O suicídio
24.08.1954 - morte, pouco antes das 8h - Rio
de Janeiro.
Suicídio, com um tiro no coração.
Junto do corpo estava a carta-testamento, de grande força
política. A seguir é transcrito seu último
parágrafo:
Lutei contra a espoliação do Brasil.
Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de
peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia,
não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora
ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro
passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.
Na figura básica (Fig.01, repetida abaixo),
Mercúrio é o principal significador da morte. Mercúrio
também representa os escritos, as cartas e os jornalistas.
Mercúrio está em Áries, signo ligado à
impulsividade e à liderança. Marte, seu dispositor,
na 12, associa a violência ao sofrimento e à traição.
A 8 é regida por Netuno, por Júpiter e por Marte.
Júpiter está junto de Plutão, significador
geral da morte, na 10 - a importância e a repercussão
do suicídio. Netuno, significador do nebuloso, do espírito
de sacrifício, do messiânico, está junto de
Vênus, regente da cúspide da 3 (os escritos), junto
de Saturno, regente da 6 (restrições, trabalhadores)
e próximo da Lua (povo, trama). Todos na 9, a política.
No mesmo signo que Mercúrio está o Sol - o coração,
regente do Ascendente da carta básica. Júpiter, como
regente da 5, também pode ser associado ao coração.
A casa 4, significadora do fim, por ser regida por Plutão,
por Marte e por Júpiter, também concorda com as circunstâncias
do trágico fim do presidente.
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Fig.1 - Carta básica de Getulio Vargas
- Netuno, regente da casa 8 (morte) está em conjunção
com Vênus, regente do Meio-Céu (a chefia do governo)
e da casa 3 (escritos), mostrando que a morte de Getulio ocorreria
no exercício do poder presidencial e como resultado de
uma pesada campanha dos meios de comunicação.
Vênus, por reger a 3, também é significador
da carta-testamento. |
O SUICÍDIO SEGUNDO A REPORTAGEM DE
A NOITE
Pouco antes das 9 horas a reportagem de A
Noite junto ao Palácio do Catete transmitia-nos
uma informação extremamente dramática:
o Sr. Getúlio Vargas acabava de suicidar-se. Com um
tiro no coração, executara a decisão
extrema. Foi chamada com urgência uma ambulância.
Getúlio Vargas exalara já o último suspiro.
A primeira pessoa a informar sobre o suicídio
de Getúlio Vargas foi o seu sobrinho, capitão
Dorneles. Ouvira um tiro. Acorrera aos aposentos presidenciais.
E de lá saía logo com a notícia impressionante:
matara-se Getúlio Vargas.
A ambulância do Pronto Socorro que foi
ao Palácio era chefiada pelo Dr. Rodolfo Perricê.
Esse médico informou, ao regressar, que já encontrara
o presidente morto, na cama, em seus aposentos particulares,
cercado de membros da família. Vestia pijama e apresentava
uma perfuração no coração. Estava
com as vestes empapadas de sangue. (...)
Durante toda a noite se desenrolaram os episódios
que viriam a culminar com o suicídio de Getúlio
Vargas. Às três horas o Palácio do Catete
era cenário de uma reunião que marcará
um dos episódios mais dramáticos da história
do Brasil atual. Convidado a renunciar, Getúlio Vargas
recusou-se a atender ao apelo. A crise se prolongou e se acentuava.
Veio finalmente a sugestão que foi redigida sem demora
e com a qual parecia ter se conformado o ex-presidente: a
licença, ao invés da renúncia. Mas a
verdade é que Getúlio Vargas ia cumprir a promessa
que fizera de só morto deixar o Catete. (...)
Após os primeiros instantes de estupefação,
dentro do Palácio do Catete, o general Caiado de Castro
conseguiu entrar no aposento em que se encontrava o Presidente
Getúlio Vargas caído com uma marca de sangue
à altura do coração. No mesmo momento,
dona Darcy Vargas, que seguia atrás do general Caiado,
atirava-se para frente e, segurando as pernas do extinto,
puxava-as exclamando:
-Getúlio, por que fizeste isso??
Logo depois entrava no quarto o Sr. Lutero Vargas
e sentava-se ao lado do corpo, em prantos.
Às 9 horas surgia a notícia emocionante.
Estavam terminados os dias do ex-chefe da Nação."
(A Noite, 24 de agosto de 1954)
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Carta da morte de Getúlio
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