Na edição nº 81 de Constelar, de março de 2005, contamos como a América de George W. Bush, uma superpotência paranoica, sempre em guarda contra inimigos reais ou imaginários, já estava prefigurada no mapa de estreia do desenho animado As Meninas Superpoderosas, de 1998. Pois agora você vai saber como a América dos sonhos de Barack Obama também estava esboçada nos traços de outro personagem dos desenhos, desta vez bem mais simpático. Prepare-se para conhecer Bob Obama – ou, se preferir, Barack Esponja.
A abordagem que adotamos agora é exatamente a mesma do artigo de 2005, que sintetizamos a seguir.
George W. Bush, o prefeito de Townsville, e suas superpoderosas protetoras
Resumo da história que contamos por inteiro em 2005: antecipando o medo do terrorismo que assolaria os Estados Unidos a partir de 2001, em 12 de março de 1995 um certo trio de personagens faz a sua pré-estreia como desenho animado. Ninguém dá muita atenção. Em 18 de novembro de 1998 o desenho animado é lançado de novo, desta vez para fazer uma longa carreira. O novo desenho logo se transforma em sucesso.
O detalhe mais significativo: o novo desenho animado tem Júpiter (regente do Ascendente dos Estados Unidos) como dispositor final nas duas cartas, a da pré-estreia em 12/03/95 e a da estreia, em 18/11/98.
Considerando os horários de estreia no Cartoon Network, o Ascendente da carta de 1995 está sobre o Meio do Céu dos Estados Unidos, enquanto o de 1998 está sobre Júpiter do país. De que desenho animado estamos falando? Delas mesmas, as super-heroínas Florzinha, Lindinha e Docinho, mais conhecidas como Meninas Superpoderosas!
As meninas vivem em Townsville, uma cidade imaginária que bem poderia chamar-se Washington, D.C. Townsville é administrada por um prefeito incompetente que se acha cercado de inimigos (qualquer semelhança com George W. Bush NÃO é mera coincidência).
As meninas têm cinco anos e nenhuma vida privada. Vivem a serviço do Estado, lutando contra os inimigos de Townsville. São o fruto de uma experiência científica do professor Utonium. É claro que os inimigos de Townsville são os inimigos dos Estados Unidos e que o Prof. Utonium (plutônio!) é um símbolo da ciência e da indústria militar americana.
O Macaco Louco era assistente do Prof. Utonium, mas tentou roubar suas fórmulas e transformou-se num monstro com supercérebro. Para segurar a enorme cabeça, precisa usar um turbante, o que lhe dá uma aparência árabe. Tal como Saddam Hussein – que foi, no princípio, aliado dos Estados Unidos e financiado pelos americanos – passou a ser um inimigo em busca do controle do mundo.
O prefeito incompetente tem uma eficiente assistente chamada Srta. Sarah Bellum, que cuida de tudo para ele e orienta as Meninas Superpoderosas. Sarah Bellum lembra cerebelo (uma mulher que usa a cabeça). Bellum significa GUERRA em latim. Não é preciso muito esforço para associar a Srta. Bellum com uma certa Srta. Condoleeza Rice, a Secretária de Estado do ex-presidente Bush.
Uma ameaça ao american way of life?
Poucos meses depois da estreia das Superpoderosas, surgia um novo desenho animado que iria dividir a preferência do público e tornar-se conhecido mundialmente. Bob Esponja, lançado em 1º de maio de 1999, tornou-se um enorme sucesso, cujo auge ocorreu entre 2001 e 2003. Bob Esponja expressa valores de companheirismo, afetividade, amizade, empatia para com o diferente e postura não-competitiva. Exatamente o oposto da era Bush.
A preocupação com o coletivo e a ênfase na solidariedade como cimento das relações sociais fazem pensar em Aquário e Peixes; a alegria e o exibicionismo do personagem, assim como a escandalosa cor amarela, lembram Leão. A comunicabilidade remete aos signos de Ar, de forma geral; e a afetividade, disposição para envolver-se com outros e a vida profissional ligada à comida (ele é cozinheiro) apontam para Touro e Câncer.
O desenho Bob Esponja foi apresentado pela primeira vez logo depois do especial Nickelodeon Kids’ Choice Awards, no sábado, em 1º de maio de 1999, provavelmente no início da noite. Como não há certeza da hora, consideremos uma carta solar para o meio-dia da Flórida (sede da emissora Nickelodeon).
O Sol está em conjunção com Saturno em Touro (a situação submissa, a rotina do trabalho ligado à comida) e em quadratura com Netuno e Urano em Aquário (a necessidade de uma vida social intensa, o idealismo, o envolvimento com as questões coletivas). A configuração já fala muito sobre a tônica desse desenho animado. Mas Bob Esponja tem um segundo mapa, para a a estreia regular da série: 17 de junho de 1999, quando vai ao ar o segundo episódio e o programa entra definitivamente na grade de programação da emissora.
O segundo mapa completa o primeiro ao destacar o eixo Leão-Aquário (oposição Lua-Urano), ao enfatizar o aspecto exagerado do personagem (quadratura Netuno-Júpiter) e ao apresentar o Sol num signo de comunicação (Gêmeos). Mais adiante veremos como esses mapas se conectam com o Barack Obama.
Bob Esponja trabalha no restaurante do Sr. Siriguejo, um caranguejo que só pensa em dinheiro. É preciso lembrar que Câncer (ou Caranguejo) é o signo solar dos Estados Unidos? O grande rival do Sr. Siriguejo é Sheldon, o plâncton que quer dominar o mundo roubando o segredo do hambúrguer de siri. Sheldon, um ser minúsculo, indiferenciado e que só se torna poderoso quando reúne um exército formado por sua enorme família (milhares de plânctons exatamente iguais) pode simbolizar os chineses, seres também indiferenciados aos olhos dos americanos, que não produzem tecnologia própria e pirateiam tudo. A luta pela receita do hambúrguer de siri recorda a queda de braço em nível mundial entre as grandes corporações que defendem suas patentes e os países emergentes que pretendem quebrá-las.
O microscópico e megalomaníaco Sheldon, o plâncton de um olho só, é uma boa imagem para a visão preconceituosa que os americanos têm dos chineses, em particular, e dos orientais, de uma forma geral: o “perigo amarelo”, hordas de trabalhadores baratos que reproduzem a custo mínimo os produtos do Ocidente, sem pagar os devidos royalties. Sheldon, que é casado com um enorme “computador-fêmea” (a apropriação da alta tecnologia pelo mundo subdesenvolvido), é retratado de forma ridícula, mas representa para os americanos um perigo real.
A problemática presente nos desenhos de Bob Esponja também faz parte das preocupações de Barack Obama. O mapa do presidente e os mapas do personagem apresentam diversas ressonâncias. Vejamos as mais importantes:
- Sol em quadratura com Netuno no nascimento de Obama e na estreia de Bob Esponja – é um aspecto de idealismo, inspiração mas também de ausência de limites e falta de praticidade.
- Ênfase no eixo Leão-Aquário (em Obama e no início de temporada de Bob Esponja) – “Yes, we can!”
- Aspecto Júpiter-Mercúrio (conjunção na estreia do desenho e oposição em Obama) – é um indicador de verborragia e de um discurso generoso, cheio de ideias grandiosas, se bem que às vezes tão ocas quanto um balão de gás.
- Luminares em Leão e Gêmeos – Sol e Lua estão em posições trocadas no mapa de Obama e no do início de temporada do desenho. Tanto Obama quanto Bob Esponja adoram um palco e um microfone.
Além dessas, ainda existem as correlações não astrológicas:
- Bob Esponja nasceu e vive num lugar chamado Fenda do Bikini, no meio do Oceano Pacífico. Já Barack Obama nasceu em Honolulu, Havaí, igualmente no meio do Oceano Pacífico.
- Bob Esponja tem uma inclinação para lidar com os diferentes. Uma de suas melhores amigas é uma fêmea de esquilo chamada Sandy que visita o fundo do mar utilizando um escafandro e às vezes leva Bob Esponja para passear na superfície. Barack Obama também tem ligação com membros de diversas minorias étnicas e religiosas, gente que, para os americanos conservadores, parece tão esquisita quanto um esquilo no fundo do mar.
- Bob Esponja foi acusado de estimular comportamentos antiamericanos. Sua suposta ligação homossexual com Patrick Estrela é vista por entidades conservadoras como uma influência negativa para as crianças. Barack Obama sofreu os mesmos preconceitos, seja por ser negro, seja pelas origens muçulmanas de parte de sua família.
Bob Esponja é carismático e bem intencionado, mas não consegue mudar a realidade de seu mundo. Por mais que tumultue e subverta a rotina do restaurante onde trabalha, sempre acaba de volta à cozinha – e trabalhando para engordar a conta bancária do Sr. Siriguejo. Se pensarmos que o dono do restaurante funciona como uma metáfora para todo o complexo industrial-financeiro americano, a analogia é clara: Barack Obama pode ter muitos projetos, mas o papel que se espera dele é o de restaurar a velha ordem, criando condições de retomada da prosperidade para banqueiros, tubarões da indústria e raposas do mercado financeiro.
Obama é tão popular e bem intencionado quanto Bob Esponja. Conseguirá mudar alguma coisa? O desafio é pesado. Que o digam os trânsitos que Plutão já começa a fazer, formando sucessivas oposições a todos os planetas em Câncer do mapa americano. Talvez daqui a alguns anos estejamos comparando Obama não mais com Bob Esponja, mas sim com a depressiva figura de Lula Molusco.
Fabiana Maranhão diz
Fernando, parabéns pelo site! Conheci através dos videos de minha astróloga Eliane Caldas, ela sempre recomenda o constelar como fonte de um excelente acervo para estudo, vou agradece-la pela excelente indicação!
Redação Constelar diz
Eliane Caldas, de Recife? Você está em boas mãos!