessoa da outra ou o que vieram procurar.
A segunda parte do livro trata essencialmente dos aspectos planetários harmônicos, das conjunções e dos aspectos desarmônicos. Nessa seção passamos a contar com a participação especial de Breno da Silva e Ednamara Marques, fornecendo-nos valiosas indicações florais para o repertório das dificuldades psicocomportamentais e para os problemas de ordem física. As sugestões florais são indicadas, sem dúvida, a partir de um quadro de sintomas, mas temos a certeza de que o terapeuta experiente saberá observar e cruzar as informações mais importantes que tendem a repetir-se no mapa natal e, com isso, obter uma interessante fórmula floral que atenda à tônica central do indivíduo ou à problemática existencial em que possa estar envolvido.
Por último, é bom que se diga que todas as informações sobre os florais de Minas foram extraídas de obras publicadas destes jovens pesquisadores, o que também ocorre com as informações que constituem a Parte III, intitulada “O Sistema Floral de Minas”. Essa seção é praticamente um dicionário do Sistema Floral de Minas acompanhado de sucintas observações do ponto de vista astrológico. A intenção é que possam servir de apoio ao terapeuta, como forma de consulta rápida ou mesmo como uma primeira apresentação deste maravilhoso sistema floral.
Do capítulo sobre os florais associados a Leão
Helianthus. Para pessoas que querem ser o centro das atenções. Egocentrismo. Exagerada extroversão e loquacidade. Não prestam atenção à opinião alheia. Egos agigantados. Narcisismo. Egoísmo manifestado por introversão ou extroversão.
O nome Helianthus vem das palavras gregas hélio e anthos e quer dizer flor do sol. Helianthus é uma essência obtida da flor do girassol e, segundo nos dizem Breno e Ednamara: “O girassol é essencialmente um remédio floral dos mais úteis para a cabeça e o coração do homem. O amarelo solar do girassol sugere um avançar infinito, representando a qualidade maior do espírito humano à procura de sua evolução cósmica, pelo caminho da suprema honra e privilégio de ter uma mente.”
Útil para planetas no signo de Leão. Basta haver um único planeta nesse signo e lá encontraremos um aspecto da natureza do indivíduo notoriamente autocentrado e que deseja, de uma ou de outra forma, chamar a atenção dos outros para si. Nem mesmo Netuno, que tudo dissolve, pode resolver a questão, já que o ego se internaliza, mantendo um silêncio exterior, apenas aparente. Internamente, o monólogo assenhoreia-se da mente, geralmente com pensamentos de grandeza e auto-importância.
Quer se trate de introvertidos ou extrovertidos, este floral é de grande ajuda para qualquer forma de egocentrismo. Útil para indivíduos da geração de Plutão em Leão, que não ouvem ninguém e disputam acirradamente cada milímetro de espaço psicológico que possam obter para si.
A personalidade Helianthus precisa apreender o verdadeiro significado do silêncio interior e do controle da palavra, sem os quais a própria voz divina não se faz presente no ser. A essência auxilia a Alma a controlar sua própria autoexpressão e desperta para a verdadeira empatia nos relacionamentos.
Do capítulo sobre os florais associados a Escorpião
Hibiscus. Dificuldades de fusão psíquica com o parceiro. Relacionamentos repletos de rusgas, dissabores, desentendimentos, intolerância e repreensões. Falta de motivação sexual. Impotência. Frigidez.
Particularmente útil quando Saturno estiver no signo de Escorpião ou na Casa 8, onde pode apresentar indivíduos com sérias dificuldades de se entregarem ao parceiro, tanto física como psiquicamente. Exotericamente, o sexo é conhecido como a “pequena morte do ego”, quando a união de dois seres que se amam produz, temporariamente, uma fusão mística transcendente, transformando a dualidade em unidade. Saturno (superego) por natureza não gosta de ser dominado, nem de perder o controle, seja das situações, seja das pessoas. Sendo assim, como poderia estar à vontade nesse signo, cujas águas profundas o arrastam a um “abismo” tão perigoso e incerto?
Além do medo do desconhecido, a pergunta que Saturno costuma fazer-se é: “Será que, ao perder a consciência nessa entrega, o outro, aproveitando-se dessa minha ‘fraqueza’, não passaria a querer ter ascensão sobre a minha pessoa?” Como não dá o braço a torcer e não deseja pôr em risco o seu cargo de autoridade máxima na relação, prefere manter a guarda levantada, perdendo, com o tempo, qualquer interesse de ordem sexual. Quanto à questão de estar sempre no controle das situações, seja por orgulho, seja por medo do desconhecido, gostaríamos de acrescentar que, embora pareça ser uma problemática de polaridade masculina, há muito mais mulheres nesta situação do que se imagina. Nossa recomendação para este tipo de problemática é que se faça uso de Hibiscus, sempre acompanhado de Thumbergia: os resultados aparecem em pouco tempo. “A essência ajuda a pessoa a suplantar o conflito e a usufruir do enorme potencial criativo latente nas polaridades em harmonia.”
Referência: CAMAÑO, Jaime S. Y.; SILVA, Breno Marques; MARQUES, Ednamara B. Vasconcelos. Astrologia Comportamental e as essências florais de Minas – Manual Prático de Astrologia Médica. Pensamento, São Paulo, 1998. 260 páginas.