A constelação de Peixes é representada no céu por dois peixes cujos rabos estão unidos por fios. A junção destes fios que os prendem é representado pela estrela chamada Alrisha (α Piscis), que quer dizer “a corda”.
Os mitos relacionados à constelação de Peixes são um tanto difusos, assim como um dos significados do regente do signo, Netuno. Podemos encontrar referências a alguns mitos diferentes e não a apenas um em específico, mas todos acabam falando de certo modo de um mergulho em águas desconhecidas.
Um dos personagens que aparece em vários desses mitos é Tifão ou Tífon. Segundo a Teogonia de Hesíodo, Tifão foi gerado por Geia (a Terra) e Tártaro (as profundezas) após a derrota dos Titãs por Zeus e seus irmãos, na guerra que ficou conhecida como Titanomaquia. Geia, que ficou irritada por Zeus, após sua vitória, ter lançado os Titãs no Tártaro (afinal era mãe de todos eles e também “avó” dos deuses vencedores), gerou Tifão, um ser horrendo e esfumaçado, metade homem metade serpente, mais alto que as montanhas (sua cabeça tocava as estrelas), cujas mãos tocavam o Ocidente e o Oriente quando os braços estavam abertos, que tinha cem serpentes com línguas de fogo saindo de cada ombro e que soltava fogo pelos olhos. Aterrorizante, não?
Um dos mitos conta que Afrodite e seu filho Eros, ao avistarem Tifão que se aproximava, fugiram desesperados e atiraram-se ao mar para que ele não os pudesse seguir. Entrando no reino de Poseidon (Netuno), este lhes envia dois peixes presos por um fio de ouro, que os levam para as profundezas do oceano. Como recompensa os peixes foram levados para o céu por ordem de Zeus e assim nasce a constelação de Peixes.
Outra variação deste mito conta que Afrodite e Eros fugiram para o mar e se ataram entre si por um fio de ouro, para que não se perdessem um do outro na confusão que estava acontecendo devido à chegada de Tifão. Nesta versão, eles mesmos viram peixes e a constelação foi criada para homenageá-los.
O mito fala sobre o choque entre o humano e o divino, a dissolução da problemática humana (o medo) na dimensão do inconsciente (o fundo do mar). Ao mergulhar no mar e se tornarem peixes, Afrodite e Eros passam a seguir o cardume e se tornam parte de algo maior, que é o próprio mar. Um dos arquétipos do signo de Peixes fala desse sentido de pertencimento a algo maior, seja através da espiritualidade seja do altruísmo e da caridade. Este pertencimento faz com que nos tornemos parte de um senso de coletivo que muitas vezes nem conseguimos explicar, só sentir.
Esta fuga dos deuses para o mar também tem relação com as fugas mentais e da consciência que o signo também representa, pelo mundo dos sonhos e da idealização, ou pelo uso de álcool ou drogas. Essas fugas se fazem necessárias quando não conseguimos enfrentar a realidade e os nossos medos, assim como no mito, e nos levam a querer buscar nosso próprio fundo do mar em que não precisamos ter contato com nosso Tifão.
É importante entender que tudo isto pode atuar ao mesmo tempo, pois os significados dos signos são duais, assim como os dois peixes da constelação, que nadam em direções diferentes mas estão sempre juntos pelo cordão que os une.