Reavaliar as próprias previsões é um exercício importante para qualquer astrólogo. Na verdade, quase uma obrigação. Em 30 de novembro de 2019 realizamos no Rio de Janeiro a versão presencial do Presságios 2020, o evento anual de previsões de Constelar. Em 4 de dezembro lançamos os vídeos para os mais de duzentos participantes da versão online, que, na verdade é anterior, já que foi gravada em 27 de novembro de 2019.
No primeiro vídeo do evento, exploro a natureza singular da Tríplice Conjunção entre Júpiter, Saturno e Plutão, uma ocorrência astrológica rara que só se repetiu cinco vezes ao longo de toda a era cristã. Logo depois de cada vídeo estão as observações sobre o que vem acontecendo.
A Tríplice Conjunção – Parte 1
O que foi dito em novembro de 2019
Nas cinco ocorrências anteriores observaram-se grandes transformações geopolíticas decorrentes de choques militares entre potências ocidentais e orientais, sempre em torno da região do Mediterrâneo e sempre com enormes consequências de longo prazo (a decadência de Roma após 410 e a criação de um califado muçulmano na Espanha em 711 falam por si).
Em 2020, não há certeza de que haverá uma guerra, mas alguma forma de confronto entre potências de culturas diferentes, que pode se dar mais uma vez no campo militar mas também no campo político, econômico, social etc. A região do Mediterrâneo, que já abriga diversos conflitos de difícil solução, pode ser palco de acontecimentos importantes.
O que vem acontecendo
Efetivamente, há um confronto em andamento entre a maior potência ocidental – Estados Unidos – e a maior potência asiática – a China. O que está em jogo é a liderança econômica do planeta e também uma forte disputa em torno de tecnologias, que se tornou visível em diversos episódios: a competição desenfreada por equipamentos de proteção individual contra o coronavírus, a guerra de preços por respiradores artificiais e a corrida pelo desenvolvimento de uma vacina eficaz.
O clima é de guerra, mas o front se deslocou para as esferas da saúde (o combate ao vírus) e da informação (as fake news, que se tornaram uma praga mundial).
Um dado que chama a atenção é o trajeto do Coronavírus, que acabou reiterando de maneira inesperada as mesmas características das conjunções anteriores: o vírus teve origem na maior potência do mundo oriental (no momento, a China) e veio a atingir com maior força a maior potência do mundo ocidental (os Estados Unidos).
No caminho, o vírus disseminou-se pelas mesmas rotas comerciais utilizadas desde a Antiguidade e atingiu com maior intensidade os mesmíssimos países que foram cenário das invasões bárbaras, muçulmanas e das Cruzadas, em torno do Mediterrâneo.
Basta lembrar que Itália, Espanha, Reino Unido e França estiveram entre os países mais afetados do mundo – e todos fizeram parte do Império Romano e, mais tarde, alimentaram os exércitos da Segunda Cruzada!
A Tríplice Conjunção – Parte 2
O que foi dito em novembro de 2019
Este vídeo discute a dinâmica particular de cada um dos ciclos envolvidos na tríplice conjunção: Júpiter-Saturno, Júpiter-Plutão e Saturno-Plutão. Sobre o ingresso de Júpiter-Saturno no elemento Ar, destaquei a crescente importância do controle da informação, do uso intensivo de novas tecnologias e da educação como fator de desenvolvimento.
Sobre Júpiter-Plutão, ressaltei o poder da plutocracia, a concentração de riqueza e a tendência para que as elites econômicas se tornem ainda mais poderosas.
Saturno-Plutão, finalmente, coloca em questão conceitos como a exacerbação do nacionalismo, xenofobia, terrorismo, radicalização de conflitos. Países com minorias étnicas tendem a ficar em evidência sob este ciclo. Conflitos étnicos, guerras de extermínio e medo do aniquilamento também estarão em alta em todo o ano de 2020.
“O outro é um risco mortal e precisa ser destruído antes que me destrua” é uma frase que resume muitos dos significados de Saturno-Plutão.
O vídeo lembra também diversos filmes estreados em ativações Saturno-Plutão anteriores para lembrar que este ciclo está associado a uma espécie de paranoia coletiva, sempre num clima de forte radicalização.
O que vem acontecendo
Um dos efeitos colaterais da crise econômica trazida pela pandemia vem sendo o aumento dos lucros de empresas poderosas ou startups ligadas à alta tecnologia, enquanto os pequenos negócios locais afundam na crise.
A elite dos trabalhadores protege-se no home office, enquanto a mão de obra não especializada perde empregos ou enfrenta o risco diário da contaminação em transportes públicos com péssimas condições sanitárias. As estatísticas são claras: tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, a Covid faz a maioria de suas vítimas entre os negros e pobres.
A postura desabusada e beligerante de alguns países e de importantes lideranças políticas ao longo de 2020 ilustra a “ousadia e a tentação de experimentar o próprio poder”, associada ao aspecto Júpiter-Plutão.
Aproveitar a pandemia para “passar a boiada” das leis favoráveis à ocupação indiscriminada da Amazônia, como disse o ministro brasileiro do Meio Ambiente, envenenar inimigos políticos, como faz Putin na Rússia, e defender de público atos policiais racistas, como faz Trump, são todas faces da mesma moeda.
A explosão de conflitos étnicos nos Estados Unidos (o movimento Black Lives Matter) coloca a nu a intolerância racial. Discriminações de natureza étnica e social pioram as condições de vida de minorias em todo o mundo: índios e quilombolas no Brasil, refugiados muçulmanos na Europa, Uigures na China, negros e latinos nos Estados Unidos.
O clima de paranoia e os riscos de aniquilamento coletivo, reais ou imaginários, trazem de volta o obscurantismo medieval, com recusa do progresso e perseguição à ciência e a seus defensores. Em seis meses vimos um pouco de tudo: festas da Covid e agressões a profissionais da saúde no Brasil, passeatas contra medidas de isolamento social em todo o mundo e censura a informação científica e à divulgação de dados estatísticos em dezenas de países.
Por outro lado, nada melhor para ilustrar o clima Saturno-Plutão do que as ruas vazias do início da pandemia e, posteriormente, as máscaras, o isolamento social, as restrições ao sexo e ao lazer e o clima político na maior parte do mundo, marcado por fortíssima radicalização.
André diz
Ai Fernando libera pelo menos mais dois vídeos 🙂 esse outubro vai ser cascudo !