São Paulo é sem dúvida a cidade de maior relevância e potencial econômico da América do Sul. Ali, nesse colosso comercial, financeiro e industrial do Brasil, converge a paixão futebolística que nasce do fluxo imigratório de várias comunidades que tornaram esta metrópole tão cosmopolita. E a colônia italiana foi a precursora de um clube nascido no coração da São Paulo industrial.
No início do século XX a cidade tinha cerca de 450.000 habitantes, dos quais 25% eram italianos ou descendentes diretos. A influênci foi tão notável na sociedade que os outdoors nas ruas eram em sua maioria na língua de Dante Alighieri.
Havia vários clubes recreativos onde os trabalhadores italianos passavam seus momentos de lazer e descanso, após longas horas de trabalho, jogando futebol em alguns campos da cidade, mas nenhum relacionado às ligas de elite. Nessas ligas havia times representativos dos ingleses, como o Mackenzie, dos escoceses, como o Scottish Wanderers, dos alemães, como o Germania, e da burguesia paulistana, como o Paulistano e o São Bento.
Em 1914 a visita dos campeões italianos ao Brasil, o Pró-Vercelli e o Torino, para disputar uma série de amistosos contra os clubes paulistas, mobilizou o fervor da colônia italiana, surgindo assim a necessidade de ter seu próprio clube de futebol na liga. E a criação começa a ser gestada nas entranhas da São Paulo industrial, por um grupo de funcionários das Indústrias Matarazzo, então o maior conglomerado industrial do Brasil, há décadas dedicado a alimentos, bebidas, transporte, tecidos, bancos, correios, portos, estaleiros, metalurgia e energia.
Luigi Cervo, funcionário administrativo da Matarazzo, que jogava futebol em um pequeno clube chamado S. C. Internacional, convocou um grupo de amigos, entre eles Vicente Ragognetti, jornalista, poeta e escritor, que foi quem escreveu um panfleto para o jornal do bairro Fanfulla para convocar as pessoas para participar da fundação de um clube de futebol.
Isso seria feito em várias ocasiões, sendo a primeira em 13 de agosto de 1914 e dias depois, em 19 de agosto, na página cinco da seção Gli Sports, onde se lê (1):
Palestra Itália. Foi organizada uma diretoria provisória para a formação de uma sociedade que está denominada Palestra Itália. A Sociedade compreenderá também a seção filodramática e dançante, além de uma seção esportiva, objetivando a organização de um time puramente italiano, para jogos de foot-ball. Os aderentes, que até o momento incluem estudantes e empregados no comércio, reunir-se-ão hoje às 20 horas, no Salão Alhambra, sito à Rua Marechal Deodoro nº 2, com o fim de eleger a diretoria provisória e para completa formação da Sociedade. (…) Todos que desejarem participar da criação de um clube italiano de calcio (futebol) devem comparecer às 20h00 no número 2 da Rua Marechal Deodoro, Salão Alhambra, para a reunião de fundação do Palestra Itália.
Essa reunião em 19 de agosto teve 37 participantes, e a discussão foi sobre o objetivo principal do clube. Alguns queriam um clube voltado para atividades artísticas e literárias, e a maioria queria um voltado para o futebol. Assim, Luigi Cervo e seus amigos convocaram uma nova reunião para o dia 26 de agosto, que acabaria por formalizar a fundação do Palestra Itália, o novo clube de origem italiana na cidade de São Paulo.
Carta retificada de fundação do Palmeiras
Na carta de fundação do então Palestra Itália encontramos Touro como signo ascendente, um dos três signos de Terra, caracterizado por representar o materialismo constante e retumbante em sua manifestação máxima. Negócios, comércio, dinheiro e toda atividade econômica se referem a este signo. O clube nasce do seio de um poderoso grupo econômico, o maior da Região.
Vênus, regente de Touro, é fortalecido em Libra, segundo domicílio, exibindo forte relação com a colônia italiana por estar localizada, em sinastria, em conjunção com o Ascendente da carta nacional da Itália, país associado ao signo de Libra: a Itália é mundialmente conhecida pela moda e beleza, especialmente de suas mulheres.
Também se deve a Vênus a alcunha do Palmeiras, porque este planeta, combinado com Touro-Libra, simboliza a cor verde, “O Verdão”, como o Palmeiras é conhecido hoje no mundo do futebol.
Júpiter no Meio do Céu mostra as grandes ambições de seus fundadores, que também foram a liderança das Indústrias Matarazzo. Um clube projetado para alcançar objetivos esportivos e sociais de longo prazo.
Existem registros da época que curiosamente marcam claramente vários símbolos da carta de fundação (2):
Uma demonstração clara da diferença da concepção do Palestra Itália desde a sua fundação, em relação aos demais clubes italianos da cidade, e das grandes ambições desde sua origem é justamente o baile de apresentação do clube para a sociedade paulistana, realizado em Janeiro de 1915, antes mesmo de sua primeira partida. Um evento luxuosíssimo, no Salão Nobre do Clube Germânia, com decoração especial, coquetel, jantar completo e baile sob o comando de uma grande orquestra.
O baile contou ainda com a presença de diversas personalidades paulistanas, todos os expoentes da colônia, com destaque para o Consul Geral, Comendador Pietro Barolli. Os preparativos, a organização e os convites geraram frutos antes mesmo do Baile, já que, uma semana antes, a APSA, liga de elite do futebol paulista, anunciava oficialmente o ingresso do Palestra Itália como filiado da entidade.
A crônica relata uma confraternização, muito própria de Vênus em Libra, na apresentação da instituição à sociedade paulistana. Destaquei frases como “Demonstração clara da diferença de concepção” — e entendido como um conceito de instituição — “…em relação aos outros clubes italianos…” que falam, sem dúvida, de Aquário como signo do Meio do Céu, onde Júpiter está localizado.
Aquário tende a subverter o que está estabelecido ou o que se entende como tradicional. Diferencia-se do resto por ser diferente, inovador e vanguardista. Alguns autores chamam isso de excentricidade, como a crônica parece descrever muito bem na cena daquele evento.
Em seguida, “grandes ambições desde sua origem”, relacionadas à Lua como conceito de origem e nascimento. Ei-la em aspecto com Júpiter, que simboliza grandes ambições. Essa quadratura é típica de um tendência natural à confiança exagerada, como foi visto, por exemplo, nas segunda partida das semifinais contra o River Plate, em 2020. E sinaliza também desperdício, ostentação e tendência a excessos que podem levar à falência.
Escorpião, onde está localizada a Lua, almuten do ascendente, é sinônimo de usura, interesses e negócios obscuros, sendo esta uma das atividades do grupo que lhe deu origem: o setor bancário. Foi lembrada a parceria Palmeiras-Parmalat — Vênus em Libra inclina-se a associar — que terminou em escândalo financeiro sob investigação da justiça, com a saída do grupo italiano do clube (3). Os enormes altos e baixos ao longo da história, nos esportes e nas finanças, são certamente marcados por esse exílio da Lua.
“Um evento muito luxuoso, com decoração especial, coquetel, jantar completo e dança sob o comando de uma grande orquestra”. Aqui está uma bela descrição do que é uma combinação jupiteriana e venusiana, onde se destaca a opulência — Júpiter — dos luxos, comida, decoração e dança — Vênus. E, finalmente, a presença de um político, o Cônsul Geral, muito de acordo com a visão clássica da Astrologia, que associa Júpiter aos conceitos gerais da casa 9, incluindo ideologia e política.
O que queremos destacar com a descrição é sob quais influências predominantes nasceu o Palmeiras. Ao longo dos anos, o clube tornou-se um dos mais poderosos economicamente, com um estádio de última geração e muito charmoso — Allianz Parque — e um dos mais premiados do Brasil, sendo o vencedor de maior sucesso do Brasileirão — Campeonato Brasileiro —, além da obtenção dos títulos internacionais da Copa Libertadores e da Copa Mercosul (hoje Copa Sul-Americana). O Palmeiras superou as expectativas de seus fundadores.
Mas nem tudo foram rosas na vida da instituição paulista. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil lutou ao lado dos aliados e proibiu qualquer indício de manifestações e símbolos alemães, italianos e japoneses no país. Um dos momentos mais difíceis da história palmeirense foi justamente quando teve de mudar de nome devido ao conflito. Seu Sol em Virgem, que simboliza a identidade do clube, nasce em conjunção com o Nodo Sul, de natureza saturnina.
É um aspecto que denota graves problemas com autoridades, neste caso relacionados ao governo do país, sendo que essa natureza de Saturno, que “tira” ou “tira você”, neste caso refere-se à identidade do clube, tão enraizada na comunidade italiana. Com certeza foi um momento difícil, muito traumático para o Palestra Itália. O nome foi então alterado para Sociedade Esportiva Palmeiras.(4)
Testando o mapa do Palmeiras: Copa Libertadores 2020
O principal fator a observar em uma competição esportiva é Júpiter. Este planeta leva o nome romano do deus grego Zeus. Era em homenagem a ele que se realizavam os antigos Jogos Olímpicos, de proezas atléticas, e onde os vencedores recebiam a coroa de louros que simboliza honra, vitória e conquista.
Deve-se notar que o clube esteve sob a Firdaria — ciclo — de Júpiter de agosto de 2009 a agosto de 2021. Este planeta, destacado no Meio do Céu, é o que governa ou tem maior influência sobre o clube. Foi nesse período que o Palmeiras conquistou os Brasileiros de 2016 e 2018, após quase duas décadas sem vitórias, tornando-se o clube de maior sucesso no futebol local.
Em 2020-2021 esse ciclo jupiteriano foi acompanhado pelo subciclo de Saturno, que, no mapa radical, é o regente tradicional do Meio do Céu e faz sextil com o Sol. Portanto, o Palmeiras esteve sob a influência dos dois planetas durante a disputa da Copa Libertadores.
Para o dia da final no Maracanã, Júpiter em trânsito em 9º de Aquário estava posicionado bem no Meio do Céu da carta do Palmeiras, palco onde se manifestam as ações, conquistas e objetivos máximos, marcando o “retorno de Júpiter” à posição radical que concede o poder de destacar e evidenciar, acompanhado por Saturno em trânsito no mesmo signo. Isso nos fala de uma possível grande vitória ou conquista esportiva.
Júpiter ativava simultaneamente o trígono a Marte — que recebe Saturno em sua exaltação — indicando a possibilidade de abertura de caminhos e pioneirismo em grandes conquistas. Foi a primeira competição internacional do continente a proclamar um campeão após a conjunção de Júpiter e Saturno no grau 0º de Aquário no início de 2021, abrindo o novo ciclo no elemento Ar. Portanto, é muito marcante que um dos finalistas tenha sido uma instituição como o Palmeiras, com o Meio do Céu precisamente em Aquário, regido por Saturno e onde Júpiter está presente.
Observemos também a revolução solar de 2020-21, onde os aspectos natais se manifestam novamente. Júpiter está em oposição a Vênus, que o recebe em sua exaltação, Câncer. Ambos em aspecto com a Lua em Escorpião do clube: Júpiter em sextil e Vênus em trígono.
Sem dúvida, o Palmeiras era o claro favorito para vencer a edição 2020 da Copa Libertadores.
Por fim, notem que não usei os transpessoais, porque acho possível explicar a conquista com os sete planetas clássicos, mas também poderíamos observar a influência de Urano, que está no Meio do Céu com Júpiter em Aquário, signo ao qual a astrologia moderna atribui seu domicílio.
Na conquista da Copa Libertadores em 1999, Urano em Aquário fazia seu retorno natal no Meio do Céu, ativando a conjunção com Júpiter.
E, na carta progredida da final em janeiro de 2021, Júpiter é quem fazia isso, ativando a conjunção com Urano, enquanto este, por trânsito, está em Touro em quadratura com Júpiter e o Meio do Céu. Segundo o astrólogo Keiron Legrice, a combinação de ambos pode nos dar uma rápida ascensão ao topo, porque combina o princípio de expansão, elevação e fortuna — Júpiter — ao princípio de evolução, gênio e avanço — Urano.
(Tradução: Fernando Fernandse)