Muita gente estranhou quando, ao longo do evento Presságios, realizado por Constelar em novembro de 2010, anunciamos mais de uma vez que 2011 seria um ano de muita turbulência e multidões nas ruas. A previsão não era gratuita. Os trânsitos de 2011 – especialmente ao longo do primeiro semestre – recordam o pano de fundo astrológico de um dos períodos mais turbulentos da História, a chamada Primavera dos Povos, em 1848.
Em 1848, tal como em 2011, Urano estava em Áries e Netuno fazia a transição entre os últimos graus de Aquário e os primeiros de Peixes. Tal como em 2011, Urano entrava em órbita de formação de um aspecto tenso com Plutão: conjunção naquele momento, quadratura na década atual. Para completar, 1848 é um ano com forte ênfase em Peixes e Áries, chegando a concentrar, em alguns períodos, até sete planetas nestes dois signos. Exatamente o que ocorreu também no período março/abril de 2011.
A denominação Primavera dos Povos costuma ser aplicada a uma série de revoluções que eclodiram por toda a Europa no ano de 1848. Algumas dessas revoltas visavam a derrubada de regimes autocráticos, enquanto outras tinham motivação econômica ou nacionalista. De forma geral, pode ser considerado um grande e inédito movimento das classes médias contra regimes retrógrados, tirânicos e ainda apegados a um projeto de poder absoluto. Na turbulência daquele momento, surgem também, pela primeira vez na história, movimentos de massa de operários e camponeses rebelados contra a exploração capitalista. Durante meses a Europa foi varrida por greves gerais, choques violentos entre massas populares e forças armadas, atentados e um clima geral de incerteza. A sensação geral era de que o mundo se transformava rapidamente – sem que se pudesse prever em que direção.
Se bem que o cenário do século XXI seja diferente, as analogias são gritantes. Impossível ver as multidões no Cairo ou em Damasco e não pensar nas barricadas de Paris, na violência nas ruas da Alemanha ou no grito de desafio presente no Manifesto Comunista, lançado por Marx e Engels em 1848: “Trabalhadores do mundo, uni-vos…” Mas o que Peixes e Áries têm a ver com tanta turbulência?
Peixes é um signo vinculado à ideia de indiferenciação, assim como aos movimentos coletivos determinados pela emoção, que se espalham como ondas ou marés. Se bem que não se trate de um signo violento, sua natureza emocional (elemento Água) e mutável pode favorecer a turbulência, já que evidencia a temática da vitimização. Trânsitos significativos por esse signo podem contribuir para que as parcelas mais exploradas da sociedade se unam num movimento de massa e tentem confrontar a força tirânica que as mantém subjugadas.
Já o signo de Áries está associado, entre outros significados, à primavera, à infância e ao início de todas as coisas, de forma geral. Este signo também rege a cabeça, o fogo, os soldados (especialmente as tropas de assalto, rápidas e agressivas), as armas de fogo e as explosões. Cabe observar que Áries está ligado ao comportamento jovem, impulsivo, assertivo, direto e rápido, assim como a todas as manifestações de temperamento “pavio curto”.
De Peixes a Áries temos, portanto, a transição da mobilização emocional para a ação direta e rápida. Em Peixes temos a disposição do sacrifício em prol de grandes causas; em Áries, a coragem de enfrentar o inimigo de peito aberto.
Além das grandes revoltas da Primavera Árabe, os primeiros meses de 2011 testemunharam também uma série de eventos com relação direta com os signos e planetas em evidência no período:
Nunca se discutiu tanto sobre bullying e nunca a associação entre crianças e violência esteve tão presente no noticiário. Além da terrível chacina de Realengo, em 7 de abril de 2011, houve diversos registros de abandono de crianças recém-nascidas. Na internet, um vídeo onde um garoto gordinho reagia violentamente contra as provocações dos colegas virou um hit mundial. Tudo isso destaca os fatores ariano e pisciano: agressividade, crianças, vitimização.
A ideia do sacrifício por uma causa e do martírio (Peixes) mediante o enfrentamento do tirano “com a cara e a coragem” (Áries) estão presentes em situações diversas, como as revoltas no Iêmen, Síria e Líbia e no ato heroico dos engenheiros da usina nuclear de Fukushima, que não abandonaram o trabalho mesmo diante de níveis altíssimos de radiação.
A violência da natureza, ao se fazer presente na Região Serrana do Rio de Janeiro, no terremoto do Japão e nos tornados dos Estados Unidos, também colocou em evidência significados de Urano (acontecimentos surpreendentes e fulminantes) e do ingresso de Netuno em Peixes (a multiplicação dos desabrigados). Cabe lembrar que a presença desde 2008 de Plutão, planeta do aniquilamento, no signo oposto a Câncer, significador do lar e da segurança familiar, também tem parte importante no aumento constante do número mundial de desabrigados e refugiados ambientais.
A violência de guerras e atentados também tem assumido feição ariana, até mesmo na forma de matar: na chacina de Realengo, o assassino atingiu a maioria de suas vítimas na cabeça – área do corpo regida por Áries – o mesmo acontecendo no atentado praticado por um jovem radical contra uma deputada democrata no Colorado, em janeiro, e no assassinato de Osama Bin Laden por uma tropa de assalto americana, em 2 de maio de 2011.
Outros tópicos que destacam a energia ariana são o alarmante aumento – ao menos do Brasil – do número de incêndios (atingindo inclusive as fantasias de escolas de samba – Peixes!), explosões (até mesmo de bueiros – Plutão!) e acidentes de trânsito com vítimas fatais. Esta atmosfera incendiária teve seu auge no trânsito simultâneo de Júpiter, Urano e Marte em Áries, reduzindo-se no segundo semestre de 2011, após a entrada de Júpiter em Touro e a retrogradação de Netuno de volta a Aquário.
No clima de pavio curto que caracterizou o primeiro semestre de 2011, a pior decisão possível foi a que levou o presidente Obama a autorizar o assassinato de seu arquirrival Osama numa ação mal explicada e realizada à margem de qualquer negociação internacional. A morte de Osama com um tiro no rosto (Áries) e seu sepultamento no mar, num ato nebuloso e cercado de mistério (Peixes!), contribuiu para fazer do líder da Al-Qaeda exatamente o que o mundo menos deseja: o mártir netuniano dos fanáticos e radicais, mobilizando uma nova onda de ações suicidas contra alvos ocidentais mundo afora. Cumpre não esquecer que Osama Bin Laden, nascido em 10 de março de 1957, era pisciano e tinha uma quadratura Marte-Plutão. Um homem, portanto, cuja morte pode inspirar muitas outras mortes.