Introdução: a plutocracia americana
Plutão não é considerado planeta desde o congresso da União Astronômica Internacional realizado em 2006. Hoje Plutão está rebaixado à categoria de planeta anão juntamente com Ceres, Haumea, Makemake e Éris.
A sua existência milenar já fora observada inicialmente pelos sumerianos, há milhares de anos, com o nome de Garga. Somente no final do século XIX que os astrônomos julgaram que a órbita de Netuno sofria a influência de um astro desconhecido. Coube ao astrônomo americano Percival Lowell descobrir através do cálculo a órbita desse novo astro em 1905.
A geração que nasceu durante a formação da conjunção de Netuno-Plutão no signo de Touro foi decisiva para a humanidade. No século seguinte, inúmeras descobertas significativas nos mais variados campos da ciência dariam um novo impulso e direcionamento evolutivo para todos.
No aspecto psicológico, os aparecimentos de Freud (teoria dos sonhos e da libido) e Jung (teoria do inconsciente coletivo) foram decisivos para resgatar os reais valores psicológicos do homem, dando-lhe uma verdadeira dimensão do seu EU e das suas possibilidades e potencialidades, como nunca houve igual.
No entanto, não se pode esquecer o que o simbolismo profundo de Plutão representou para o mundo logo após a sua descoberta pelo astrônomo americano Clyde Thombaugh, em 1º de maio de 1930, através de chapas fotográficas.
O descobrimento coincidiu com o surgimento do nazismo através de Hitler, provocando a maior guerra em escala global que a humanidade ainda não tinha presenciado – a Segunda Guerra Mundial, com suas terríveis consequências:
- O extermínio em massa de milhões de inocentes nos campos de concentração.
- Mais de 30 milhões de pessoas mortas nos conflitos.
- A descoberta do elemento químico plutônio em 1940 nos Estados Unidos, que possibilitou a fabricação da bomba atômica. O plutônio teve o seu nome em homenagem ao planeta recém-descoberto Plutão.
- Durante a Segunda Guerra Mundial os americanos explodiram nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki duas bombas atômicas, matando até hoje mais de 200 mil pessoas.
Plutão ficou mais próximo da Terra do que Netuno durante 20 anos no século XX. Sua descoberta teve importante influência sobre a humanidade. Suas consequências foram:
- A construção de diversas centrais nucleares no mundo, gerando energia elétrica.
- Os Estados Unidos, entre as décadas de 40 a 80, explodiram mais de 1000 bombas nucleares (atômicas e hidrogênio), superando o que a Rússia, Inglaterra, França, China, Índia, Paquistão e Coreia explodiram até o momento.
- Além dos Estados Unidos serem campeões mundiais em explosões atômicas, possuem o maior número de armas de destruição em massa do mundo.
- Graças ao contato arquetípico que foi dado à humanidade ao entrar no reino de Plutão, na década de 50 dois mistérios que sempre acompanharam o homem há milhares de anos foram finalmente revelados: a existência de uma supercivilização avançada vivendo no interior da Terra e os Discos Voadores, meios de locomoção desse povo.
Esta revelação foi feita em palestras públicas no Rio de Janeiro pelo oficial da Marinha brasileira, Comandante Strauss, e publicada pela revista O Cruzeiro sob a orientação do eminente espiritualista e esoterista Profº Henrique José de Souza (1883-1963), fundador da Sociedade Brasileira de Eubiose. [*]
- A conjunção planetária Urano-Plutão no signo de Virgem na década de 60 coincidiu com o desenvolvimento dos chips, dando origem a uma nova tecnologia revolucionária, que promoveu o aparecimento em escala dos computadores, celulares, robótica, satélites, etc.
- O surgimento das multinacionais, empresas e bancos poderosos movimentando bilhões de dólares, proporcionou aos Estados Unidos um poder de decisão surpreendente em muitos países onde atuam. Hoje lideram mundialmente a tecnologia de ponta, reunindo em seus centros de pesquisas acadêmicas laboratórios sofisticadíssimos. Neles trabalha a maior concentração de gênios e ganhadores do Prêmio Nobel do mundo em várias áreas da ciência. Detentores do conhecimento científico moderno, a humanidade encontra-se em suas mãos.
- Um dos aspectos mais transcendentais e profundos do caráter plutônico dos Estados Unidos é a sua famosa base militar ultrassecreta conhecida por “Área 51”, situada no Novo México, para onde seriam enviadas naves alienígenas e ETs acidentados, com o objetivo de descobrirem e adaptarem suas tecnologias muito mais avançadas, para o nosso cotidiano. Assim, teríamos conseguido desenvolver algumas tecnologias como fibra ótica, circuitos integrados, nanotecnologia, aviões antirradar, colete à prova de bala, câmera fotográfica digital etc. Com a ajuda dos ETs, os EUA teriam se tornado praticamente oniscientes, onipotentes e onipresentes no planeta Terra. [**]
A sua moeda, o dólar, é o mais importante padrão monetário internacional. Logo, todos os principais acontecimentos já mencionados tiveram a assinatura de Plutão.
Concluindo, realmente o Big Brother (Estados Unidos) se tornou um país eminentemente plutônico, governado por plutocratas que gerenciam praticamente o destino do planeta Terra de Washington e Nova York. Considerando o mapa natal com o Ascendente Sagitário, tudo indica que entre os maçons que participaram na Declaração de Independência dos Estados Unidos havia alguns que conheciam Astrologia e Esoterismo. Para tanto elegeram o planeta Saturno na 10ª casa, em sua melhor posição!
Mas no momento solene do 4 de julho de 1776 existiam mais três planetas que mais tarde iriam ser descobertos e que haveriam de tornar os Estados Unidos mais poderosos e importantes do que puderam imaginar os idealizadores da América. Somente o planeta Saturno elevado e os demais conhecidos na época não seriam suficientes para realizarem o que foi feito até hoje.
Os planetas descobertos: Urano (1781) se posicionou na cúspide da 7ª Casa; Netuno (1846), na cúspide do Meio do Céu; e Plutão (1930), na 2ª casa. Eles realmente contribuíram para que os Estados Unidos se tornassem um país de plutocratas com um verdadeiro regime político oculto. A Plutocracia é muito bem representada pela sua 8ª Casa (que tem analogias com o 8º signo, Escorpião, regida por Marte e Plutão). Nela se encontram os planetas Sol, Mercúrio, Vênus e Júpiter.
Ascendente dos Estados Unidos em Sagitário
O mapa natal dos Estados Unidos é controvertido, isto é, existem vários. Mas qual deles é o verdadeiro?
O mapa natal mais divulgado foi popularizado primeiramente em 1939 por Evangeline Adams, uma eminente astróloga popular na época, que determinou o Ascendente em 8º de Gêmeos. No entanto, ainda faltam informações que contribuam para que esta conclusão seja verdadeira.
Segundo o livro de Nicholas Champion e Charles Narwe, Mundane Astrology – Aquarian Press (um dos melhores livros de Astrologia Mundial) considera-se o Ascendente dos Estados Unidos como sendo Sagitário. A fonte de informação que os autores utilizam é um maçom da época…
Hoje tanto na Europa quanto nos Estados Unidos é aceito o Ascendente situado no signo de Sagitário.
“Foi no final da tarde de 4 de julho de 1776 que o Congresso Continental assinou a Declaração de Independência dos E.U.A.” (Dal Lee no seu livro Dicionário de Astrologia – Ed. Arte Nova.)
Manly P. Hall, filósofo e maçom, excelente esoterista americano autor de inúmeras obras publicadas, escreveu no Boletim da A.F.A n° 3 de 1949, provando através de fatos e comparando determinados mapas astrológicos, que o Ascendente dos Estados Unidos é realmente Sagitário…
Para Dane Rudhyar, o “momento” para determinação da hora adotado foi quando o primeiro membro da reunião assinou a ata da Declaração de Independência dos Estados Unidos, conforme consta no Boletim da Sociedade Histórica de Filadélfia. O Ascendente encontrado para este momento também foi Sagitário.
Liz Greene comenta em seu site que a hora de 02:13, inicialmente adotada, com o Ascendente Gêmeos, não tem suporte histórico. Ela adota o Ascendente a 8° do signo de Sagitário.
No Brasil, quem primeiro adotou o Ascendente em Sagitário foi Danton de Souza em seu livro Predições Astrológicas, não citando a fonte em que se baseou.
Participei de um grupo de Astrologia Mundial por vários anos, liderado pelo eminente astrólogo Valter Vieira Barreira, que morou e trabalhou nos Estados Unidos, e pela ex-professora da USP, psicóloga social e junguiana, Anna Matilde Pacheco Chaves. Ambos adotavam o Ascendente dos Estados Unidos inquestionavelmente situado no signo de Sagitário.
Conforme tese que venho apresentando e defendendo há anos, os signos mutáveis: Gêmeos-Virgem-Sagitário ou Peixes com o Ascendente ou Sol neles, têm o poder de gerar no mínimo dois ou mais mapas, produzindo com isso inúmeras controvérsias. Na qualidade de pesquisador do universo astrológico e autor de diversas monografias sobre este assunto, desenvolvi uma coletânea de citações, textos de jornais, revistas e fatos da realidade americana que foram colhidas ao longo do tempo, com o objetivo de mostrar como os Estados Unidos respondem ao arquétipo de Júpiter e de Sagitário de maneira muito intensa e evidente. Uma concentração planetária na 8º casa em Câncer e em sextil com Netuno no Meio do Céu também ajudou a transformar este imenso país no grande líder mundial dos últimos 50 anos.
Não parece que a hora escolhida possa ter sido 02h13, conforme já foi sugerido, pois não se elege um mapa de nação que iria se destacar mundialmente nos próximos séculos com o Sol e principalmente Saturno abaixo do horizonte.
Excluindo Plutão e Lua, todos os demais planetas para este horário estão abaixo da linha do horizonte. Este fato jamais daria aos Estados Unidos o imenso valor de se projetarem no mundo. Logo, a hora ideal deve ser 16h50. Para maior compreensão, vejamos os dois mapas.
Cinco grupos de citações confirmam o Ascendente em Sagitário:
1 – O Ascendente Sagitário e Júpiter
- A estrela vermelha Antares, “o rival de Ares”, deus da guerra dos romanos, representa o coração da constelação de Escorpião, em conjunção com o Ascendente Sagitário. Ela confere: “Violência, ambição do poder, autodestruição por causa de obstinação, atividade e êxito pela energia. Riquezas advindas de guerras, calamidades, tendências liberais, coragem, etc.” Segundo Ptolomeu, sua natureza é de Marte e Júpiter! Para os árabes, grandes conhecedores e divulgadores da astrologia, Antares é tida como a mais nefasta e perigosa entre as estrelas, superando até mesmo Algol.
- Um dos símbolos mais interessantes dos Estados Unidos são os cavalos livres e soltos no campo, dos lendários filmes de faroeste produzidos por Hollywood, na década de 60/70. O símbolo do Sagitário reflete muito bem o mito: metade homem, metade cavalo.
Os textos abaixo ilustram muito bem o Ascendente Sagitário:
Os Cavaleiros do Faroeste – Figura universal, o cowboy é o herói de uma epopéia que se fez e se desfez ante nossos olhos nas telas do cinema. O justiceiro dos tempos modernos deixou de existir? (Revista Correio – UNESCO / ONU. Nov. 89)
“Assim que os americanos se engajam numa guerra, eles a transformam numa “cruzada” Max Lerner – jornal O Estado de São Paulo de 03/03/1991
Exemplos de cruzadas ou guerras em que os Estados Unidos chamaram os seus aliados para combater juntos: II Guerra Mundial, Coréia, Vietnã, Iraque, Afeganistão, etc.
Ascendente Sagitário com Júpiter numa casa marciana (8ª).
O texto abaixo do historiador francês Alexis de Tocqueville retrata muito bem o quanto este país é regido pelo simbolismo sagitariano e jupiteriano.
A REVOLUÇÃO AMERICANA
Um fator importante do espírito fundador dos Estados Unidos foi a atitude de muitos dos pioneiros que vieram pelas costas de Massachusetts, Nova York e Maryland. Eles não vieram à América buscando a prosperidade econômica, mas no intuito de praticarem sua fé em liberdade. Cruzaram o Atlântico no Mayflower, arriscando suas vidas para poderem praticar suas crenças religiosas e seus ideais. Muitos morreram durante seu primeiro inverno. Para eles, nada era mais precioso do que adorar a Deus da maneira que desejassem. Depois de sua primeira refeição, se reuniram em oração de gratidão por Deus tê-los protegidos. Alguns dos primeiros pioneiros viam a América como a Nova Israel, uma nação de desígnio providencial.
Quando estudamos os documentos que cercaram a Revolução Americana, encontramos constantes referências à Divina Providência e à crença em que, sem a ajuda do Todo-Poderoso, a revolução não poderia alcançar sua meta. No primeiro artigo da Declaração dos Direitos da Constituição dos Estados Unidos se lê: “O Congresso não fará nenhuma lei em relação ao estabelecimento de religião, ou proibindo o livre exercício da mesma”. Em seu primeiro discurso inaugural, George Washington dedicou um terço de sua mensagem para expressar a necessidade de a América confiar em Deus, já que estava dando seus primeiros passos como nação. Quando ele chegou à Presidência, recebeu o amplo apoio das pessoas de todas as denominações. Católicos, judeus, metodistas e episcopalistas juraram em suas orações o apoio à presidência e dirigiram um chamado a Deus para que guiasse a nova nação.
Essa tradição, com Deus no centro, continuou na América nos séculos XIX e XX. A oração abria cada sessão do Congresso dos Estados Unidos. Por todo o país, milhões de estudantes começavam seu dia com oração. Durante a guerra civil, quando a América confrontou seu próprio pecado, o Presidente Abraão Lincoln chamou o povo americano a se unir com ele em um dia nacional de arrependimento, com oração e jejum. Nos momentos mais críticos de sua história, o povo americano não esqueceu Deus. Como observou o historiador francês Alexis de Tocqueville, após visitar os Estados Unidos, a grandeza da América não está em suas fábricas ou seus portos, mas em suas igrejas, cujos púlpitos encontraram “inflamados de justiça”.
Tocqueville concluiu que “A América é grande porque é boa, e quando a América deixar de ser boa, haverá deixado de ser grande”. (Revista Espaço Aberto: 1984)
- “63% nos EUA não elegeriam presidente ateu e a maioria dos norte-americanos acha que se deve rezar nas escolas públicas”, diz pesquisa, publicado pelo Jornal Folha de São Paulo, 3/12/91.
- O famoso Dia de Ação de Graças é comemorado numa Quinta-Feira, dia de Júpiter.
- “Deus é Americano…”. Famosa citação do povo americano refletindo seu caráter profundamente religioso, confirmando o Ascendente Sagitário.
- Qualquer que seja o colorido de uma determinada religião, ela é bem acolhida pela sociedade americana.
- O presidente americano ao tomar posse presta juramento com uma das mãos apoiada sobre a Bíblia! Esta tradição americana revela sua religiosidade juntamente com Júpiter, regente do Ascendente Sagitário, conjunto com o Sol na oitava casa.
- “Corte Suprema mantém Deus no juramento à bandeira. Esta referência surgiu de Emenda constitucional em 1954, no auge da guerra fria.” – Jornal O Estado de São Paulo – 15 de Junho de 2004.
- “E.U.A. Pátria de profetas” – Revista IstoÉ – 8 de maio de 1996.
- “Republicano promete volta da reza diária em escolas dos EUA.” – 15 de novembro de 1994.
- “E.U.A. Terra de Deus” – Senador Buchanan – Revista Veja. 29 de junho de 2004.
- A nota de um dólar americana possui escrito em latim os dizeres: “Em Deus nós confiamos”. Nela está impresso “o olho que tudo vê” em cima da pirâmide ,significando: “A meta (do governo) deve ser sempre a vontade de Deus”.
Estes exemplos são significativos, representando Júpiter como Deus, regente do Ascendente Sagitário.
- Os Estados Unidos são o maior país de religião protestante do mundo e possuem o maior número de seitas religiosas do mundo.
- A maior biblioteca do mundo pertence ao Congresso americano, com 145 milhões de volumes (agosto de 2010 – Globonews).
- A tradição universitária é muito forte e de grande importância na sociedade americana, país que possui o maior número de instituições.
- É marca registrada dos Estados Unidos sua hipocrisia nos diversos momentos em que é preciso tomar uma decisão relacionada aos direitos humanos e às principais questões mundiais. Exemplos: até hoje os americanos não assinaram o tratado de Kyoto contra a eliminação de poluentes na atmosfera. Outro fato semelhante foi observado na ECO-92, realizada no Rio de Janeiro, quando se mostraram irredutíveis com vários organismos internacionais para seus direitos industriais e comerciais não contrariados, etc.
Recentemente, invadiram o Iraque desrespeitando totalmente os relatórios da ONU de que Sadam Hussein não possuía armas de destruição em massa. Os exemplos são infindáveis. O Ascendente em Sagitário, com seu lado contraditório e sombrio, confere aos Estados Unidos o título de rei da hipocrisia e da mentira.
- Os Estados Unidos são os maiores exportadores mundiais de sangue: Júpiter como significador de sangue e regente do seu Ascendente.
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Os americanos adoram todo tipo de aventura impossível e imaginável. Atualmente é a montagem de uma estação espacial.
- Um dos grandes símbolos do país é sem dúvida a expressão “Liberdade”, com todas as suas derivações possíveis e imagináveis: física, emocional, psicológica, religiosa, etc.
O maior exemplo simbólico é a “Estátua da Liberdade” em Nova York, um dos cartões postais mais famosos que existem e visitada por milhões de turistas todos os anos.
O Ascendente Sagitário em oposição a Urano (significadores de liberdade) na cúspide da 7º casa.
Além de Aquário, Sagitário é o signo que mais anseia por liberdade.
- A “Hora Azul” (Blue Hour) é muito popular nos Estados Unidos, onde no final da tarde, depois do trabalho, os bares oferecem bebidas alcoólicas a preços baixos. Na mitologia grega os centauros eram amantes de bebidas alcoólicas, e a cor azul é característica do signo de Sagitário. Ambos reforçam seu Ascendente Sagitário e Júpiter num signo de Água: Câncer!
- No simbolismo do selo ou Brasão dos Estados Unidos estampado na nota de um dólar vêem-se:– as flechas que estão nas garras da águia representam os raios de Júpiter que são lançados do Olimpo para fulminar quem o desafiasse.– a águia é a ave-símbolo de Júpiter.
O texto abaixo fecha com chave de ouro tudo o que foi escrito até aqui, dispensando maiores comentários a respeito de por que o Ascendente dos Estados Unidos está no signo de Sagitário.
Bloom critica seitas americanas em novo livro
A reputação de Harold Bloom nos EUA oscila entre os extremos de maior crítico literário do país e picareta. Profissional da provocação, Bloom escreve, com a autoridade de uma erudição paquidérmica, sobre os mais variados assuntos como se estivesse falando com o amigo na esquina, numa espécie de fluxo de consciência crítica que, segundo os mais próximos, não sofre correções posteriores ou revisões.
Autodenominando-se crítico literário, ele passa com a mesma agilidade de Shakespeare a Freud, de Melville à cabala, e chega ao máximo da provocação ao afirmar que o autor da Bíblia hebraica, de onde se origina a Bíblia cristã, era uma mulher (“The Book of J”, editora Grove Weidenfeld, 1990).
Em seu último livro recém-publicado (“The American Religion”, editora Simon and Schuster), Bloom se atreve num outro domínio e chuta o formigueiro dos fundamentalistas ao afirmar que as diferentes igrejas criadas em solo americano (mórmons, batistas, testemunhas de Jeová etc.), mascaradas sob uma aparência protestante, não são mais cristãs.
A idéia é que existe uma “religião americana” que explodiu e proliferou no século 19 com a criação de seitas que, embora reivindicando o Cristianismo como origem, são na verdade pós-cristãs, estão muito mais próximas de uma tradição herética, gnóstica. Para Bloom, essa estranha religião inventada no Novo Mundo é a própria nação americana, a representação mais acabada do “caráter nacional”. Uma nação onde 88% da população, segundo a pesquisa Gallup que o autor cita a cada capítulo, acreditam que Deus os ama numa base pessoal. Um país “alucinadamente religioso”, a nação mais “encharcada de religião” do Ocidente.
Bloom garante que não está fazendo sociologia, antropologia ou história. O que interessa ao autor é o imaginário por trás dessas seitas americanas e de seus textos fundadores, que ele chama de “um triunfo da imaginação” e chega a comparar ao imaginário de grandes autores como Blake e Melville. A religião, para Bloom, não é o ópio, mas a poesia do povo.
O básico da religião americana seria a exaltação da experiência individual, o ego, o indivíduo em sua comunhão isolada com Deus. Mais que isso, Bloom afirma que o indivíduo da religião americana, sobretudo nos modelos mais significativos e esotéricos dos mórmons e dos batistas (“southern baptists”), acredita ser ele mesmo um pedacinho, “uma centelha” de Deus.
Bloom diz que, para a religião americana, o indivíduo é parte do espírito de Deus, acha que está antes da Queda – e mesmo da Criação do mundo, que é curiosamente associada à Queda. Ele está em contato direto e pessoal com Deus, mas só pode perceber isso através da experiência total de uma solidão interior, distanciando-se da natureza que o cerca.
Esse “triunfo da imaginação” tem inevitavelmente conseqüências sociais. A religião americana adora a cruz vazia e não Jesus crucificado. O Jesus americano não é o sofrimento, no meio dos homens, mas o da ressurreição. Assim como o indivíduo da religião americana não é parte da Queda ou mesmo da Criação, porque é o próprio espírito. Essa crença transforma o feto num dos principais emblemas da religião americana.
Pode-se acusar Harold Bloom de tudo, de falta de bases, de chutação etc., mas o seu fluxo de consciência crítica volta e meia produz uma revelação no mínimo brilhante. Não houve até hoje um único teórico que explicasse, com tanta originalidade, a obsessão militante dos fundamentalistas americanos no combate ao aborto. Bloom tem a ousadia de evitar o lugar-comum do pensamento ponderado. Os fundamentalistas americanos têm um problema com o aborto bem mais profundo que a Igreja Católica. As ações militantes desses grupos na porta de clínicas de aborto não se justificam mais por uma luta moral, estão para além de todas as explicações possíveis, são uma alucinação.
Bloom deixa claro o perigo dos fundamentalistas dentro dessas seitas, transformando-as em paródias do que eram na origem. Bloom tem uma explicação brilhante da razão pela qual os fundamentalistas se preocupam tanto pelos fetos, mas tão pouco pelo futuro dessas crianças depois do nascimento. Dentro de uma tradição gnóstica, acreditando que não fazem parte da Criação, que estão em contato direto com Deus, eles valorizam o que ainda não nasceu como a liberdade da solidão do contato com Deus. O feto é a representação de si mesmos, “centelhas de Deus” antes da Criação e da Queda.
(Jornal Folha de São Paulo, 14 de maio de 1992.
Bernardo Carvalho – Nova York)
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