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UM ESTUDO ASTROLÓGICO SOBRE GETÚLIO VARGAS

Da Revolução de 30 ao Estado Novo

Raul V. Martinez

 

O Estado Novo

"Aprestam-se os movimentos para uma reforma constitucional. Serão tomadas medidas de controle militar sobre Pernambuco, Bahia e São Paulo, tidos como estados não-conformistas com a reforma." (24.10.37)

"Não é mais possível recuar. Estamos em franca articulação para um golpe de Estado, outorgando uma nova Constituição e dissolvendo o Legislativo." (7.11.37)

"As duas casas do Congresso amanheceram guardadas pela polícia. Às 10 da manhã, reuniu-se no Guanabara o Ministério, e assinamos a Constituição." (10.11.37) (Do diário de Getúlio Vargas)

10.11.1937 - Decretado o Estado Novo. O Congresso é cercado por tropas e fechado. Nova Constituição é outorgada por Getúlio.

Trânsitos

Na carta básica, Plutão está na 10 e rege a cúspide da 4. Por isso pode ser associado a transformações de âmbito nacional instituídas por Getúlio, em particular àquelas criadas pelo Estado Novo. Plutão acabava de entrar em novo signo, estava a 0°06' de Leão, signo do Ascendente da carta básica, formando quadratura com o Sol, na cúspide da 9 dessa carta. Nessa posição Plutão estava em trígono com sua posição radical na Carta do Brasil (onde se encontra na casa 2 da carta da Independência). Netuno, planeta da 9 e regente da 8, estava a 20°39' de Virgem, junto da cúspide da 2, em sextil com Marte radical, na 12, podendo ser correlacionado com ganhos de apoios ocultos, socializantes, e de militares. Saturno, outro planeta da 9, regente da 6, a 28°45' de Peixes, estava em sextil com Plutão e com Júpiter, na 10. Em Capricórnio transitavam Marte e Júpiter, o primeiro a 29°25', em trígono com Júpiter radical e em quadratura com o Sol radical, e o segundo a 22°28', iniciando o trígono com a Lua, na cúspide da 10. Urano, significador dos oponentes, a 11°25' de Touro, formava quadratura com o Ascendente.

Direções Simbólicas (arco a acrescentar: 55°34')

A Lua, astro do Meio-Céu, regente da 12, passa para 19°16' de Câncer, começando a conjunção com Marte radical. Plutão vai para 23°41' de Câncer, em trígono com a Lua, a 23°42' de Touro.

O Ascendente dessa figura está na 5 da carta básica. Nessa casa, na RS, atuam Vênus, o Sol, Urano e Mercúrio. À casa 5 são associadas as satisfações e o que é criado. Vênus, regente do Meio-Céu da carta básica e da RS; Sol, regente do Ascendente da carta básica e astro da cúspide da 9; Urano, autoritarismo; Mercúrio, transformação. Os significados da conjunção de Plutão e Júpiter, na carta básica, são ativados pela oposição muito fechada desses planetas na RS. Essa oposição, por sua vez, também forma aspectos muito fechados com o Meio-Céu, com a Lua e com Vênus da figura de retorno. Todos esses astros e o Meio-Céu estão a pouco mais de 26° de seus respectivos signos. Em síntese, são indicadores de grandes transformações, envolvendo o povo, o poder e a política. Outro componente conflitante pode ser visto pela oposição de Saturno, regente do Ascendente do Retorno Solar, ao Meio-Céu.

Fig.17 - Retorno Solar para 1937 - Rio de Janeiro, RJ (?)

Direções na RS (arco a acrescentar: 198°)

O Sol havia caminhado em torno de 198° desde sua posição inicial. Somando esse valor aos elementos citados, que estão nos graus 26, todos eles passam a formar aspectos com a importante conjunção da carta básica, composta por Saturno, Vênus e Netuno. Urano radical também é ativado por eles. Urano da RS, significador dos opositores na carta básica, mais esse ângulo, fica a 26°59' de Escorpião, em oposição ao Meio-Céu - o poder.

Fig.18 - Retorno Lunar anterior - 21.10.1937, 15h29 - Rio de Janeiro, RJ (?)

O Ascendente dessa carta está na 8 da carta básica. Na 8 do Retorno Lunar estão Mercúrio e o Sol. Saturno e Netuno, planetas da 9 da carta básica, estão fortalecidos pela proximidade do horizonte, sendo que Netuno se opõe ao Ascendente. Tudo concordando com as importantes transformações causadas pelo Estado Novo.

Direções no Retorno Lunar (arco a acrescentar: 259°20')

Quando Getúlio fez o pronunciamento à Nação, pelo rádio, na Hora do Brasil, a Lua estava em torno de 13° de Aquário. Faltava, portanto, percorrer aproximadamente 100°40' para voltar à sua posição inicial. Nesse horário a Lua transitava o Descendente da carta básica e começava a ficar em quadratura com Saturno radical, regente da 11, uma das casas astrológicas que representa os parlamentares. Plutão, menos esse ângulo, fica a 19°26' de Áries, em quadratura com Júpiter e com Marte radical. Vênus, significador político e de força na carta básica, passa para 21°54' de Gêmeos, próximo do Fundo do Céu, em trígono com Mercúrio do Retorno Lunar.

HISTÓRIA

Do Suplemento Cultura, do jornal O Estado de S.Paulo, de 17.04.1983, artigo de Paulo Bonavides:

Com o advento do Estado Novo, prosseguiria Vargas a obra social de sua primeira ditadura. O Estado Novo foi, no entanto, um Estado Social despolitizado na aparência; uma criação do arbítrio de Vargas em termos tão unipessoais que o ditador governou discricionariamente, sem Congresso, sem partidos políticos, sem eleições, sem nenhuma base de representatividade formal. Os instrumentos de força, como a censura, a lei de segurança nacional, os órgãos de propaganda concentrada, o culto dirigido da personalidade, o tribunal de exceção, os cárceres políticos, consubstanciavam os elementos de sustentação da ditadura. Aprofundado o dissídio entre Vargas e o regime representativo, daí por diante inclinou-se ele, ora para a direita, como na oração de 11 de junho de 1941, quando a balança do poder consignava já o peso irresistível da expansão militar dos governos nazifascistas, ora para a esquerda, como aconteceu em 1945, ano da queda do Estado Novo, com a Força Expedicionária Brasileira regressando dos campos de batalha da Europa. Após a restauração democrática e constitucional de 1946, acentuou-se o perfil populista de Vargas, o mais congruente com sua índole antipartidária, antiliberal e antiparlamentar. As teses sindicalistas e nacionalistas constituíam os fundamentos de seu programa político caudilhista, ou seja, o conteúdo material da plataforma com que em 1950 ele se apresentou nas urnas para o retorno constitucional ao poder. Valeu-se então de uma legalidade que em 37 destruíra e a cujos valores fora sempre infenso. Todo mandato presidencial, de 1950 a 1954, transcorreu em estado de crise pelo agravamento da situação financeira e econômica do país e pelas dificuldades de relacionamento com o Congresso e a Oposição; uma crise que culminou na carta-testamento e no suicídio.

1945: a renúncia

Atalhos de Constelar 25 e 26 - julho-agosto/2000
Getúlio Vargas, o brasileiro mais poderoso do século XX

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