Noite de 23 de julho de 2021, Tóquio: com um ano de atraso, estão abertos os Jogos Olímpicos de 2020. Um atraso que foi fruto direto da pandemia e da discussão sobre a pertinência de realizar o evento nestas condições. Ao término, entre a consideração de aspectos esportivos, sanitários, econômicos, políticos e mercadológicos, a visão que prevaleceu aparece claramente expressa em duas cartas: a da declaração solene de abertura dos jogos e a do momento simbólico de acendimento da pira olímpica. E o que estas cartas nos dizem?
Na carta do momento da declaração oficial de abertura dos jogos, o que se destaca de imediato é a Lua capricorniana no Meio do Céu. A Lua é o planeta da nutrição e do cuidado. Não é de estranhar que esteja exatamente em Capricórnio, seu signo de exílio, como a dizer que, na relação com os atletas e com o público, aqueles que deveriam cuidá-los preferiram privilegiar os compromissos com os grandes interesses materiais por trás do evento. Jogos olímpicos são antes de tudo um negócio, é o que este mapa parece dizer.
Além do mais, a Lua está em oposição a Mercúrio no Fundo do Céu, e Mercúrio é exatamente regente da casa 2, do dinheiro, e da casa 6, dos problemas agudos de saúde pública. A pandemia, com todos os seus riscos, é o pano de fundo destes jogos olímpicos vedados ao público (Lua exilada) e perigosos para os atletas.
A outra carta a considerar é a do acendimento da tocha, o momento com maior carga simbólica deste tipo de espetáculo.
A solidão do dinheiro e a adrenalina de Marte-Júpiter
Esta carta difere pouco da anterior, se bem que com algumas mudanças significativas. O Sol domiciliado em Leão, no Fundo do Céu, é agora o planeta mais angular da carta. A configuração formada por Marte em Leão, Vênus em Virgem e Júpiter em Aquário passa para a cúspide do eixo das casas 5 e 11.
A casa 5 é, por definição, a casa dos jogos e dos espetáculos, enquanto a 11 simboliza, entre outras possibilidades, os ideais de fraternidade e cooperação (especialmente em Aquário). Aspectos Marte-Júpiter são propícios ao esporte, à aventura, à valorização dos comportamentos heroicos e da disposição juvenil para correr riscos.
Tudo isto fala de uma competição onde, apesar de tudo, não faltarão os ingredientes que todos esperam encontrar numa Olimpíada. Do ponto de vista meramente esportivo, o mapa não poderia ser melhor. Contudo, Urano em conjunção com o Ascendente taurino e o Meio do Céu enquadrado entre Saturno e Plutão nos dão conta de quem são os verdadeiros donos do espetáculo. E eles nada têm a ver com o espírito olímpico.
Urano, o deus irresponsável
Urano, na mitologia grega, é o deus irresponsável, voltado apenas para sua própria satisfação e incapaz de cuidar dos próprios filhos. Ao contrário, ele os rejeita. relegando-os ao abandono e ao sofrimento. Já Saturno e Plutão têm forte relação com interesses financeiros de federações esportivas e patrocinadores, com os pesados investimentos do governo japonês e dos conglomerados de mídia e com a frieza de quem administra de olho no lucro, muito mais do que na segurança de público e atletas.
Não é por acaso que as olimpíadas ocorrem sob uma quadratura Saturno-Urano, aspecto que costuma trazer à tona o jogo pesado do capitalismo selvagem. Não é por acaso também que, nesta carta, tanto Urano quanto Plutão são planetas angulares. Provavelmente, as competições de Tóquio serão lembradas para sempre como os jogos da solidão e do desrespeito ao espírito olímpico.
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