O mito da constelação de Câncer tem uma íntima ligação com o mito dos Doze Trabalhos de Hércules. Anfitrião era marido de Alcmene, e teve que sair de sua companhia para vingar a morte dos irmãos da esposa que haviam sido mortos em combate. Zeus (de novo ele!) estava procurando uma bela mulher para ter seu filho, um herói que livraria os homens de tantos monstros que estavam assolando a humanidade naquele momento. Para isto, ele escolheu a mais bela habitante de Tebas, que era Alcmene, mas que era também muito fiel ao seu marido.
Sabendo da ausência de Anfitrião devido à viagem, Zeus assumiu a forma dele para passar uma longa noite com Alcmene e com ela gerar seu filho, Hércules.
Hera, esposa de Zeus e guardião dos matrimônios, da família e do lar, ficou mais uma vez irada com as peripécias de seu marido e morria de ciúmes dos filhos do deus. No entanto, Zeus precisava dar a imortalidade a seu filho, e isso só poderia ocorrer se Hércules tomasse o leite de Hera. Ele então bolou um plano e pediu a Hermes que levasse o bebê até os seios de Hera enquanto ela estivesse dormindo. O habilidoso deus da astúcia realizou tal façanha, e com isso Hércules se tornou imortal.
Hércules cresceu forte e enorme, e teve aulas das mais diversas disciplinas com vários mestres, entre eles Quíron, o centauro. Ao ficar mais velho, recebeu do rei Creonte a mão de sua filha Mégara em casamento, e com ela teve seus filhos.
A vingança de Hera
Hera, que guardava todas as mágoas sobre a traição de Zeus com Alcmene e também sobre o plano para tornar Hércules imortal, quis se vingar do herói através de seus filhos. Lançou sobre ele um terrível acesso de loucura, raiva e furor que o deixou cego de ira, e com isso ele acabou matando seus próprios filhos. Após voltar a si, ele deixou sua esposa e foi consultar-se com o Oráculo de Delfos para saber como poderia redimir-se, e o oráculo então disse que ele teria que se submeter a seu primo Euristeu, rei de Argos.
Em um dos doze trabalhos ordenados por Euristeu, Hércules foi designado para matar a Hidra, um monstro enorme e descomunal com um corpo de serpente e sete (ou nove) cabeças, que assolava os pântanos de Lerna. Seu hálito horrendo destruía tudo, desde homens a rebanhos e plantações.
Hércules se pôs a enfrentar a Hidra, agarrando-a com todas as suas forças e segurando sua respiração para não inalar o hálito mortal do monstro. Com uma clava ele esmagava cada cabeça, mas, ao fazê-lo, duas nasciam no lugar, pois a Hidra possuía uma cabeça imortal e as outras se multiplicavam quando eliminadas.
Neste momento, para atrapalhar ainda mais a luta, Hera enviou do pântano um caranguejo gigante para morder o pé do herói. Este agarrou o calcanhar de Hércules com suas pinças e nada conseguia arrancá-lo dali. Furiosamente, Hércules esmagou a carapaça do animal com o calcanhar e conseguiu se desvencilhar das pinças que o prendiam.
Logo depois, pediu a seu sobrinho Iolau, que o acompanhava, para incendiar a floresta ao lado e lhe trazer as tochas geradas pelo incêndio. Hércules então as utilizou para cauterizar as feridas geradas pela extração das cabeças, fazendo com que elas não pudessem mais se multiplicar e com isto conseguiu finalmente derrotar a Hidra de Lerna.
Após o ocorrido, Hera reconheceu o esforço do caranguejo que enviou, elevando-o aos céus e criando a constelação de Câncer.
Neste mito podemos observar algumas das características do signo de Câncer. Através da deusa Hera temos a própria relação com a família, um dos temas deste signo, e a ótima memória (principalmente emocional) mostrada pela deusa ao nunca esquecer a traição de Zeus.
As pinças do caranguejo que não deixavam Hércules derrotar a Hidra podem também ser vistas como um excesso de proteção canceriano, que fazem com que o nativo não deixe seus filhos caminharem por conta própria (agarrando o calcanhar). Podem indicar também que ele mesmo não se desenvolva, por depender desse excesso de proteção de sua família de origem.