Como amante da música e do rock, não podia deixar de tecer alguns comentários sobre a carta astrológica do compositor, vocalista e um dos líderes mais importantes do movimento grunge, Chris Cornell. Demorei em tecer alguns comentários e acabou saindo um artigo.
Infelizmente parece que o suplício da geração grunge não terminou com as mortes de Kurt Cobain e Layne Staley. Pena que só a arte não pôde mantê-los por aqui.
Parafraseando Jean Barrault: “A música é o primeiro soro que o homem inventou para se proteger da doença da angústia.”
Chris Cornell, vocalista de grupos como Temple Of The Dog, Soundgarden e Audioslave, além de ter uma proeminente carreira solo, aos 52 anos tirou a própria vida.
The sky looks dead
Call my name
Through the dream
And I’ll hear you
Scream again
Fundou o Soundgarden, uma das quatro bandas símbolos do movimento grunge, ao lado do Nirvana, Alice in Chains e Pearl Jam, quando sintetizadores tomavam espaço e essas bandas criavam uma identidade nova bebendo na fonte do punk rock. O Soundgarden de Cornell iria caminhar na direção do heavy metal e do hard rock. Sucessos como Spoonman e Black Hole Sun representam bem essa fase.
E poderá a astrologia dar uma resposta do porquê do triste fim de Chris Cornell?
Eu diria que quando se trata de dar uma resposta a essa questão posso me arvorar em ajuizar o que não me compete perante o fato, porém pelo mapa podemos verificar as tendências sim, mas o homem é artífice do seu próprio destino…
Cornell tinha o Sol em Câncer, Ascendente em Libra (obtido via retificação) e Lua em Sagitário.
Portanto, a Lua, Vênus e Júpiter devem ser investigados no mapa, e mais ainda a Lua, por ser o almuten. A Lua, por exemplo, está em Sagitário e tem tensão pra tudo que é lado (quadraturas e oposição) e ainda como dispositor Júpiter na casa oito e por isso já sinaliza para possíveis crises existenciais.
Mas, antes de falar de morte, vamos ao talento…
Pelo Ascendente em Libra Vênus tem sua grande importância; e forma conjunção com Marte em Gêmeos, portanto Mercúrio é importante também; este está em Leão, signo associado ao brilho nos palcos; Mercúrio forma trígono com Lua em Sagitário, cujo dispositor é Júpiter, que tudo amplifica, como a voz de Chris Cornell. E, por falar nisso, Vênus dispõe de Júpiter em Touro (garganta, cordas vocais), que está em quadratura com Mercúrio em Leão. Portanto, presença vocal. Cornell tinha uma voz com um registro amplo, que abrangia quase quatro oitavas, do barítono ao tenor, que podem ser ouvidas em uma das canções mais conhecidas do Soundgarden, Black Hole Sun. Alice Cooper dizia que ele era chamado em seu círculo de “a Voz”.
E quanto ao triste desfecho?
I caught the moon today
Pick it up
And throw it away all right
Sim, a Lua.. a dona do mapa…
Lua em quadratura com Plutão, praticamente na casa doze (inferno emocional), em quadratura com Quíron (ferida que não cura), oposição a Vênus (regente das casas um e oito, vida e morte). Lua que dispõe do Sol, que está sem qualquer aspecto astrológico, não obstante angular, como que vagando nas sombras das tristezas e lembranças (Sol em Câncer)…
Black hole sun
Won’t you come?
And wash away the rain
Mas sabemos que nada disso pode determinar a morte, como qualquer outro aspecto e posicionamento astrológico não pode determinar seja lá o que for em nossas vidas; somos nós os responsáveis, não os astros. É claro que no mapa dele vemos os indícios de dificuldades em poder lidar com as turbulências emocionais e afetivas e a possibilidade de se autopunir. E isso basta. Cornell lutou por toda a vida contra a depressão e o abuso de drogas, e consta que certa feita chegou telefonar para uma revista musical da cabine telefônica de uma clínica de desintoxicação para avisar que ia cancelar uma turnê.
E quanto ao momento astrológico que ele atravessava? Vamos de antigas técnicas preditivas.
Começando pelas Firdarias, técnica de previsão onde, num sistema de períodos planetários, destacam-se dois astros regentes, ou melhor, há um planeta que rege um longo período, chamado de regente, e outro que rege um período menor, por isso pode ser considerado sub-regente.
Chris Cornell estava na Firdaria Júpiter/Marte desde abril deste ano. Júpiter, como regente principal da Firdaria, seria um alerta por ocupar a oitava casa, mesmo considerado um benéfico. Mas, lembrando Morin:
A posição física constitui de toda as determinações a mais potente; e depois vem a dominação e os aspectos. (Morin de Villefranche -Astrologia Gallica, Livro 21)
Marte, sub-regente da Firdaria, aparece confinado na casa seis (afeta o corpo), em Escorpião, interceptado na Revolução Solar atual. No mapa natal está conjunto a Vênus, dona da casa um natal e da casa seis da Revolução Solar.
Pela Profecção, outra técnica preditiva antiga, era a vez de a casa cinco natal (Aquário) se tornar a casa um do período, e por isso passou a ativar Saturno, que por signos inteiros ocupa a seis (maléfica) e está em Peixes (depressão, ansiedade) e que, por ocupar o sexto signo a partir do Ascendente, afeta o corpo…
E ainda nesta ordem, ou seja, tomando a casa cinco natal como a casa um da Profecção anual, a oito natal se torna casa quatro (fim das coisas), onde está Júpiter, o dono atual da Firdaria, dispositor da Lua, o almuten…
Pelos Trânsitos atuais, chama a atenção a dura oposição Marte-Saturno sobre Lua e a conjunção Marte-Vênus natal. E ainda a quadratura Netuno-Lua natal, para completar o quadro astrológico de um período de grande desafio para se manter equilibrado, além de ser um convite à fuga deste mundo. Enfim, e foi isso… Chris Cornell optou pela fuga…
So hover in the diving light
We will rip the night
Out of the arms of the sun one more time(Scar on The Sky)