Quando dizemos que somos de Libra, Câncer ou Aquário, na realidade estamos falando do Sol. Somos de Libra, Câncer, Aquário, etc., porque nascemos quando o Sol transitava por esses signos. O Sol-estrela representa 90% de toda a massa do sistema Solar. Ele é centro do nosso sistema planetário – fonte de luz, energia, brilho e calor. Da mesma forma, o Sol astrológico é o fator mais importante do Mapa Natal. Entre vários significados ele simboliza a vontade, o caráter, o ego ou eu pessoal. O Sol é a nossa verdadeira essência, é o espírito dentro de nós.
Também simboliza a autoridade acima de nós: governo, chefe, pai.
Áries, Leão e Capricórnio têm muito a ver com o Sol:
- Áries é o signo de exaltação do Sol.
- Leão é o signo de domicílio do Sol.
- Capricórnio é o signo natural da Casa 10: o Meio-do-Céu – ponto mais elevado da trajetória do Sol. A casa 10 indica o PAI na Astrologia tradicional.
Áries tem energia para ser independente, ser o primeiro, para agir.
Leão usa a energia para ser especial, ser notado, ser amado e querido.
Capricórnio emprega a energia para ser importante, ser respeitado, temido.
Até as casas que correspondem a esses três signos têm a ver com a o ego. A Casa 1 representa a Personalidade. A Casa 5, a Individualidade, e a Casa 10, o Poder Pessoal, a Imagem Pública.
Um signo é um modelo de desenvolvimento, um padrão arquetípico retratado numa história ou mito. Cada signo contém seus próprios conflitos, ambivalências e motivações.
Áries, Leão e Capricórnio, signos onde o Sol se mostra mais forte, são exatamente aqueles que em seus mitos contam histórias de conflitos entre PAI e filho.
No artigo Três signos, três histórias e seus arquétipos paternos, vemos como Áries corresponde ao mito de Jasão e o Velocino de Ouro, que retrata o pai terrível; Leão tem conexão com o mito de Parsifal e o Rei do Graal – a representação do pai ferido; Capricórnio, finalmente, incorpora o mito de Cronos-Saturno, onde está presente o arquétipo do pai castrador.
Como pudemos constatar, o processo que começa como um confronto ou enfrentamento da autoridade paterna revela um impulso para adquirir autoconhecimento, que é muito forte nesses três signos. Para nós, astrólogos, é mais fácil entender o porquê:
Pai = Sol = Caráter = Vontade = Individualidade
Na maioria das sociedades e culturas o papel do Pai é o de orientar a criança e corrigir e premiar seus erros e acertos.
Podemos observar que quando uma pessoa perde o pai parece que ela se torna mais assertiva, sua VONTADE se fortalece. É como se, antes, o princípio solar tivesse que se dividir por vários significados, e como deixou de representar o pai, ilumina mais fortemente a vontade pessoal. Estudos mostram que o PAI estimula a criança a interagir com o mundo externo e a desenvolver limites internos e autocontrole. O PAI é mais efetivo na disciplina e, à medida que impõe limites, corrige, castiga, incentiva e recompensa, desenvolve a autoestima da criança e a ensina a suportar as frustrações que, inevitavelmente, a vida trará.
A falta de limites no ambiente familiar faz com que esses limites sejam buscados fora, nos mecanismos de repressão da sociedade: polícia, juizado de menores, tribunais, etc.
Na Astrologia o planeta Saturno é associado aos conceitos de dever e responsabilidade, enquanto o planeta Júpiter representa a recompensa, a compensação pelo cumprimento do dever.
Atualmente todos querem obter sucesso e riqueza com o mínimo de esforço. Agora é o mau exemplo que vem de cima, como para atestar o estado de decomposição de valores que estamos vivendo. A idéia de merecimento pelo esforço foi esquecida, os pais já não ensinam aos filhos que existem limites, deveres e responsabilidades com medo de parecerem antiquados.
Mas, ao contrário, como uma planta precisa ter um solo firme para se enraizar e crescer mais forte, assim também o jovem ser humano necessita de limites e orientação para construir sua personalidade.
É no enfrentamento da autoridade paterna que elaboramos nossa personalidade e descobrimos nosso lugar no mundo. Esse confronto é útil e necessário e acelera o processo de aquisição de consciência e a descoberta da nossa verdadeira identidade. O ponto médio Ascendente-Meio do Céu é no meio da casa 5, a verdadeira individualidade.
Enfim, eu quis explorar a importância do Pai na formação do caráter, e isso me levou a uma reflexão que gostaria de compartilhar com mais pessoas. Plutão foi descoberto quando transitava em Câncer, signo da Mãe, e agora está em Capricórnio, em oposição ao signo de sua descoberta. Em Câncer ele trouxe grandes mudanças à estrutura da família tradicional, principalmente o fim do papel feminino de dedicação exclusiva ao lar e aos filhos. A Segunda Guerra Mundial fez com que as mulheres tivessem que assumir o comando de seus lares e o sustento da família na ausência dos maridos provedores, indo trabalhar fora e provando mais liberdade e independência.
Agora em Capricórnio, Plutão tem nos premiado exclusivamente com seus aspectos mais maléficos, trazendo à tona governos corruptos e criminosos, autoridades envolvidas com o narcotráfico, terrorismo, abalo na hierarquia da Igreja, com padres pedófilos, pais assassinando, abusando e torturando suas crianças, bebês indesejados jogados no lixo, estudantes espancando professores, pessoas de bem escondendo o rosto enquanto bandidos e réus confessos sorriem para as câmeras de TV. Parece que tudo que era sólido está se desmanchando no ar, como dizia o título daquele livro famoso nos anos 80.
Isso tudo comprova que a humanidade como um todo está precisando de limites! A arrogância do ser humano é ilimitada. Nada na natureza cresce ou se expande indefinidamente, tudo obedece a uma norma, tudo tem limites. Intimamente todos sabemos disso. E ansiamos por algo que possa nos deter como uma criança birrenta.
Será por isso que vivemos sonhando com a intervenção de um PODER SUPERIOR?
Com a destruição da nossa civilização?
Com a extinção da raça humana?
Será que não devemos transmutar esse Plutão em Capricórnio usando seus significados mais benéficos e trabalhar para reconstruir estruturas?
Será que não está na hora de reafirmar o Poder Superior do PAI na formação do caráter? “Re-empoderar” a figura paterna?
Bem, o que eu sei é que o glifo do planeta Plutão contém a cruz da matéria, a Lua e o Sol. Nesse glifo o Sol não está pregado em nada. Ele flutua triunfante. E o Sol é espírito.
Sou otimista e acredito que a vitória do Mal é sempre passageira. No fim, o Bem sempre vence. E que então, “o Sol voltará a brilhar”!
O autoconhecimento e a autorrealização constituem o prelúdio necessário à compreensão de Deus.
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