Na tarde de sexta-feira, 11 de março de 2011, o Japão foi atingido por um terremoto de 8.9 graus na escala Richter, o mais violento já registrado na história do país. O tremor teve seu epicentro em região oceânica, a 24 quilômetros de profundidade e a 130 quilômetros a leste da cidade de Sendai (nordesde do país). A consequência do terremoto foi a formação de um tsunami com ondas de dez metros de altura que varreram toda a região de Sendai. A maioria das vítimas da catástrofe deveu-se à ação das ondas gigantes, e não diretamente ao abalo sísmico. O evento pode ser desdobrado em dois mapas distintos, sendo o das ondas gigantes o mais impressionante.
O grande abalo de magnitude 8.9 graus ocorreu precisamente às 14h56, hora do Japão (+09:00). Eis a carta calculada para Sendai:
O mapa do terremoto mostra uma concentração planetária na casa 8, significadora de morte e questões relacionadas à sobrevivência, de forma geral. Um dos planetas da 8 é o Sol, regente de Leão, signo presente no Ascendente da carta. O Sol está conjunto a Marte, um planeta associado a violência e calor: uma das consequências do terremoto foram incêndios em refinarias e usinas nucleares. Marte, como um dos regentes de Escorpião, rege a casa 4, do subsolo. Plutão, o outro regente de Escorpião e significador natural do subsolo (o reino do Hades), encontra-se envolvido em diversos aspectos tensos com Júpiter, Mercúrio e – por extensão – Urano.
De um ponto de vista mais amplo, o terremoto do Japão teve lugar num momento em que grandes abalos, sejam de natureza política ou geológica, eram possíveis em qualquer parte do mundo onde houvesse estruturas instáveis: Plutão entrava em órbita de quadratura com Urano (aspecto que se torna exato em diversos momentos entre 2012 e 2015), enquanto Júpiter avança para a oposição a Saturno. Urano, planeta de rompimentos e convulsões, é um significador natural de terremotos, enquanto Plutão tem a ver com as entranhas do planeta. Saturno, por sua vez, é um significador de estabilidade. Os aspectos mais tensos de seu ciclo com Júpiter sempre foram associados, na Astrologia Tradicional, a processos relevantes no plano coletivo, marcando momentos de mudança política, econômica ou social. O terremoto do Japão, assim como as revoltas populares contra as ditaduras do Norte da África, são duas facetas do mesmo momento de turbulência, com consequências bastante intensas no panorama geopolítico.
Entre o terremoto e o primeiro impacto das ondas gigantes houve um intervalo de uma hora e quatro minutos. Portanto, o mapa do tsunami, calculado também para Sendai, às 16h (+09:00), já apresenta Ascendente no início de Virgem.
A grande diferença entre o mapa do terremoto e o do tsunami é a mudança de Ascendente, que passa de Leão para Virgem. O regente da carta agora é Mercúrio na casa 8 (a da luta pela sobrevivência), envolvido em aspectos difíceis com Urano e Plutão (processos destrutivos de natureza repentina, inesperada e aniquiladora). Contudo, o que mais se destaca na carta é a quadratura entre Lua e Netuno, que naquele momento estava exatamente sobre os eixos do Descendente e do Meio do Céu. Essa angularidade dá sentido dramático ao aspecto, simbolizando o drama da população da região (representada pela Lua) diante da magnitude das ondas oceânicas (Netuno). Adicionalmente, a estrela Algol, considerada a mais violenta do zodíaco, encontra-se no mesmo grau do Meio do Céu, caracterizando um mapa indicador de processos difíceis.
Por outro lado, a comparação entre o mapa do tsunami e o da fundação mítica do Japão, em 11 de fevereiro de 660 a.C., apresenta algumas analogias dignas de nota:
- Lua e Netuno estão em conjunção no mapa da fundação e em quadratura nos mapas do terremoto e tsunami;
- Sol está em conjunção com Plutão na fundação do Japão e ocupa a casa 8 do mapa do terremoto (duas configurações com conotação de Escorpião);
- Tanto o mapa da fundação quanto o do terremoto/tsunami apresentam contatos Vênus-Saturno. O histórico senso de disciplina do povo japonês mais uma vez aparece como antídoto ao caos. Esse aspecto, que diz respeito ao fator humano, é a grande diferença entre as catástrofes que atingiram a Indonésia, em 2004, e o Japão, em 2011.