O (longo) inferno astral do PT

Fernando Fernandse me convida para dois dedos de prosa nesse evento que já se tornou marco no cenário astrológico do Rio, com importantes contribuições.

Alinhavo abaixo algumas ideias sobre o PT, o partido que ficou no furacão dos acontecimentos dos últimos anos. Resta saber se a deposição de Dilma e o estrondoso silencio do ABC paulista estende seus efeitos nos próximos anos. Qual o futuro do maior partido popular da história do Brasil?

Sem a pretensão de esgotar o assunto, muito menos de dar a palavra final, alinhavo abaixo algumas ideias a serem discutidas pelos colegas.

Em 2017 Saturno vai e volta em Sagitário, mas finalmente termina seu ciclo no fim do ano. No decorrer do período, retrograda e traz de volta questões importantes que não ficaram solucionadas no ano de 2016. Urano em Áries vai lentamente caminhando para o terceiro decanato do signo, formando ainda em fins de 2016 uma oposição a Júpiter – estratégica para a revisão do poder dentro do próprio partido. É tempo de uma nova reorganização.

Trabalho com o mapa da fundação do Partido dos Trabalhadores calculado para o dia da reunião no Colégio Sion em SP, em 10/2/1980, por volta das 11h30, horário da assinatura da ata de fundação.

Fundação do PT – 10.02.1980, 11:30 -3:00 – São Paulo, SP.

O Ascendente Touro daquele momento estava em conjunção com o Saturno do mapa do Brasil e em oposição ao Marte do mesmo mapa: sinal de uma entidade que teria impacto no país. Além do mais, o Sol em conjunção ao Ascendente do mapa da independência prenunciava algo expressivo. Considero que Marte e Saturno são os planetas que governam os signos proeminentes do mapa do Brasil (Aquário no Ascendente e Escorpião no Meio Céu). Depois das dificuldades anunciadas pelos aspectos do Ascendente do PT a Marte e a Saturno do Brasil, finalmente o partido se alçou ao posto máximo de poder.

Mas é preciso verificar antes disso o momento em que Urano, o fragmentador, formou a conjunção com Vênus do mapa do Partido [2010-2011]. Ali, a meu ver, começaram os problemas com a base aliada e com os próprios militantes. Os anos se passaram. Mas, com o tempo, Saturno começou a formar a perigosa quadratura com o Sol e o nodo lunar sul do mapa do PT, evidenciando a necessidade de uma correção de propósitos e de rumos – afinal, o Sol pode ser visto como o propósito e Saturno como a experiência que nos faz corrigir e “acertar a mão” do que fazemos! Aspectos aceleraram essas tendências, que ocorreram entre os anos de 2013 e 2016.

Agora, entramos em um novo patamar: um futuro nebuloso e incerto.

Netuno deixou a conjunção com o Mercúrio do mapa natal – um Mercúrio complicado, em Peixes, deixando a desejar a comunicação, ou a fazendo em termos emocionais demais. Netuno sobre Mercúrio ensejou tramoias e desvios, perda de confiança entre os próprios dirigentes. Em 2017 Netuno vai adiante, e completa a oposição a Marte. A meu ver, um perigoso aspecto, denotando total falta de direção. Em uma palavra, desorientação geral, especialmente no que se refere a escolha dos aliados, com os quais poderá ter decepções – afinal, Marte comanda a casa dos acordos do mapa do PT, a casa 7! Pior: comanda a casa 12 também, nos informando que os dissabores netunianos têm origem e efeitos prejudiciais, contribuindo para a autofagia e autodestruição do partido. Como se não bastasse, Netuno, das nebulosidades e de tudo que não é bem claro, se opõe também a Júpiter natal em Virgem. Os rumos estão comprometidos, para onde vai o PT? Internamente, mil dúvidas e problemas! O futuro desconhecido e incerto será um fantasma a rondar a direção do partido e intervirá negativamente na capacidade do partido formalizar alianças.

Sérgio Buarque de Hollanda, Olivio Dutra e Lula assinam a ata de fundação do PT, em 1980.

Saturno, em sua trajetória por Sagitário, forma um trígono com Urano, propicia a consolidação de mudanças feitas e uma estabilização de tudo que foi “virado de cabeça para baixo” no trânsito de Urano. Para o PT será uma oportunidade de rever seus propósitos, já que o trígono dos dois planetas forma sextis com o Sol do PT. Ou seja, é uma oportunidade, não mandatória, para uma reformulação importante!

Como se não bastasse, observamos Júpiter em Libra – que irá retrogradar em alguns momentos em 2017 – sobre  Plutão do mapa da fundação do PT. Pode ser a chance de equilibrar e conter o risco de expandir os “micropoderes” dentro do próprio partido. Um ajuste de contas com Saturno, e a chance de reequilibrar a relação entre os funcionários do partido e o funcionamento da máquina. Vamos acompanhar!

2017 também traz o desafio maior, configurado pela quadratura de Saturno em Sagitário ao próprio Saturno do mapa da fundação do PT. Classicamente, são momentos de revisão do que é importante e do que mantém a estrutura firme e elástica. Será aí, no segundo semestre de 2017, que surge a oportunidade de revisões internas intensas e importantes.

Dependendo do que os dirigentes do partido fizerem, o PT pode renascer das cinzas depois de uma séria retificação de caminhos e propósitos (Saturno em trânsito, em quadratura ao Sol natal), a chance de uma renovação interna nos quadros de direção (Saturno e Urano em trânsito formando sextil com o Sol natal).

Sucessivos problemas levaram lideranças importantes do PT à prisão e desgastaram a imagem do partido.

Perigos existem: Plutão em Capricórnio forma quadratura com Júpiter em trânsito, ambos enquadrando Plutão natal do mapa do PT. No meu entender, isso pode configurar uma tremenda pressão por baixo dos bastidores, até mesmo longe dos olhares “oficiais” no sentido de destruir o partido com práticas cotidianas dos tais ‘micropoderes’.

Pensando em um cenário mais amplo, com Júpiter em Escorpião a partir de novembro de 2017, os perigos da autocracia aumentam – Júpiter vai formar uma quadratura com o Sol do partido em 2018. Dispêndio de dinheiro e recursos inutilmente? Excesso de autoconfiança por parte dos dirigentes? O tempo dirá.

A pergunta que não quer calar: qual o futuro deste partido, ele irá se recuperar da atual crise de confiança?

Há esperanças de um movimento de recuperação do partido com Saturno e Urano em trígono em sextil ao Sol, sem dúvida. Urano pode significar a ascensão de um novo grupo ou corrente dentro do partido nos próximos meses. Mas sem a devida garimpagem e correção de rumos que Saturno em Sagitário pede, na quadratura com Saturno do mapa do partido, haverá diminuição e perdas. Depois, será preciso controlar e sanar desvios, desmandos e nebulosidades caracterizadas pela oposição de Netuno em oposição a Marte – um aspecto difícil que afeta a capacidade de o partido fazer alianças futuras.

Alguns se perguntam se haverá cisões e a formação de um novo partido – as sementes disso já foram lançadas, pelo que indica a última conjunção de Saturno à Lua do mapa (as forças de coesão entre os membros). Há cenário para uma nova liderança, mas que precisará convencer os aliados (casa 7 e casa 11) e seus próprios seguidores, da correção de caminhos e rumos.

Que desta depuração possamos ver nascer uma nova proposta, pois na democracia é importante termos muitas visões e caminhos. Porque quem ganha tem de ser a população.