O acidente na Rio-Petrópolis
"De começo, chovia e ventava. Melhorou
um pouco o tempo, subimos a serra, entramos na zona dos viadutos,
passamos por um volumoso tronco de madeira, desviando-o. Recomeçou
a chuva e o vento. Repentinamente, no seio da noite trevosa,
um estrondo como de uma explosão. Senti um choque formidável
sobre as pernas que me imobilizou. Parou o auto, verificamos
a catástrofe: uma pedra rolara da montanha, atravessara
a capota do auto e atingira em cheio o comandante Celso Pestana,
que caiu fulminado, sem um gemido. Eu estava na ponta da esquerda
e ele na minha frente, a Darci no meio e o menino à
direita, não sendo atingido. Aguardamos a chegada do
auto da polícia, foi retirada a pedra, e marchamos
no próprio auto sinistrado para o Hospital São
José. Foram 20 minutos de angústia. Eu, imobilizado
num canto, tendo sobre as pernas o banco quebrado e o corpo
do malogrado oficial. Darci, deitada sobre o banco, com a
cabeça no meu ombro, ensangüentada, com a perna
fraturada, gemia lamentosamente sob a pressão daquele
duplo choque. Assim chegamos ao hospital. (...) Eu, com três
fraturas sem gravidade, fui estucado em aparelhos de gesso,
imobilizado no leito, aguardando a consolidação
- obra do tempo. Minha mulher, pobre sofredora, com uma fratura
exposta, já com os vibriões da decomposição
apurados em exame, ameaçada de gangrena, atravessa
o período álgido da observação
clínica. Encerro esta página. Só Deus
sabe o que o futuro reserva!"
(Anotações de Getúlio Vargas,
em seu diário particular, em 30.4.33)
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25.04.1933 - Acidente com o automóvel que
transportava o Presidente do Rio para Petrópolis
Em conseqüência das fortes chuvas, um
bloco de pedras se desprendeu da encosta, indo atingir o veículo.
O ajudante de ordens teve morte instantânea. Getúlio
sofreu fratura da tíbia direita e fissura do tornozelo esquerdo.
Sua esposa teve fratura exposta da tíbia esquerda. O filho
caçula do casal e o motorista nada sofreram.
Trânsitos
No dia do acidente houve uma tríplice conjunção
de Sol, Lua e Vênus em torno dos 4° de Touro, opondo-se
à casa 3, das locomoções. A cúspide
dessa casa é regida por Vênus. Seus outros regentes
são Plutão e Marte. Plutão estava a 21°20'
de Câncer, ainda em conjunção com Marte radical,
na 12. Marte transitava a 1 e Mercúrio a 8.
Saturno representa o sistema ósseo, fraturas,
esmagamentos e pedras. Estava a 15°33' de Aquário, signo
associado ao tornozelo e à parte inferior da perna. Formava
quadratura com Netuno radical, regente da 8 - a chuva e o perigo
de morte. Saturno estava na 7, casa que significa a esposa, em Aquário
- o imprevisto. Júpiter, retrógrado, regente da 5
(filhos), a 13°40' de Virgem, estava em trígono com Saturno,
a 13°32' de Touro, regente da 6 (o empregado, o motorista) -
os que saíram ilesos do acidente. Júpiter, co-regente
da 8, a 13°40' de Virgem, estava próximo de Urano - a
esposa, o inesperado.
Direções Simbólicas
(arco a acrescentar: 51°01')
A conjunção Júpiter-Plutão
dirigida fica sobre Marte radical, em queda na 12. O Sol vai para
20°33' de Gêmeos, em semi-sextil com Marte. Marte passa
para 11°29' de Virgem, em semi-sextil com o Ascendente e em
sextil com a cúspide da 12. A Lua, a 14°43' de Câncer,
forma sextil com Urano.
Nota - O filho caçula, que não
se feriu nesse acidente, viria a falecer prematuramente, no início
de 1943, vítima de paralisia infantil. Nessa época
Getúlio tinha pouco menos de 61 anos de idade. A direção
correspondente de Netuno (infecção), regente da 8,
forma quadratura com Mercúrio, planeta dessa casa. Os membros
do corpo, comumente afetados por essa moléstia, são
associados a Mercúrio e à casa 3. Mercúrio
rege a 11, que também se associa ao filhos (5 da 7).
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Fig.14 - Retorno Solar para 1933 |
O Ascendente a 19°43' de Capricórnio opõe-se
a Marte radical na 12. Plutão, um dos regentes da 3 da carta
básica, está na 7, em oposição ao Ascendente.
Vênus, outro regente da 3 da carta básica, junto do
Sol, no fim de Áries, opõe-se à cúspide
daquela casa 3. Urano, o imprevisto, está em conjunção
com eles. Urano, regente da 7 da carta básica, está
em quadratura com Plutão, na 7 da RS.
Direções na
RS (arco a acrescentar: pouco mais de 5°)
Marte, planeta da 12 radical, agora na 8, passa a
formar conjunção com Netuno, regente da 3 da RS e
da 8 da carta básica. Mercúrio, planeta da 8 da carta
básica, na 3 da RS, fica em quincunce com Netuno, regente
da casa onde se encontra. Netuno, em queda, mais esse valor, fica
junto de Júpiter, também em queda, ambos em oposição
à cúspide da 3.
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Fig.15 - Retorno Lunar anterior - 29.3.1933,
23h33 - Rio de Janeiro, RJ (?) |
Nesta figura a quadratura de Urano com Plutão
também envolve a 4 e a 7. Marte se opõe à cúspide
da 3.
Direções no
Retorno Lunar (arco a acrescentar: aproximadamente
342°)
O dia 25 de abril de 1933 foi uma terça-feira.
Getúlio e sua família estavam vivendo provisoriamente
em Petrópolis. O acidente deve ter ocorrido no início
da noite. Conseqüentemente, a Lua deveria percorrer em torno
de 18° para voltar à sua posição inicial.
Marte, menos esse valor, passa para 13°56' de Leão, em
oposição a Saturno. Mercúrio fica a 8°49'
de Peixes, na 3, em oposição ao dispositor Netuno.
Mercúrio e Netuno estão em mútua recepção
no Retorno Lunar. Plutão, menos 18°, fica a 3°14'
de Câncer, em quadratura com Vênus, em queda no Fundo
do Céu.
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Fig.16 - Retorno Lunar imediatamente posterior
- 26.4.1933, 6h39 - Rio de Janeiro, RJ. |
Período em que houve a hospitalização,
inclusive da esposa. O Ascendente dessa carta está próximo
de Saturno radical, em oposição à 3 da carta
básica. Também se opõem a essa casa o Sol,
Vênus e a Lua. Saturno do Retorno Lunar, no Meio-Céu, forma nessa
figura quadraturas com o Ascendente e com a Lua. Plutão,
regendo a 7, está na 3, em conjunção com Marte
radical. Urano, significador da esposa na carta básica, está
em quadratura com Urano na 12 do Retorno Lunar. Tudo concordando
com as condições do acidente e o período de
hospitalização, principalmente da esposa do presidente.
O Estado Novo
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