Lançado no Brasil em janeiro de 2023, o filme Emily, da diretora Frances O’Connor, retrata a vida da escritora Emily Brontë, uma mulher à frente de seu tempo: seu romance O Morro dos Ventos Uivantes (Wuthering Heights), publicado em 1847, chocou a sociedade da época, dividiu a opinião pública e foi considerado imoral por muitos leitores.
Trata-se de uma história de paixão e obsessão, com personagens intensos, passionais e egoístas que cumprem um destino trágico. Hoje, o livro é um dos clássicos da literatura inglesa, mas muitos detalhes da vida da autora permanecem pouco conhecidos.
Emily nasceu em Thornton, Inglaterra, em 30 de julho de 1818, provavelmente às 14h49 (ou em horário muito próximo).
Ao contrário do que poderia sugerir o Sol em Leão, Emily teve uma vida muito mais introvertida e discreta do que suas irmãs, as também escritoras Charlotte e Anne Brontë. O Sol de Emily ocupa o final da difícil casa 8, onde também se encontra a Lua em Câncer oposta a Júpiter, um aspecto de exageros emocionais.
No mapa de Emily Brontë, o elemento Água aparece como dominante, seguido de perto pelo Fogo, enquanto o Ar (a racionalidade) encontra-se completamente ausente. Some-se a isso um Ascendente em Escorpião e uma turbulenta quadratura T nos principais ângulos da carta, envolvendo Urano, Saturno, Vênus e Marte, e temos aí o retrato de uma mulher intensa, voluntariosa, literalmente capaz de morrer por suas paixões.
Com efeito, Emily não alcançou sequer o primeiro retorno de Saturno: morreu aos 29 anos incompletos, após cair doente durante o funeral de seu irmão, com quem mantinha uma forte ligação. Mais correto seria dizer que Emily foi vítima da dificuldade de exteriorizar sua própria intensidade, contida nas profundezas do Ascendente Escorpião e no doloroso silêncio da Água e da casa 8.
O filme Emily, ao contar a história num tom intimista e sombrio, consegue captar com rara felicidade a atmosfera gótica em que viveu a escritora. É uma boa tradução cinematográfica dos valores de Escorpião, de Câncer e de um Sol leonino sufocado no seu brilho. Vale a pena assistir.