A atriz Aracy Balabanian faleceu em 7 de agosto de 2023, deixando um legado papéis marcantes em dezenas de novelas e programas humorísticos, ao longo de 59 anos de carreira. Descendia de refugiados armênios que se fixaram no Mato Grosso do Sul, após escapar do genocídio promovido pelo Império Otomano (atual Turquia) entre 1915 e 1923. Quando contava 15 anos, Aracy mudou-se com a família para São Paulo, onde descobriu sua paixão pelo teatro e teve de enfrentar fortes resistências domésticas.
Contribuíram para esta opção o Sol em Peixes, um signo voltado para a imaginação e a fantasia, e ainda mais fortemente a Lua em Leão, em quadratura com o independente Urano. Leão é o signo do palco, do espetáculo, e a Lua ali posicionada mostra a atriz como alguém capaz de brilhar diante do público e sentir-se à vontade em cena.
Ao longo da carreira, Aracy teve muito mais oportunidades nas telenovelas do que nos espetáculos convencionais. Urano é um significador da televisão e de sua tecnologia, e sua quadratura com a Lua parece ter tido um papel determinante na intimidade que a atriz demonstrava com as câmeras.
Mercúrio e Netuno exilados respectivamente em Peixes e Virgem, mas em recepção mútua e formando um forte aspecto de oposição, falam de uma atriz que podia aliar sensibilidade cênica e espontaneidade de representação (Peixes) com a disciplina e a capacidade de construção racional de seus personagens (Virgem).
Despertando o riso com Dona Armênia e Sai de Baixo
Um dos personagens mais marcantes de Aracy foi a Dona Armênia, mãe extremada e mulher excêntrica. Para construir a personalidade da exagerada imigrante, Aracy teve de usar todos os recursos de sua oposição Netuno-Mercúrio: era um personagem cuidadosamente construído, que falava praticamente um dialeto próprio (Mercúrio), mas que se alimentava da memória afetiva da atriz, fortemente marcada por seu crescimento numa comunidade de imigrantes.
Dona Armênia fez tanto sucesso que conseguiu a façanha de migrar da novela onde surgiu (Rainha da Sucata, em 1990), para uma segunda novela, Deus nos Acuda, de 1992, ganhando uma sobrevida muito rara na dramaturgia brasileira.
Tanto em Dona Armênia quanto na autoritária matriarca Filomena, da novela A Próxima Vítima (1995) — e também na voluntariosa socialite decadente Cassandra Sayão, no humorístico Sai de Baixo (1996-2002), Aracy imprimiu uma inequívoca marca ariana nos personagens, e não é difícil compreender por quê.
Vênus e Júpiter estão em conjunção em Áries — um aspecto que ressalta uma postura extrovertida, assertiva, alegre e quase juvenil. Sai de Baixo era uma comédia apresentada ao vivo, com muitos momentos de improvisação do elenco e constante interação com a plateia. Aracy, sempre preocupada em manter controle sobre seu desempenho e a preservar a qualidade do trabalho, sentiu-se intimidada com o humor mais escrachado e o andamento quase caótico de algumas cenas. Chegou a pedir para sair do programa, por considerar-se incompetente para atuar nestas condições.
Basta observar o rígido Saturno no final de Áries em conjunção com Marte no início de Touro, ambos em quadratura com o controlador Plutão no início de Leão, para entender que Aracy Balabanian detestava improvisar. Aos poucos, porém, e com tantos planetas em signos de Fogo, aceitou o desafio e acabou tornando sua Cassandra um dos personagens mais memoráveis da trambiqueira família do Largo do Arouche.
Planetas arianos ativados por trânsitos
Uma última observação: quando da estreia de Rainha da Sucata, em 2 de abril de 1990, os três planetas em Áries de Aracy Balabanian estavam sendo simultaneamente ativados por Urano, Netuno e Saturno em Capricórnio. Já na estreia de Sai de Baixo, em 31 de março de 1996, nada menos que cinco planetas — três em Áries e dois em Capricórnio — ativam por conjunção e quadratura os planetas natais em Áries da atriz. Para completar, Urano transitando em Aquário fazia uma quadratura quase exata a Marte em Touro de Aracy — sendo Marte o regente de Áries!
Áries parece ser, assim, a chave mais importante para entender a trajetória desta atriz que, vinda de uma família conservadora dos rincões do Mato Grosso do Sul, abriu mão do casamento e dos filhos para não perder o foco na carreira. Livre, independente, enfrentou resistências e conseguiu abrir seu próprio caminho. Vencida por um câncer aos 83 anos, deixa um lugar permanente no imaginário do espectador brasileiro.