Eram precisamente 12:28 em Brumadinho quando o mundo veio abaixo nas áreas próximas da barragem de contenção de resíduos da Vale do Rio Doce. Pela segunda vez em menos de três anos um mar de lama criava um cenário de morte.
Urano em Áries, em conjunção com o Ascendente, regendo o Meio do Céu e em quadratura com os nodos, guarda analogia com a fulminante rapidez do processo de deslizamento. Saturno na 9 em quadratura com Marte na 12 fala de uma sobrecarga de resíduos, como se a barragem já estivesse com um volume de rejeitos superior ao estimado (Marte, o minério de ferro, pressionando Saturno, a barreira de contenção). Por sua vez, Júpiter na 8 em quadratura com Netuno na 11 dá testemunho do não cumprimento de protocolos de natureza legal (Netuno, o descuido, em quadratura com Júpiter, a lei). Júpiter rege a casa 9 – a legislação, a justiça – e está presente na casa 8, que tem na morte um de seus significados.
Netuno é também um significador genérico de águas, sendo um dos planetas mais destacados no mapa-matriz de Minas Gerais, onde faz oposição a Saturno (as barragens). No artigo O Planeta Minas, dos Inconfidentes a Brumadinho, deixamos claras as conexões entre estes aspectos e as tragédias que castigam Minas Gerais periodicamente: as enchentes e os desastres ambientais.
Nesta carta encontramos Vênus, regente da casa 7 (os associados, os parceiros e também as outras pessoas, de uma forma geral), na casa 8 (morte, entre outros significados) e em conjunção com Júpiter, um planeta que amplia e magnifica tudo que toca. Este aspecto explica o grande número de vítimas, bem mais elevado do que no caso de Mariana. Parte das vítimas era de funcionários da Vale, mas a maioria era constituída por terceirizados e por moradores de áreas rurais do município de Brumadinho.
A presença de dois planetas e da Parte da Fortuna na casa 9, significadora do estrangeiro e das grandes distâncias, chama a atenção para a repercussão internacional do desastre e destaca sua verdadeira natureza: trata-se de (mais) um acidente de percurso do processo de globalização da Vale, uma empresa que já foi tão mineira quanto o pão de queijo.
De Vale do Rio Doce a Vale S.A.
A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) foi criada em 1º de junho de 1942, por decreto do presidente Getulio Vargas, a partir da encampação de empresas já existentes, cuja origem remonta a 1911.
Para evitar dificuldades com as lideranças locais, Vargas implantou a política de priorizar a nomeação de diretores mineiros e capixabas para a empresa de mineração. Isso explica em parte a forte sinergia entre a CVRD e a região em que atuava. A partir dos anos 1960 começa o período de crescimento acelerado, motivado principalmente pela abertura do mercado japonês e pelo desenvolvimento de negócios complementares, especialmente na área de transporte marítimo (Docenave) e de pelotização de minérios (complexo de Tubarão).
“Joia da coroa” das estatais brasileiras, a CVRD acabou incluída no projeto de privatização do governo de Fernando Henrique Cardoso. O processo foi longo e conturbado, levantando acaloradas objeções, até chegar ao desfecho em 6 de maio de 1997, num leilão assim relatado pelo Estado de S.Paulo do dia seguinte:
O governo brasileiro vendeu ontem o controle da Companhia Vale do Rio Doce, a maior mineradora de ferro do mundo, ao consórcio Valepar, liderado pela Companhia Siderúrgica Nacional. O controle da estatal foi arrematado por […] 20% acima do preço mínimo estabelecido no edital de privatização da empresa. […] O leilão foi o clímax da mais acirrada disputa judicial já travada pelo governo para fazer uma privatização, que ainda deve continuar. O leilão ficou interrompido das 12h18 até as 17h42 por força de novas medidas liminares concedidas pela Justiça Federal do Rio, que os advogados do BNDES conseguiram cancelar mediante recursos a instâncias superiores. O leiloeiro Alexandre Runte bateu o martelo às 17:47, gesto repetido simbolicamente minutos depois pelo ministro Antonio Kandir.
Há, portanto, duas hipóteses de horário a considerar: o das 12h11, do início do leilão realizado na BVRJ (Bolsa de Valores do Rio de Janeiro), ou o momento em que o martelo foi batido, quase seis horas depois. Como o leilão chegou a ser interrompido por ordem judicial, e como o clima de dúvidas persistiria até a cassação das liminares, no final da tarde, não faz sentido levar em conta o horário de início do leilão, e sim o momento em que o leiloeiro dá o negócio como concluído (lembrando que o ato de bater o martelo tem enorme força simbólica em quase todas as culturas ocidentais).
Para que se compreenda melhor o quadro daquele momento, há que lembrar os fatos que antecederam a realização do leilão: uma guerra judicial sem precedentes, que mobilizou os melhores advogados na área de Direito Societário da época; forte mobilização na imprensa escrita e na TV, com a disputa pela Vale ocupando boa parte do horário nobre dos noticiários; intermináveis debates no Congresso Nacional e mobilizações populares, com passeatas e manifestações em diversas capitais. No Rio, várias dessas manifestações tumultuaram o funcionamento de órgãos na esfera governamental diretamente envolvidos na questão da Vale, como o BNDES, o Ministério Público, a CVM, a Justiça Federal e a própria sede da CRVD.
A carta do início do leilão de privatização mostra as intenções do governo: o Sol, regente do Ascendente, ocupa o Meio do Céu em Touro (um signo relacionado à Economia) e aplica um trígono a Marte (regente do minério de ferro) na cúspide da casa 2.
Contudo, Júpiter, o regente da casa 5 (significadora de bolsas de valores), encontra-se na casa 7 (dos adversários), em quadratura com o Meio do Céu e com Vênus, o planeta regente do próprio Meio do Céu. Traduzindo: a Justiça, neste momento inicial, pendia para os adversários da privatização e tinha ainda força suficiente para sustar o leilão. Urano, colado ao Descendente e em quadratura com Sol-Lua no Meio do Céu, agregava um toque do inesperado: naquela altura, ninguém tinha certeza de quem seria o dono da Vale ao final do dia.
Já o mapa da concretização do negócio, às 17h47, tem outra “cara”:
Temos agora Escorpião como signo Ascendente e Plutão, seu regente moderno, na casa 1 (no controle) e em Sagitário (um signo associado à Justiça). Uma indicação de que, para cassar as liminares contrárias e vencer as últimas resistências impeditivas da privatização, o governo tivera de utilizar toda a força de seu rolo compressor. Esta característica de “força bruta” acompanharia para sempre a empresa recém-privatizada, que pouco a pouco foi adquirindo novas feições até consolidar-se como uma das duas maiores transnacionais do planeta na área de mineração.
O abandono das marcas da mineiridade
Um sintoma revelador foi o abandono progressivo das raízes da empresa, sempre vinculada no passado à própria região do Rio Doce e aos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo. Urano no Fundo do Céu fala deste processo de desenraizamento, assim como Júpiter em Aquário na casa 4, em quadratura com Sol e Lua. Júpiter em Aquário expressa uma ideia de ampliação ou superação de fronteiras, algo que a nova Vale efetivamente realizou. Todavia, ao mesmo tempo em que estendia tentáculos por todos os continentes e tornava-se cada vez mais global, a empresa abandonava pouco a pouco as marcas de sua mineiridade, até que uma mudança de nome, em 2007, transformou a antiga Companhia Vale do Rio Doce simplesmente em Vale S.A.
O traço mais característico do mapa da nova Vale surgida em 1997 é que os planetas indicadores de propósito de vida (Sol), valores e afetos (Vênus) e sentir-se bem na própria casa (Lua) estão todos em Touro, um signo ligado ao bem-estar e à preservação da vida. São três importantes planetas pessoais em torno do Descendente – as outras pessoas. Na manifestação mais positiva, significaria um cuidado da Vale com os parceiros: as pessoas ou instituições que se beneficiam das atividades da empresa. Contudo, parece que a Vale vem vivenciando seu próprio mapa no sentido mais negativo, em que o Descendente expressa tudo aquilo de que nos alienamos e que deixamos de assumir como compromisso nosso, mas apenas como algo de que os outros devam cuidar.
Nos últimos anos, o foco excessivo no lucro (Júpiter, regente da casa 2) vem levando a Vale a identificar-se apenas com o Plutão de casa 1 – o senhor das profundezas do Hades, que explora obsessivamente as riquezas minerais subterrâneas. Júpiter, o senhor da casa 2 dos grandes negócios, em quadratura com Vênus, da inclusão do próximo e dos valores que falam de perto ao coração, parece expressar essa cisão de efeitos tão desastrosos.
Nenhum mapa expressa, por si só, sentimentos negativos ou atitudes equivocadas. Todo aspecto da carta pode ser transmutado para sua melhor manifestação. O que se espera da Vale é um reexame rigoroso de seus valores e práticas de gestão, o que exige, antes de tudo, um acerto de contas com o estado onde nasceu. Hoje, o povo mineiro não a reconhece mais como uma filha da terra e, como revelam as casas 9 e 10 do mapa do desastre de Brumadinho, o mundo inteiro está bem atento (Sol-Mercúrio em Aquário) e disposto a julgar severamente (Saturno-Plutão em Capricórnio) os desmandos da corporação. Não há mais como esconder a lama embaixo do tapete.
José A. Batista diz
Em observação astrológica eu digo que o período mais perigoso – em comparação astrológica com o rompimento da barragem de Brumadinho, em 25/01/2019 às 11h. e 28m. – pode ser entre 15 e 30 de abril, mais precisamente de 20 à 25…em… 25/04/2019 às 05h. e 35m. Contudo, com a grandes chances de ocorrer uma nova desgraça, todo cuidado é pouco, principalmente se voltar a chover forte naquela região. Segundo a meteorologia (CT), até o dia 10/04 não há previsões de chuvas fortes.
Ana Lessa diz
Excelente texto. Muito esclarecedor.
José A. Baptista diz
Fernando, surgiu um novo vídeo – neste endereço (https://is.gd/JuWn93) – dizendo que a hora (da câmara de filmagem) é as 12 h. e 28 m (h.v). Porém, como trabalho com o horário retificado pelo CAL (hora astrológica correta), continuo com as 12 h. e 53 m.
José A. Baptista diz
Segundo uma matéria de um site (hora da postagem ás 13h. e 17m. – com h.v.) diz que a barragem rompeu 13h. e 37m? (com h.v.); em outro site diz (Por volta das 13h30, a Prefeitura de Brumadinho alertou…).
Segundo minhas pesquisas o horário exato do rompimento da barragem de Brumadinho ocorreu ás 11 horas 53 minutos (sem o horário de verão), aqui o Ascendente é Touro, mas á 01 grau e 22 minutos, e o de Mariana ás 14 horas e 36 minutos (sem o horário de verão), Ascendente Peixes á 25 graus e 30 minutos.
Eu, particularmente, não concordo quando se calcula o MAN (Mapa Astral Natal) depois do acontecido – aí fica fácil encontrar as falhas, vários elementos tem relação como o acontecido. Já no caso e se traçar o MAN com o intuito de evitar possíveis acontecimentos negativos num futuro próximo ou distante, aí sim, concordo. Não é o caso de Brumadinho, que já não existe mais.
Com relação da retificação da hora, utilizo o método de retificação da hora desenvolvido por mim, que chamo de CAL (Código Astral Lunar). Desenvolvi o CAL á partir de informações no livro “Astrologia Revelada”, do astrólogo e professor Jeferson T. Alvares.
José A. Baptista diz
Fernando,
Surgiu um novo vídeo dizendo que foi ás 12 horas e 28 minutos (h.v.) o rompimento da barragem de Brumadinho. Como trabalho com a hora retificada pelo CAL, continuo com este horário: 12h. e 53m. Fica as informações.
ANGELA DE P SCHNOOR diz
Parabéns e obrigada Fernando. Sua clareza e objetivudade são especiais.
Marcus Borelli diz
Boa tarde Fernando.
Meu pai trabalhou na companhia Vale do Rio Doce de 1963 até 1989. Sou testemunha ocular de que nunca houve este tipo de acidente. Conheço vários ex-diretores da companhia que são amigos de meu pai até hoje. Ela mesmo sendo estatal era uma ótima empresa e com negócios diversificados. Aí veio a privatização e deu no que deu.