Como qualquer carioca, vivo o terror da epidemia de dengue. Sim, epidemia, independente das fórmulas estatísticas dos órgãos de saúde, posto que o instinto de sobrevivência do ser humano diante do perigo fala mais alto que qualquer consideração oficial, ainda mais no Brasil.
Se você é de outra região brasileira, fique esperto sim; observando o mapa do Brasil vê-se que o problema pode ser muito mais amplo e sério do que a mortandade que atinge principalmente as crianças cariocas. Saiba os motivos.
Pela segunda vez desde nossa independência Plutão chegou em 2008 para a conjunção com um dos regentes do Ascendente. Ao mesmo tempo aplicou quadratura a si mesmo, acarretando riscos diretos para a saúde da população brasileira num período relativamente longo, pelos dois anos e meio subsequentes (2008-2010).
O Ascendente é um dos pontos mais decisivos numa carta astrológica, e trata de questões sobre a vida e a interação com o ambiente. O simbolismo de Plutão sempre envolve a ideia de morte, ainda que a própria transcendência sobre a morte seja um de seus significados. A passagem de Plutão pela coordenada onde está Urano no mapa brasileiro alude, sim, a um risco de epidemia! Note que não há a necessidade de ser uma epidemia de dengue, mas qualquer “doença” que cause, com o perdão da palavra, morticínio. E nada garante que seja uma doença apenas.
Tudo torna-se ainda mais complexo porque na verdade o Brasil tem uma conjunção estreita entre Urano e Netuno [Capricórnio] no mapa natal e, sabendo que Netuno é corregente de Peixes e governa grande parte dos assuntos da casa I do Brasil – um setor que complementa os atributos de vitalidade do próprio Ascendente -, chegamos a conclusão de que a passagem de Plutão envolve diretamente a vida dos brasileiros.
Em abril de 2008 Plutão inicia movimento retrógrado aparente, retornando a Sagitário. É somente no começo de 2009 que a conjunção entre ele e Urano-Netuno ocorre pra valer. Havia risco, portanto, de que os verões seguintes pudessem ser piores do que o de 2008 [Nota do Editor – Dimitri Camiloto, ao fazer este prognóstico em abril de 2008, acertou em cheio: a epidemia de dengue de 2010 faz mais de um milhão de vítimas, 400 mil a mais do que a de 2008].
No caso da dengue o Brasil como um todo corre, é certo, risco generalizado. Se na média nacional o total de notificações diminuiu 27% em 2008, o estado do Amazonas (região onde há suspeita de incidência do vírus 4) apresentou crescimento de 992% e Sergipe, 617%. Na cidade do Rio, o aumento foi de 578%. Ora, temos focos de disseminação descontrolada da doença em três regiões como o Norte, o Nordeste e o Sudeste! Caso o país continue a perder a queda de braço com a doença, o mosquito pode se alastrar.
É sempre bom lembrar que Saturno em Virgem (2007-09) acusa questões de saúde, podendo representar o aparecimento ou recrudescimento de problemas de saúde pública, assim como novas formas de cura e tratamento. Em outubro de 2007, um mês depois do ingresso de Saturno em Virgem, o ministério da Saúde já tinha conhecimento dos grandes riscos de surto da dengue no Rio. No verão daquele ano o estado castigado pela dengue tinha sido o Mato Grosso do Sul (Centro-Oeste).
Nos últimos meses de 2007 o que houve entre as desencontradas “esferas” municipal, estadual e federal foi um inconsequente jogo de empurra (junto com o descaso de amplos setores da população), e a omissão pode ser associada à conjunção de Saturno ao Sol natal do Brasil, especialmente entre novembro de 2007 e janeiro de 2008. O Sol de um país representa, entre outras coisas, o Poder Executivo. Numa perspectiva mais ampla, ele pode ter correlações diretas com os governadores e prefeitos. O trânsito de Saturno pelo Sol, ademais, expõe o país como um todo a perigos, sendo que o Sol também responde a questões sobre a saúde e a vida. Do ponto de vista político, este trânsito pode representar a paralisia ou a omissão quanto a tomadas de decisão de caráter mais urgente.
Tivemos, portanto, em 2008 dois aspectos bastante delicados em se tratado da saúde da população brasileira: Plutão em conjunção com Urano-Netuno e Saturno em conjunção com o Sol. Continuemos com Saturno-Sol.
Gostaria de mencionar agora outro aspecto, ainda que ele envolva a discussão sobre o grau exato do Ascendente brasileiro em Aquário, que é a passagem de Netuno por este setor do mapa do país.
Se a conjunção natal entre Urano e Netuno simboliza a dimensão criativa e o sincretismo cultural e espiritual da sociedade brasileira, também reflete características sobre a nossa letargia e irresponsabilidade. Netuno, que num trânsito sobre o Ascendente cria um quadro de extrema suscetibilidade, favorece a absorção indiscriminada de entidades de toda ordem. Temos, portanto, outra indicação de vulnerabilidade.
Outra natureza concernente a Netuno no Ascendente é a falta de uma perspectiva mais realista sobre o quadro em que se vive, às vezes permeada por um otimismo exagerado, alienação, mentiras e até mesmo loucura. Isto é bastante significativo, pois, no caso do Rio de Janeiro, o então prefeito César Maia veio a público em 2008 negar que pudesse haver uma epidemia. Em seguida rezou na Bahia “para que os mosquitos sejam levados para o oceano”. É sabido que o alcaide carioca praticamente governava através da internet, totalmente imerso no mundo virtual de seu blog. Uma das associações mais nítidas ao longo trânsito de Netuno em Aquário foi justamente a propensão ao deslumbre e ao escapismo quando as pessoas estabeleciam um envolvimento nocivo com a internet, podendo chegar inclusive ao vício. Tardiamente, os cariocas descobriram que as alegações de César Maia de ser doido varrido eram mesmo verdadeiras. César foi mais além: cruzou os braços e desistiu de governar.
Ao ver em 2008 o presidente Lula totalmente deslumbrado com os índices de popularidade e o crescimento econômico, além da facilidade cada vez maior com que absolvia publicamente políticos envolvidos em casos de corrupção, sem falar da (possivelmente mentirosa) bravata do “Bush, meu filho, resolve a tua crise!”, aparecia diante de mim a própria imagem de Netuno no Ascendente.