O Fluminense F.C. nasceu no dia 21 de julho de 1902, às 20h30, numa reunião convocada por um dos fundadores e realizada num casarão da Zona Sul do Rio de Janeiro. No mapa do tricolor, vemos a Lua em Aquário na casa 12, em conjunção com Júpiter, regente do Meio do Céu. Este aspecto ajuda a explicar muito da mística e da imagem pública do clube através de sua longa história.
O Fluminense como “pó de arroz”: história e simbolismo
Em primeiro lugar, o próprio apelido do Fluminense: o pó de arroz. A expressão teve origem em 1914, quando Carlos Alberto, um dos raros jogadores negros que atuavam naquela época, trocou o América pelo tricolor das Laranjeiras.
Carlos Alberto tinha o costume de entrar em campo com o rosto coberto de talco. Como a torcida do América não admitiu a troca de clube, foi em peso para o estádio para destratar o jogador, aos gritos de “pó de arroz” (um caso centenário de bullying!).
Na época o futebol era ainda um esporte amador e aristocrático, o que fez circular a versão de que o rosto empoado seria uma forma de contornar a resistência dos torcedores à presença de um atleta negro. Contudo, a verdadeira causa era um simples problema dermatológico. Tanto que Carlos Alberto empoava-se costumeiramente, todas as vezes que fazia a barba, e não apenas para as partidas.
O apelido depreciativo foi assumido pela torcida, que até hoje comemora a entrada do time em campo com uma nuvem de pó de arroz (ou de talco, mais barato e mais fácil de encontrar).
O pó tem uma cor branca, o que lembra de imediato a Lua, regente de Câncer, signo solar do Fluminense. A Lua está na casa 12, em Aquário e em conjunção com Júpiter, regente do Meio do Céu. Além do mais, rege a casa 5, associada ao esporte e ao espetáculo. Não espanta, portanto, que o tricolor tenha uma identidade e uma reputação associadas a uma substância de aparência lunar.
Cabe lembrar que o arroz tem um simbolismo auspicioso em diversas culturas, sempre associado à prosperidade (Júpiter) e à fecundidade (Lua), algo que se manifesta, por exemplo, na chuva de grãos de arroz arremessada sobre os noivos em festas de casamento.
Aristocracia e “tapetão”
Júpiter também é um significador das classes mais abastadas, e o Fluminense sempre levou fama de ser um clube aristocrático, instalado na zona mais nobre do Rio de Janeiro: a sede do clube fica exatamente ao lado do Palácio Guanabara, sede do governo estadual.
Na verdade, as pesquisas mostram que o tricolor das Laranjeiras tem uma típica torcida de classe média, com pouca penetração na periferia, e com o maior nível cultural entre todas as torcidas cariocas (Júpiter também é significador de cultura!).
Em seus 120 anos, o Fluminense foi o clube de coração de muitos artistas e intelectuais, como Tom Jobim, Renato Russo, Chico Buarque de Hollanda e o maior dramaturgo do país, Nelson Rodrigues.
Júpiter e Lua estão na discreta casa 12, o que explica outra fama injustamente associada ao Fluminense: a de clube que opera nos bastidores, influenciando decisões políticas e obtendo vantagens no tapetão.
Não por acaso, o personagem que, na imaginação popular, representa o Fluminense é o Cartola, representado como um mauricinho do início do século passado. E o mais famoso de todos os presidentes do clube foi Francisco Horta, um juiz (Júpiter, de novo!).
Fluminense: mais carioca do que brasileiro
Com um stellium de casa 4 e a Lua na 12, o Fluminense não nasceu para ser uma paixão nacional, como o Flamengo. O vínculo fundamental é com suas tradições e raízes, ou seja, a própria cidade do Rio de Janeiro, onde nasceu. Trata-se do mais carioca dos clubes.
Na sinastria com o mapa da fundação do Rio de Janeiro, a Lua, que ocupa o Meio do Céu da carta carioca, está no Ascendente do clube. No Fundo do Céu, vemos Netuno e o Ascendente da cidade. No Meio do Céu, finalmente, encontramos o Urano do Rio de Janeiro, no mesmo signo do próprio Urano do Fluminense.
A sinastria indica um fortíssimo grau de identificação, fazendo do Fluminense a própria expressão esportiva da alma do Rio de Janeiro. Não o Rio caótico e violento dos últimos anos, mas a cidade encantadora e opulenta dos tempos em que era ainda a Capital Federal e sede de poder no país.
Na verdade, o Fluminense carrega este toque nostálgico (Lua do Rio no Ascendente do clube), tornando-o, mais do que um clube de futebol, a memória viva de um modo de ser.