Revista Constelar Revista Constelar

 

 

 
 
 
O SIMBOLISMO ASTROLÓGICO DO SUL DO BRASIL

A Estrela de Santa Catarina

Fernando Fernandes

 

Uma santa muito atrevida

Contam as lendas que Catarina era uma virgem cristã de família nobre que vivia em Alexandria, no Egito, e era dotada de grande beleza e inteligência. No início do século IV, o Egito era apenas uma província do Império Romano, na época governado por Maxêncio. Catarina teve a ousadia de admoestar o imperador por causa de sua idolatria. Maxêncio, impressionado com a jovem, respondeu com uma proposta de casamento, desde que Catarina estivesse disposta a abandonar a fé cristã. Naturalmente, a resposta foi negativa. Maxêncio, sentindo-se provocado, enviou então cinqüenta filósofos para refutar as idéias de Catarina, num debate teológico em praça pública. A jovem de Alexandria não apenas venceu o debate como fez com que os enviados de Maxêncio parecessem ridículos, o que deixou o imperador, que era um péssimo perdedor, realmente irritado: mandou queimar vivos os cinqüenta filósofos (deve ter a fogueira mais culta da história!) e condenou Catarina ao suplício numa roda cravejada de estiletes. Durante a execução, a roda arrebentou e seus estilhaços mataram vários dos acusadores. Furioso, Maxêncio ordenou então a decapitação da virgem, de cuja cabeça degolada, em vez de sangue, teria fluído leite. Anjos desceram do céu para carregar Catarina para o Monte Sinai, onde, no século VI, foi erguido um monastério por ordem do imperador Justiniano.

Santa Catarina de Alexandria é a protetora dos pregadores, dos filósofos, dos monges copistas e dos bibliotecários (provavelmente por causa da associação com a famosa biblioteca de Alexandria). É representada carregando uma roda de suplício. Seu monastério no Sinai sempre foi preservado pelos muçulmanos, por ordem direta de Maomé. Durante a Guerra dos Cem Anos, era uma das santas que apareciam a Joana d'Arc, incitando-a à resistência contra os invasores ingleses.

É esta Catarina de Alexandria que foi associada pelos peregrinos medievais à estrela Canopus. Mas existe outra, muito mais famosa no Ocidente, por ser nada menos que a padroeira da Itália: Santa Catarina de Siena.

A respeitável esposa de um navegador

Catarina de Siena nasceu no norte da Itália, em 1347, e desde criança tinha visões em que identificava os anjos de guarda ao lado das pessoas que protegiam. Aos dezesseis anos entrou para um convento e continuou tendo visões de Cristo, da Virgem Maria e de santos. Apesar de nunca ter recebido educação formal, é considerada uma das mentes mais espetaculares da Idade Média, capaz de discorrer sobre complexos temas teológicos. Foi ela que convenceu o papa a retornar de Avignon para Roma, em 1377, assim contribuindo para o fim do chamado Grande Cisma do Ocidente. Seus escritos estão entre os mais brilhantes da Igreja Católica. Morreu com apenas 33 anos, em 1380, e seu corpo permanecia incorrupto quando foi exumado, em 1430. Além de canonizada, foi incluída no rol dos "doutores da Igreja", os grandes teólogos do Catolicismo.

Catarina de Siena, outra santa excepcionalmente culta e filósofa.

Se bem que a santa de Alexandria seja a padroeira oficial, indiretamente foi esta Catarina de Siena que deu nome ao Estado de Santa Catarina. Vamos à história: em 3 de abril de 1526, o piloto italiano Sebastão Caboto, então a serviço da Espanha, zarpou de Cádis com o objetivo de chegar às Molucas, ilhas onde se produziam as especiarias, navegando para Ocidente. Ao aportar perto da atual Florianópolis para abastecer os navios, soube das histórias sobre as minas de prata do Império Inca, e resolveu mudar de planos. Passou quatro meses no litoral catarinense preparando embarcações leves e, antes de partir para o rio da Prata, em 15 de fevereiro de 1527, batizou a ilha em frente à qual estivera ancorado com o nome de Santa Catalina. Era uma forma de homenagear a própria esposa, Catalina Medrano, sob o pretexto de reverenciar a santa italiana. Assim, Dona Catalina acabou virando nome de ilha num continente em que jamais pisara, enquanto seu marido (como todos os navegantes europeus que por ali aportavam) aproveitava a comida farta dos índios Carijó e a solicitude das nativas...

Caboto parte de Santa Catarina - carta solar - 15.2.1527 - 27s35, 48w32

Considerando que o batismo da ilha de Santa Catarina deve ter constituído uma das últimas providências de Caboto antes da partida, tomemos o mapa de 15 de fevereiro de 1527 para observar quais são as principais configurações: Sol e Netuno estão em Peixes, novamente em conjunção, formando quadratura com Júpiter e Urano em Gêmeos. Dar um nome cristão a uma nova terra, naquela época, tinha o significado de incorporá-la simbolicamente à civilização européia e colocá-la sob a jurisdição da Igreja. Nada mais lógico que o evento tivesse lugar em Peixes e durante um contato do Sol com Netuno, planeta significador do batismo, no sentido de renovação espiritual pelo mergulho nas águas.

O simbolismo do nome, Beto Carrero e Oktoberfest

Navegando por Santa Catarina:

O francês que tentou imitar Cabral
Gonneville descobre Santa Catarina
Normandos, canibais e piratas
Uma santa muito atrevida e a respeitável esposa de um navegador
O simbolismo do nome, Beto Carrero e Oktoberfest
A ilha dos Manezinhos

Conectando outras rotas oceânicas:

Ciclone em Santa Catarina... a culpa é de George Bush!
Sedna, o planeta da natureza em revolta


Anterior | Próxima | Sumário desta edição | Índices

© 1998-2004 Terra do Juremá Comunicação Ltda.