Gonneville descobre Santa
Catarina
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Passaram-se mais dois meses em alto mar até que a
costa foi finalmente avistada: uma região de verdes
montanhas, junto à qual L'Espoir ancorou numa
ilha, na foz de um rio que Gonneville comparou aos de sua
terra natal.
A região é a atual fronteira entre Santa Catarina
e Paraná, e tanto o rio quanto a ilha têm hoje
o nome de São Francisco do Sul.
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Chegada de Gonneville a
Santa Catarina.
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O dia foi 5 de janeiro de 1504 (quase seis meses
após a partida da França!), e as posições
planetárias correspondentes outra vez indicam uma ênfase
no eixo Câncer-Capricórnio. Netuno, Sol e Vênus
estão em estreita conjunção em Capricórnio,
enquanto Júpiter, Marte e Saturno também formam uma
fechada conjunção em Câncer. Contudo, os dois
blocos planetários não chegam a estar em aspecto direto.
Fora isso, a configuração mais forte da carta é
a quadratura T envolvendo Lua em Virgem, Urano em Peixes e Plutão
em Sagitário.
A expedição que partira da França
atrás de uma utopia (Lua-Netuno - o sonho de chegar às
Índias) depara-se agora com uma terra nova e desconhecida
(Lua-Urano - o choque do inesperado).
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Chegada do navio L'Espoir em Santa Catarina
- carta solar - 5.1.1504 - 26s14, 48w38 |
Por sorte de Gonneville, aportar por engano, naufragar
ou ser desterrado em Santa Catarina sempre foi muito mais um prêmio
do que uma punição. Lá viviam os índios
Carijó, considerados os mais pacíficos e amigáveis
da costa. Desde o primeiro momento, os Carijó consideraram
os europeus como seres especiais, talvez anjos vindos diretamente
do céu, e manifestaram enorme admiração por
aquelas armas de fogo que jamais haviam visto. Na época da
chegada do Espoir, os Carijó (uma tribo do grupo guarani)
eram governados por um cacique chamado Arosca, cujo maior projeto
era destruir seus velhos inimigos, os índios Tupiniquim do
litoral de São Paulo. O astuto Arosca mandou que seus comandados
tratassem muito bem os franceses, suprindo-os com "carne de
veado, frutas e pinhões". Os tripulantes do L'Espoir
foram os primeiros europeus a descobrir as delícias culinárias
da terra - carne de caça com farinha de pinhão - e
muito provavelmente os primeiros a experimentar na prática
as diferenças entre as mulheres européias e as índias
guaranis. Tempo para isso não faltou. Gonneville ficaria
na ilha de São Francisco do Sul por longos seis meses e,
quando decidiu voltar para a Europa com o navio abarrotado de peles
e penas, levava dois novos passageiros: o jovem Essomeriq, um garoto
de treze anos, filho de Arosca, e seu tutor Namoa.
Normandos,
canibais e piratas
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