As três configurações que explicam a guerra
Texto de 9 de março de 2022:
O pano de fundo de 2022 continua sendo a tríplice conjunção de 2020, que reuniu Júpiter, Saturno e Plutão. O aspecto já se desfez, mas os desdobramentos continuam. Trata-se de configuração extremamente potente, em função de sua raridade.
Nas cinco únicas ocorrências desde o início da era cristã, corresponderam a acontecimentos extremos, transformadores e desencadeadores de processos de longa duração. Basta pensar no ano de 410, quando Roma é tomada pelos bárbaros pela primeira vez, ou no de 710, quando os mouros invadem a Península Ibérica e mudam para sempre a história da Europa.
A manifestação de 2020, além de associada à pandemia, refletiu-se também em crises políticas e econômicas que estão evidenciando a necessidade de repensar os organismos de cooperação internacional. A primeira instituição colocada em cheque foi a Organização Mundial da Saúde. Hoje, contudo, com a Guerra da Ucrânia, percebemos que o papel e os mecanismos de ação da própria ONU precisam ser reavaliados, assim como o de outras instâncias de cooperação ou defesa, como a Organização Mundial do Comércio e a OTAN.
Já a quadratura Saturno-Urano, exata em 2021 e ainda ativa até o final de 2022, indica exacerbação de tensões, radicalismo e intransigência nas negociações. É uma configuração que agudiza e dá maior dramaticidade à crise trazida na esteira da tríplice conjunção.
Há que recordar também a importância do chamado Índice Cíclico de Gouchon-Barbault, que mede o grau de proximidade ou afastamento dos cinco planetas mais lentos (de Júpiter a Plutão). Quanto mais agrupados, mais baixo é o índice, em correspondência com os períodos de grandes crises, epidemias, guerras e convulsões sociais.
O índice cíclico encontra-se, entre 2020 e 2023, em seu ponto mais baixo de todo o século XXI. Trata-se, portanto, de um momento extremamente delicado, e que se estenderá ainda por quase dois anos.
Comentário em 9 de maio de 2022:
O alcance temporal de um aspecto entre planetas geracionais tem relação direta com a extensão do ciclo e a raridade da ocorrência. A tripla conjunção de 2020 entre Júpiter, Saturno e Plutão, considerando uma aproximação de cinco graus entre os planetas, não ocorria há 874 anos.
Disso resulta que, mesmo que os três geracionais estejam hoje em signos diferentes, o aspecto de 2020 continuará a desdobrar seus efeitos ainda por alguns anos. É um ciclo muito vasto, e seus desdobramentos são lentos e nem sempre percebidos facilmente em toda sua extensão.
Quanto à quadratura Saturno-Urano, ficou exata pela última vez às vésperas do Natal de 2021. Contudo, ambos voltarão a se aproximar da quadratura perfeita, chegando ao aspecto mais exato em outubro – exatamente às vésperas das eleições brasileiras. O segundo semestre promete mais radicalização política no mundo do que o momento atual.
Sobre a conjunção Júpiter-Netuno
Texto de 9 de março de 2022:
Em abril de 2022 teremos a conjunção Júpiter-Netuno em Peixes. Até maio teremos uma janela de oportunidades para um cessar-fogo na Ucrânia e para uma atuação mais efetiva da diplomacia e dos organismos humanitários. Pode representar também o momento do definitivo declínio da Covid, já que este aspecto também guarda relação com os avanços da epidemiologia.
Há, portanto, uma chance pequena mas real para a paz na Europa, mas as negociações precisam ser iniciadas ainda no primeiro semestre, mediante um esforço de concessões envolvendo todas as partes interessadas. O tempo é curto e não pode ser desperdiçado, já que o segundo semestre traz novos aspectos de intransigência, que estarão no auge entre setembro e novembro.
Comentário em 9 de maio de 2022:
Na segunda quinzena de maio Júpiter já estará em Áries. A janela de oportunidades está se fechando sem que tenha havido qualquer progresso nas negociações de paz. Como a tendência astrológica aponta na direção de uma inflexibilidade crescente, a interrupção do conflito não virá por um acordo, mas sim pela derrota ou esgotamento de recursos de um dos contendores. Da pior forma possível, portanto.
Por outro lado, a crise do coronavírus vem dando mostras reais de arrefecimento, deixando aos poucos de ser uma pandemia para ser uma epidemia com surtos localizados.
A mudança de tendência no Índice Cíclico
Texto de 9 de março de 2022:
A segunda metade da década, a partir de 2025, traz perspectivas de apaziguamento e reconstrução da ordem internacional. Apenas aí é que as melhores possibilidades da tríplice conjunção de 2020 devem ser concretizadas. Até lá, os riscos continuam muito altos, especialmente até o final de 2023.
Comentário em 9 de maio de 2022:
Após um período de baixa significativa, o gráfico do Índice Cíclico apresenta um espetacular movimento de subida na segunda metade da década. Será um período de distensão e reconstrução, mas não imediato: infelizmente, ainda viveremos tempos muito difíceis nas áreas política, social, econômica e sanitária.
Netuno em Peixes e a câmera indiscreta dos celulares
Texto de 9 de março de 2022:
É importante ressaltar que a Astrologia Coletiva não trabalha com previsões fechadas, mas sim com prognósticos, elaborados a partir de analogias construídas com base no que aconteceu no passado, sob configurações semelhantes.
Ocorre que, na comparação com períodos críticos anteriores, como a Segunda Guerra Mundial ou o fim da União Soviética, temos agora um elemento novo e parcialmente imprevisível: trata-se do alcance e da instantaneidade das redes sociais, cuja força de mobilização vem-se manifestando intensamente na guerra da Ucrânia.
Desde o ingresso de Netuno em Peixes, em 2011, testemunhamos a crescente importância do compartilhamento de imagens para a difusão de movimentos sociais. Foram os casos do Occupy Wall Street, em 2011, e do Black Lives Matter, a partir de 2013. Contudo, é a primeira vez que as redes sociais desempenham um papel tão relevante numa guerra de grandes proporções.
A próxima conjunção Júpiter-Netuno em Peixes, em abril-maio, tanto fala da difusão de imagens além-fronteiras quanto da questão dos refugiados. Por um lado, o controle da internet e das redes sociais tende a ser um fator mais relevante do que o próprio controle de territórios, nos próximos dois meses. Mais do que a iniciativa deste ou daquele governo, são as câmeras dos celulares de cidadãos comuns que podem gerar a pressão para que os oponentes busquem alguma forma de entendimento.
Por outro lado, se a crise de refugiados chegar a um nível insuportável para o restante da Europa, a empatia atual com os ucranianos pode transformar-se em indiferença, como ocorreu em relação aos refugiados sírios há alguns anos.
Desde 1991, com a Guerra do Golfo, temos conflitos transmitidos em tempo real pela TV. Mas jamais tivemos, como agora, uma guerra em solo europeu onde todos – protagonistas e vítimas – podem interagir e difundir suas versões em escala mundial. Netuno-Júpiter simboliza exatamente esta nova realidade, em que as narrativas se sobrepõem aos acontecimentos, com resultados ainda imponderáveis.
Comentário em 9 de maio de 2022:
Das alternativas levantadas, esboça-se pouco a pouco a pior: a overdose de imagens da guerra, somada ao dilúvio de refugiados ucranianos que compromete a capacidade de acolhimento dos países vizinhos, já começa a gerar uma reação de indiferença da opinião pública.
Num primeiro momento, Júpiter-Netuno trabalharam em favor da empatia e da fraternidade; com o passar dos meses, começa a indiferença para com os corpos trucidados e os apelos dramáticos de Zelensky nos telões dos parlamentos do mundo. É Netuno revelando sua face de anestesia e indiferença.
Guilherme diz
Indiferença pra quem? Pro público? Esse não tem o poder de fazer nada, quem tem que fazer alguma coisa são os políticos, mas até agora não fizeram nada; estão ganhando muito dinheiro com a guerra na Ucrânia!