A Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro compreende uma série de municípios que gravitam em torno de três centros principais, Petrópolis, Nova Friburgo e Teresópolis. Petrópolis, com 300 mil habitantes, é a cidade mais populosa e tem uma longa história como capital de verão de Pedro II. Poderia ser a referência natural para buscarmos a identidade astrológica da região. Contudo, Nova Friburgo não fica muito atrás com seus 180 mil habitantes, além de contar com um fator decisivo em termos astrológicos: é a cidade mais antiga, de forma que seu mapa de fundação pode ser considerado uma espécie de carta-matriz de toda a serra fluminense.
Considera-se que a fundação de Nova Friburgo ocorreu em 16 de maio de 1818. Esta foi a data em que o Rei D. João VI, sentindo a necessidade de uma colonização planejada, baixou um Decreto que autorizou o agente do Cantão de Friburgo, na Suíça, a estabelecer uma colônia de cem famílias suíças na Fazenda do Morro Queimado, localidade então pertencente ao distrito de Cantagalo. 261 famílias, totalizando 1.682 imigrantes, chegaram à região entre 1819 e 1820, sendo mais tarde seguidos por 332 alemães, que ali se estabeleceram entre 3 e 4 de maio de 1824.
Vênus e a moda íntima
Os marcos importantes para a história de Nova Friburgo destacam a presença do Sol nos signos de Touro (decreto de D. João VI e chegada dos alemães) e, secundariamente, Capricórnio (alvará desmembrando Friburgo de Cantagalo, em 1820, e elevação da vila a cidade, em 8 de janeiro de 1890). Na prática, são os elementos taurinos que estão presentes de maneira mais visível na história e na vida da cidade, sendo possível destacar alguns:
- Com suas inúmeras fábricas de lingerie, Friburgo é considerada a capital da moda íntima feminina. Não é preciso dizer que moda, de uma forma geral, e lingerie, em particular, lembram Vênus, regente de Touro e Libra;
- Friburgo tem o segundo maior parque hoteleiro do Estado do Rio de Janeiro, só perdendo para a capital. Entre os grandes atrativos da cidade estão a boa comida e a possibilidade de contato com a natureza. Tudo isso remete a Vênus (regente de Touro) e à Lua (exaltada em Touro).
- A mais conhecida música a falar de Nova Friburgo (e de toda a Região Serrana, por extensão) é Lumiar, de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, composta em 1977. A letra de Lumiar (nome do 5º distrito da cidade) é uma evidente celebração do modo de ser taurino:
Anda, vem jantar,
Vem comer, vem beber, farrear
Até chegar Lumiar
E depois deitar no sereno
Só pra poder dormir e sonhar
Pra passar a noite
Caçando sapo, contando caso
De como deve ser Lumiar
Acordar, Lumiar, sem chorar,
Sem falar, sem querer
Acordar em Lumiar
Levantar e fazer café
Só pra sair, caçar e pescar
E passar o dia
Moendo cana, caçando lua
Clarear de vez Lumiar
O estilo taurino de ruminar experiências prazerosas, de forma lenta e sem muitas palavras, transparece em toda a letra de Lumiar. Também está presente o encantamento com a natureza e com seus ritmos mais tranquilos.
Teresópolis e Petrópolis
Nova Friburgo constitui um dos três principais polos urbanos da região serrana do estado do Rio de Janeiro – uma área com características muito próprias, onde se destacam o clima ameno, as paisagens escarpadas e o toque da imigração europeia. Esta região, normalmente lembrada como destino de férias da população carioca, foi palco de uma tragédia de grandes dimensões em 2011, quando um temporal de intensidade até então desconhecida deixou um rastro de milhares de mortos e desabrigados.
Teresópolis, fundada em 1891, tem sua própria carta, onde avulta um stellium canceriano. Dos três polos urbanos da região serrana, é o menor e o menos industrializado, guardando ainda características bucólicas bem concordantes com a ênfase em Câncer.
Petrópolis, fundada às 16h do dia 16 de março de 1843, apresenta um stellium em Aquário, onde se destaca Júpiter em oposição ao Ascendente Leão. É uma configuração bem de acordo com o papel de capital de verão do Império, situação que ostentou durante o longo reinado de D. Pedro II. Até hoje, construções de aspecto nobre e avenidas imponentes ainda povoam a paisagem daquela que é, provavelmente, a mais jupiteriana das cidades fluminenses.
Mas a tônica geral da região subordina-se à carta de Nova Friburgo, a cidade pioneira. E o apelo taurino do bucólico, do natural, da possibilidade de ruminar a experiência da mesma forma como a moenda espreme a cana, está presente na carta de Friburgo e permeia, por extensão, as imagens associadas a toda a Região Serrana. Para o carioca, subir a serra significa exatamente isso: diminuir o ritmo, sentir cheiro de mato e restaurar energias.
Foi a marca taurina que criou o vínculo entre a serra fluminense e a tragédia do aquecimento global, com suas alterações no regime de chuvas. Lembrando que este signo tem a ver com o princípio da sustentabilidade, a ruptura da resiliência ambiental traz uma imediata vulnerabilidade para as áreas em ressonância com Touro. Foi o que aconteceu em 2011 em toda a Região Serrana.
É possível restaurar o “pacto com a natureza”? Os acontecimentos da última década mostram que marchamos exatamente no sentido oposto. Vivemos os desafios colocados pela doriforia de 2000 com a mentalidade obsoleta do alinhamento de 1962. Em 2004, a descoberta do planeta anão Sedna no signo de Touro veio reforçar os sinais de alerta. A partir de 2008, o ingresso de Plutão em Capricórnio enfatizou ainda mais o elemento Terra, que exige pés no chão e atenção para aquilo que garante a sobrevivência no nível mais básico – alimentação e moradia. Mesmo assim, o mundo continua alegremente a desprezar os sinais.
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