Nossos livros escolares de Geografia estavam
errados. Aprendemos que o Brasil não estava sujeito a desastres
naturais e agora temos de mudar rapidamente nossos conceitos.
Os meteorologistas ainda discutem se foi um ciclone
extratropical ou um furacão de nível 1. A verdade
é que o Catarina, como foi batizado o fenômeno que
assolou as costas de Santa Catarina e Rio Grande do Sul na madrugada
de 28 de março de 2004, foi algo absolutamente novo para
o Hemisfério Sul. Foram mil casas destruídas e outras
34 mil casas danificadas, com prejúízos estimados
em mais de um bilhão de reais.
Haveria algum significador astrológico capaz
de explicar o fenômeno? No que diz respeito especificamente
a Santa Catarina, a resposta é sim. A região foi integrada
à civilização ocidental em janeiro de 1504,
quando de sua descoberta por Binot de Gonneville (veja matéria
nesta edição). O mapa daquela ocasião vale,
pois, como uma carta natal. E o que ele mostra é uma oposição
Urano-Lua que está sendo atualmente ativada pelo trânsito
de Urano em Peixes em oposição a Júpiter em
Virgem. Esta configuração fecha quadraturas com Plutão
do mapa de 1504 e com Marte do dia do vendaval. O resultado é
uma Grande Quadratura, configuração muito tensa por
envolver três planetas relacionados a processos rápidos
e violentos (Marte, Urano e Plutão), um amplificador natural
(Júpiter) e um gatilho de ocorrências envolvendo massas
humanas (Lua). Além disso, Saturno ativa a tripla conjunção
em Câncer do mapa de 1504.
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Planetas no círculo interno: chegada
dos europeus a Santa Catarina (5.1.1504, S. Francisco do Sul,
horário desconhecido); no círculo externo: ciclone
sobre o sul de Santa Catarina (28.3.2004, Criciúma, 1h
da madrugada). |
Urano em Peixes é uma combinação
que guarda analogia direta com furacões e ciclones. É,
literalmente, a imagem de uma ventania (Urano) que sopra do mar
(Peixes). A mera entrada de Urano em Peixes já poderia fazer
supor uma necessidade de atenção maior para fenômenos
de origem oceânica, ou envolvendo regiões litorâneas.
Como o mapa de Santa Catarina responde ao trânsito, foi ali,
e não em outra parte, que o processo se deu com maior violência.
Outra correlação possível é
entre o ciclone e a divulgação da descoberta do planetóide
Sedna. Ao escolherem o nome do novo corpo celeste, os astrônomos
projetaram nos céus o mito de uma deusa do Ártico
cujos mitos se referem de maneira explícita aos desequilíbrios
do ecossistema oceânico. É como se a coletividade sentisse
a necessidade de encontrar uma expressão simbólica
para um novo perigo em escala mundial, o da destruição
pelas águas. Tal perigo, cada vez mais ameaçador,
é conseqüência direta do aquecimento global, que
pode elevar o nível dos oceanos e afetar o clima de forma
drástica - como, aliás, já vem ocorrendo.
A recusa dos Estados Unidos em reduzir suas emissões
de poluentes, assim como o boicote do governo Bush ao Protocolo
de Kioto, fazem da potência do norte uma co-responsável
por todos os desastres ambientais que venhamos a assistir daqui
em diante. Não seria exagero dizer que, no que se refere
aos estragos do ciclone Catarina, a culpa é de George Bush
e de todos os seus antecessores. Por uma estranha coincidência,
e considerando o estudo que apresentamos neste edição,
Santa Catarina tem significadores astrológicos semelhantes
aos dos Estados Unidos, incluindo a ênfase canceriana e jupiteriana.
Saturno transita hoje tanto sobre o Júpiter de Santa Catarina
quanto da independência americana. É como se Saturno
indicasse a necessidade de reduzir o ritmo do crescimento desordenado
e perdulário, que Júpiter simboliza.
Além do mais, Santa Catarina é a região
brasileira mais conectada culturalmente com os Açores, arquipélago
de Portugal que desempenhou papel de grande importância em
momentos-chave da história. Um deles foi a assinatura da
Bula Inter Coetera, em 1493, que dividiu terras e mares entre espanhóis
e portugueses. A bula (um decreto do Papa), que foi substituída
no ano seguinte pelo Tratado de Tordesilhas, usava o Arquipélago
dos Açores como referência para a linha divisória
da área de influência das grandes potências da
época.
Considerando que 2004 é ano bissexto e que
fevereiro teve um dia a mais, a data do anúncio de Sedna
corresponde ao retorno do Sol a sua posição em 16
de março de 2003. Foi nessa data, pouco antes da Guerra do
Iraque e apenas seis dias depois da entrada de Urano em Peixes,
que americanos, ingleses, espanhóis e portugueses promoveram
uma reunião de cúpula no Arquipélago dos Açores,
em pleno Oceano Atlântico. Ali ganhou forma o acordo entre
os quatro países ocidentais que resultou na invasão
de Bagdá, em 20 de março. É claro que a escolha
do local se deu por motivos de segurança, e não pelas
coincidências históricas. Mas o fato é que se
estabeleceu um vínculo simbólico entre dois eventos
marcantes do ciclo de hegemonia dos povos do Ocidente na geopolítica
global.
Estaríamos delirando ao relacionar Santa Catarina,
Guerra do Iraque e Bula Inter Coetera? Sim, caso o objetivo fosse
estabelecer uma relação de causa e efeito. Mas o que
queremos destacar é a existência de uma relação
por analogia, mesmo que não haja qualquer nexo causal. E
o que as analogias dizem é que as regiões ou países
com ênfase canceriana podem estar em evidência durante
o trânsito de Saturno em Câncer em função
de processos que restrinjam o crescimento, eliminem o excesso de
riqueza ou chamem a atenção para o desrespeito aos
ciclos naturais. Já aconteceu com Santa Catarina e pode acontecer
com Estados Unidos, Holanda etc. Da mesma forma, enquanto Urano
estiver em Peixes, os vendavais (no sentido literal ou figurado)
virão de regiões ou de coletividades piscianas: o
oceano, as áreas litorâneas banhadas por mar aberto,
as camadas marginalizadas da sociedade, os grupos de orientação
mística e também os países e regiões
que melhor correspondem a características de Peixes, como
Portugal e a cidade do Rio de Janeiro.
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Fernandes.
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