O Brasil acordou em 29 de novembro de 2016 com uma triste notícia: o avião que levava a equipe da Chapecoense para a disputa da final da Copa Sul-Americana contra o Nacional de Medellín espatifara-se a 30 quilômetros do aeroporto daquela cidade colombiana, matando 71 dos 77 passageiros. Perderam a vida quase todos os jogadores e dirigentes do clube catarinense, alguns torcedores e mais de vinte jornalistas esportivos, incluindo conhecidas figuras de grandes redes de TV. É o maior desastre do gênero no mundo envolvendo uma equipe esportiva.
A Chapecoense vinha sendo considerada um fenômeno no futebol sul-americano. Com apenas 40 anos de vida, chegara à primeira divisão do campeonato brasileiro há quatro anos, após recuperar-se de uma crise que quase a levara à falência em 2005. Com desempenho surpreendente para uma equipe do interior, jamais esteve ameaçada de rebaixamento. Em 2015, chegou às quartas-de-final da Copa Sul-Americana, segunda competição mais importante do continente. Em 2016, a maior glória do jovem clube: depois de partidas dramáticas, onde eliminou adversários argentinos e colombianos muito mais conhecidos, a Chapecoense chegara à classificação para a final da Copa Sul-Americana contra o poderoso Atlético Nacional de Medellín. O acidente ocorreu num momento de ascensão meteórica do Verdão do Oeste, que, de equipe de projeção regional, tornara-se subitamente conhecida em todo o continente. Com a tragédia, a Chapecoense deu um passo a mais, tornando-se notícia em todos os jornais do mundo.
É evidente que o mapa do clube deve expressar todas essas possibilidades: a de tornar-se conhecido muito além das fronteiras regionais, a de passar por um momento de apogeu em 2015-2016 e a de vivenciar um momento difícil como o que efetivamente ocorreu com a queda do avião em Medellín.
A Chape – Associação Chapecoense de Futebol – foi fundada em 10 de maio de 1973, com o objetivo de restaurar o futebol profissional em Chapecó. Resultou da união de dois clubes amadores locais e do entusiasmo de um grupo de desportistas e empresários. Não encontramos na internet qualquer referência à ata de fundação, nem registros do horário exato da assembleia que instituiu a nova agremiação. Podemos apenas ficar no terreno das especulações. 10 de maio de 1973 foi uma quinta-feira – um dia útil. As chances de que a assembleia tenha ocorrido antes das 18h30 são, portanto, praticamente nulas. A prática habitual em clubes, associações, condomínios e ONGs é sempre realizar assembleias em horário que torne possível a participação de todos os interessados, e sabemos que a absoluta maioria dos trabalhadores cumpre expediente até às 18h00 ou 18h30.
Naquele dia, o Ascendente entrou em Sagitário pouco depois das 18h24, e aí permaneceu até às 20h24. A partir daí, temos um Ascendente em Capricórnio, que só daria lugar a Aquário bem depois das 22h00. É muito difícil pensar numa assembleia iniciada além das 22h, o que nos leva, de imediato, a descartar esta hipótese. Mesmo após as 20h30 já não seria muito provável, considerando que na época Chapecó era uma cidade de pouco mais de 20 mil habitantes e sem engarrafamentos de trânsito. A nosso ver, os horários mais lógicos seriam aqueles entre 19h e 20h, e a probabilidade de um Ascendente em Sagitário supera os 90%.
Nesta faixa, optamos por um mapa especulativo para as 19h30, já que deixaria Saturno em trânsito exatamente sobre o Ascendente do clube (um momento de restrições e de “queda na real”), ao mesmo tempo em que Júpiter da fundação da Chapecoense, em Aquário, receberia uma conjunção de Marte em trânsito.
Sagitário é um signo relacionado a movimento, propagação, grandes distâncias, viagens longas e horizontes amplos (no sentido literal e figurado). O Ascendente neste signo está de acordo com a possibilidade de uma carreira internacional (algo pouco comum para uma equipe do interior) e com a perspectiva de propagar o nome da cidade bem além das fronteiras do país. Este potencial de popularidade está reforçado pela Lua no Meio do Céu e pela quadratura entre Júpiter, regente do Ascendente, e Mercúrio, regente das casas 10 (reputação, carreira) e 7 (adversários e torcida). Cabe lembrar que o sentido expansivo e hipertrofiado de Júpiter tende a funcionar até mesmo nos aspectos tensos, como quadraturas e oposições.
A cidade de Chapecó foi fundada em 25 de agosto de 1917. O Sol está em Virgem, em conjunção com o provável Meio do Céu da Chapecoense – um indicador de que a cidade e seu clube de futebol energizam-se mutuamente. Já a Lua pode estar nos últimos graus de Escorpião ou, mais provavelmente, em Sagitário, caso a fundação tenha ocorrido após o meio-dia. É bastante provável que a Lua da cidade esteja em quadratura com o Marte do clube. É um aspecto de estímulo mútuo, mas também de uma relação complicada. O clube (Marte) pode ferir a cidade (Lua), o que efetivamente ocorreu, se bem que de forma totalmente involuntária, com a tragédia de Medellín.
No artigo Os esportes coletivos na Olimpíada defendemos que os significadores astrológicos do futebol são Marte/Escorpião, Peixes e Aquário. Na carta da Chapecoense encontramos uma quadratura T entre Marte, Lua e Netuno – sendo que Marte em Peixes já reúne dois significadores deste esporte. É uma configuração bastante dúbia. Homens com aspectos tensos Marte-Netuno podem ser considerados sexy exatamente porque transmitem uma mistura de agressividade com fragilidade. Esta configuração confere glamour, mas pode indicar vitimização, ilusão/desilusão ou sacrifício pelo bem da coletividade. No caso da Chape, houve a vitimização, já que os jogadores serão lembrados para sempre em Chapecó como mártires da cidade. E houve também a tremenda desilusão do sonho não concretizado. Com a Lua envolvida na configuração, é evidente que a emoção da comunidade entrou em jogo.
A imprensa americana comparou a trajetória do clube a uma versão trágica da história de Cinderela. Alguns jornais europeus definiram a Chape como a nova “namoradinha do Brasil”. Efetivamente, os amantes do futebol estavam encantados com o estilo daquela agremiação, uma espécie de antítese de tudo que anda errado não apenas no futebol brasileiro, mas no país inteiro, de forma geral: um clube administrado de forma séria e enxuta, pagando salários modestos e com um elenco sem qualquer estrelismo; uma equipe que disputava em campo cada bola, correndo sem parar e com aplicação tática incansável. Em outras palavras: o sucesso da Chape era fruto de seriedade e trabalho duro, qualidades ligadas ao elemento Terra – o Sol em Touro no mapa do clube e em Virgem no mapa do Brasil – e tão esquecidas no momento atual. O triunfo pelo bom uso das características terráqueas é a eterna promessa de todas as cartas brasileiras: é a utopia por trás do Sol em Touro do mapa do Descobrimento, do Sol em Virgem do Grito do Ipiranga e do Ascendente em Capricórnio da Proclamação da República. Ordem e Progresso, porque, em se plantando, tudo dá.
Muito significativo que o trágico aniquilamento da equipe da Chape tenha ocorrido no mesmo dia em que a Câmara e o Senado, alegremente, desfiguravam as propostas anticorrupção e votavam um plano de equilíbrio de contas que pune o setor produtivo sem extinguir privilégios. Netuno, o mesmo planeta no ápice da quadratura T da Chape, começa também, lentamente, a anunciar sua oposição ao Sol do Brasil. As ilusões e desilusões mal começaram… Quem aguenta?
José Dagostim diz
O último parágrafo é ideológico e em nada tem de astrologia. Aliás, a astrologia não tem partido.
José Dagostim diz
Chove lágrimas em Chapecó…
Marcia Pires diz
Olá. Gostei muito dos mapas! Como enveredei pela Karmica, não pude deixar de notar a conjunção de Urano em trânsito com Kiron natal (a 18°44′ de Aries) e de Plutão(t) com o Nodo Norte. Abraço!