O ambiente cultural das empresas
Da mesma forma que uma cultura primitiva tem suas festividades e seus modelos de cosmo, isto é, seu entendimento de como o mundo funciona, cada núcleo social tem suas estruturas e regras, normalmente erigidas sob a estrutura maior da sociedade em que cada núcleo se desenvolve. Como vimos nos parágrafos anteriores, cada aspecto de uma cultura, suas preferências, atributos e correspondências simbólicas podem ser rastreados pelas técnicas astrológicas. O mapa astrológico é um modelo gráfico de um cosmo, isto é, de um “universo” criado onde as circunstâncias e dramas se desenrolam de uma maneira mais ou menos predefinida.
O início de uma existência, seja de um indivíduo ou de uma empresa, marca a culminação de um processo de transformação do Caos em Ordem. O mesmo princípio, então formalizado, passa por diversas fases de ajustes e reordenações a fim de garantir sua sobrevivência e longevidade. Numa empresa, grosso modo, este é o trabalho do administrador e da diretoria de Recursos Humanos. Estes profissionais precisam adequar uma série de elementos conflitantes à realidade da empresa, de forma a adaptá-los a cada subdivisão daquele “cosmo” em que vão trabalhar. Para isso, eles precisam compreender a estrutura organizacional em que operam e a essência dos serviços que a empresa pretende oferecer.
Disso decorre a necessidade de um processo de recrutamento e seleção visando ao preenchimento de vagas com profissionais psicológica e culturalmente de acordo com a função a ser desempenhada. O administrador precisa, além de conhecer a estrutura organizacional, fazer projeções temporais do desempenho da empresa, traçar metas, programar ganhos e gastos, enfim, precisa ter uma boa capacidade de previsão, entre outros talentos.
A Astrologia funciona muito bem como elemento de apoio organizacional quando entendemos que cada signo, casa e planeta corresponde a setores, cargos, situações específicos e até a padrões comportamentais de funcionários etc. O mapa da empresa também pode mostrar como se dá o relacionamento entre setores e cargos no ambiente interno. O conhecimento simbólico pode ampliar a capacidade de previsão e de organização do administrador. Para profissionais de Recursos Humanos, tanto a linha psicológica quanto a humanista teriam papel preponderante. Para os gerentes, a Astrologia pode ampliar a capacidade de coordenar seu pessoal, com base no conhecimento de tendências naturais e dos ciclos pelos quais cada um está passando. Em todos os casos, o traçado de um plano de carreira pode ser feito com maior precisão se os interessados dispuserem de técnicas de prognóstico em Astrologia.
Hoje todo mundo sabe quem é Bill Gates. Mas um dia ele também frequentou a fila dos candidatos a emprego. Um profissional de recursos humanos sem conhecimentos astrológicos poderia reconhecer a vocação para a informática e para os grandes negócios do rapaz aí de cima?
O próprio gráfico do mapa mostra, através do sistema de correspondências, as inter-relações entre os diversos setores, entre níveis hierárquicos, quais são os pontos fortes e fracos de uma empresa, sem, contudo, jamais deixar de lado a ideia de que tudo se desenvolve. Nem indivíduos nem coletividades são estáticos. Ambos podem desenvolver seus potenciais se dispuserem de condições para tanto. Mas, ao contrário do que normalmente se pensa, toda a tecnologia hoje disponível não é suficiente para transformar estas condições de desenvolvimento num conto de fadas. A criatividade e a inteligência também são desenvolvidas em situações de poucos recursos.
É o caso do laboratório Farmanguinhos, no Rio de Janeiro, que produz grande parte dos medicamentos do coquetel anti-Aids distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde brasileiro. A quebra da lei de patentes, aliás, provocou verdadeira guerra com grandes impérios farmacêuticos, como a suíça Roche e a norte-americana Merck. Farmanguinhos é uma unidade da Fundação Oswaldo Cruz, um órgão público. Seus profissionais, cuja remuneração está abaixo da de laboratórios privados, são tão capazes e criativos que, mesmo em departamentos sem recursos tecnológicos de vanguarda, conseguem produzir em quantidade e qualidade às vezes superior à de super-laboratórios.
Mas como eles conseguem tudo isso? Simples: idealismo, desafio, autoconfiança e desejo de contribuir para o bem-estar da sociedade. E isso não é feito por meio de métodos ameaçadores. Os profissionais da Farmanguinhos, que têm currículos bem polpudos, poderiam muito bem conseguir outros empregos. Mas é a meta que interessa, e a meta os faz buscar o máximo de desenvolvimento possível. O fato de saberem que estão produzindo algo de enorme importância e impacto social também ajuda, pois cada indivíduo, em seu trabalho, sente-se responsável pelos resultados do que a equipe produz.
Em suma, condições de desenvolvimento tanto podem ser entendidas em termos de equipamentos quanto em termos de metas, confiança e trabalho de equipe. Muitas vezes é justamente a dificuldade para se chegar a um objetivo que instila o desejo de desenvolvimento, mas isso não quer dizer que se deve criar toda sorte de impedimentos, pois isso apagaria aquele fogo criativo que impulsiona os profissionais.
O papel de Marte
Ora, do que estou falando? Marte! Em Astrologia é Marte o símbolo análogo a este desejo de vencer dificuldades aparentemente impossíveis. O entusiasmo de enfrentar a inércia do mundo é tão importante quanto a capacidade de gerir seus recursos. Quem possui conhecimentos astrológicos genuínos jamais pode deixar de levar em conta o fator Marte numa organização empresarial, e muito menos nas iniciativas individuais. Marte também corresponde aos conflitos entre funcionários, entre setores, diretores, enfim, conflitos em si.
Pessoas desavisadas podem imaginar que o melhor procedimento é reprimir esta força avassaladora ou tentar educar as pessoas para não agirem individualmente, e sim considerando sempre o sistema. Isso acabaria com o potencial de crescimento da empresa, pois os mesmos conflitos que atrapalham podem ser aqueles que impulsionam novos paradigmas e progressos. O importante é saber como gerenciar. A Astrologia é uma ferramenta que nos auxilia a realizar esta proeza. Se uma situação conflituosa acontece fora de nosso controle, o conhecimento que o sistema de símbolos astrológicos provê ajuda nas tentativas de converter uma situação difícil numa poderosa alavanca de mudanças.
Com as técnicas de prognóstico em Astrologia a empresa pode precaver-se de períodos menos promissores e investir em idéias que encontrarão maior receptividade no público consumidor, quando numa associação com a pesquisa de marketing. O entendimento de ciclos coletivos pode levar o departamento de marketing, bem como a diretoria administrativa, a avaliar com mais clareza as possibilidades de criação de novas linhas de produto.
Nos processos de mudanças de regras, tantas vezes impostos arbitrariamente pelos dirigentes das organizações, o conhecimento da cultura da empresa, somado à percepção que o sistema astrológico confere, pode evitar várias complicações originadas pela resistência dos funcionários à mudança. Muitas vezes, a empresa está para passar por um período caracterizado por trânsitos como os de Urano ou Plutão por pontos-chave de seu mapa astrológico. Em tais épocas não raro certas inovações bruscas (Urano) ou cortes e remanejamentos (Plutão) desestruturam os alicerces culturais da empresa e, em vez de gerar maior produtividade, resultam em enorme insatisfação entre os funcionários. São eles os alicerces humanos daquilo que a empresa produz.
O ambiente cultural é tudo. Empresas que tentaram reverter a cultura da segregação racial do sul dos Estados Unidos descobriram isso na pele. Foto: marcha de ativistas da organização segregacionista Ku-Klux-Klan (anos 40).
A cultura de uma empresa ou entidade coletiva é normalmente indicada pelos planetas Júpiter, Saturno, pela Lua e pelas casas 9 e 4 (a 10 seria a diretoria). Se esta cultura for atropelada por uma mudança que não consiga assimilar de imediato, então os resultados realmente podem ser mais perdas do que ganhos. As mudanças uranianas e plutonianas são drásticas e repentinas. A estrutura (Saturno) da empresa precisa de tempo (Saturno) para que novos conceitos e filosofias (Urano-Júpiter) sejam incorporados e acomodados gradativamente. É comum, no atendimento individual, vermos indivíduos passando por um período enfaticamente uraniano, querendo mudar tudo de uma só vez e reclamando que as pessoas não os escutam, ou que recusam os “benefícios” que desejam introduzir. Existem outros casos em que alguém muito “jupiteriano” se apressa em instalar uma filosofia de produção “alienígena” na empresa.
Um bom exemplo estaria no executivo que, após uma pós-graduação em Harvard, traz para uma empresa tradicional do interior de Minas Gerais um modelo de administração que revolucionou o desempenho das empresas nos Estados Unidos. Este executivo, sem levar em consideração as peculiaridades culturais da região e principalmente de sua empresa, tenta repetir exatamente o modelo americano. Fracassa, pois seria preciso adaptá-lo e dar tempo às pessoas para assimilá-lo. Se não fracassa de imediato, gera um comportamento bastante resistente entre os profissionais que lá atuam, que obedecem de má vontade apenas para não perder o emprego. O executivo inovador acaba imaginando preconceituosamente que a culpa é “dessa gente do interior de Minas, atrasada e preguiçosa”, e esquece que desconsiderou a cultura local. O que funciona bem para uma dada realidade pode não ter efeitos em outra.
Uma das contribuições da Astrologia para evitar tais problemas é a compreensão de que na natureza tudo é gradativo, que tudo tem seu oposto polar e que, se agimos por meio de um extremo, fatalmente ativaremos o extremo oposto. Com isso há uma situação de conflito que tende a desestabilizar o “cosmo” da empresa.
Os exemplos são infinitos, mas convergem para um ponto comum: por mais que, aparentemente, a linguagem da Astrologia pareça distante da realidade do mundo dos negócios e da luta pela sobrevivência, os trabalhadores, as empresas e as organizações de todo tipo atuam num ambiente sempre carregado de referências simbólicas extraídas das visões de mundo presentes no meio cultural.
A Astrologia, na medida em fornece exatamente ferramentas para interpretar visões de mundo, símbolos, valores, expectativas e necessidades coletivas, tem uma utilidade inequívoca neste contexto. Consultores organizacionais de formação convencional analisam cenários e extraem tendências. Astrólogos voltados para organizações também desenham cenários e extraem tendências, mas com um enfoque ainda mais abrangente. E, como vimos, as técnicas usadas na Astrologia Empresarial são as mesmas de Astrologia Mundial ou Coletiva, bastando que se contextualizem os significados para aquele núcleo que a empresa representa.
