Um
olhar brasileiro em Astrologia
Edição 186 :: Dezembro/2013 |
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CABALA APLICADA À ASTROLOGIANetuno, ciclos e universos paralelos
O que é a quarta dimensão? E a quinta? Explorando o conceito de universos palalelos, Paulo Duboc chega a surpreendentes insights sobre o papel de Netuno no projeto de vida do ser humano. A partir do momento fatal do nascimento, o Ser começa a viver debaixo de ciclos planetários ali fixados. Os ciclos terão uma cadência estabelecida matemática e metafisicamente em 7 por 7. Os ciclos da vida são formidáveis coordenações matematicamente organizadas pela sabedoria cósmica para definir o relógio da vida individual, na Unidade do Ser Corporal. Os ciclos são ajustes dos vários corpos planetários em forma de aeons, ou pedações de ciclos para uma realidade biopsíquica da vida biológica. Cada ciclo planetário equivale a um "tempo de vida" no espaço ou circunstância onde está estimada (Terra). Cada período do ciclo terá importância na evolução temporal da vida individual, desde o nascimento até o final da sequência que se programou ou que teria sido autoprogramada. Cada um dos planetas chamados transpessoais oferece um tipo de transformação, por certo afeto a seu ciclo próprio, já fixado no nascimento e a ocorrer nas direções [1]. Porém ocorre uma grande diferença entre os ciclos pessoais e os transpessoais. Com efeito, a idade dos primeiros é até 36-42 anos. Naturalmente esta biociclagem é teórica, porque nos mapas individuais é possível apontar a presença de fatores de transformação até muito cedo na vida individual. Mas, do ponto de vista genérico, consideramos tais ciclos e, a partir deles, os ciclos de transformação afigurados em cada um dos grandes planetas. Urano reorganiza, de forma ou violenta ou revolucionária, as tradições socioculturais já em fase de fixação. Netuno conduz ao "retorno à Mãe", uma forma exótica, insólita ou ausente de alterar o modus vivendi tradicional. E Plutão conduz a uma forma pervertida de ajustar-se ao Novo Poder, ou pelo totalitarismo ou pelo gangsterismo, como acentua Dane Rudhyar. Há um processo ideológico na admissão da nova personalidade moldada em dureza e autoritarismo. Essas três formas são conduzidas por Netuno. Examinemos tal tese: O planeta Netuno atua, junto com Plutão, como um "mediador" entre o sistema solar e a galáxia. 1 – O movimento de desagregação interior não obedece a nenhum esquema ideológico, sociocultural ou político. Simplesmente dissolve, dilui, desfia o que seria um ordenamento de valores, sem que isso implique um gesto revolucionário, afeto a Urano, ou um gesto destrutivo, afeto a Plutão. Simplesmente, Netuno comanda um evento que não vem por ressonância de valores terrenais, mas sim de uma experiência a priori caotizada e que precisa ser refundida, reorganizada na forma Ascendente. Nesse caso estará configurada "geneticamente" para que ocorra em determinado ciclo da experiência vital, ainda que dissolvendo o artifício da ambição do ego até a sua aniquilação, perda, extinção e/ou retorno a um estado de transcendência, iluminação, superioridade ou Iniciação. 2 – O movimento de desagregação pertence a um universo "paralelo" ao atual, pois Netuno age em consonância com o limite da expansão da consciência, só que através de vias anormais, expostas no Mapa como quadraturas, oposições, aspectos difíceis, principalmente com o Sol ou com a Lua. Neste caso, estamos diante de um procedimento desagregador, uma necessidade de desalinhar a forma de percepção astral/mental, levando a pessoa a estagiar na "forma" química – não alquímica – da chegada: a droga, o álcool, os vícios, os excessos. Aqui cabe observar o papel das Paralelas [7] que, em determinado momento, propõem cerca de dez anos de "perturbação" e intranquilidade à pessoa. Assim, o ciclo de Netuno será formalmente o indicador das mudanças da vida da pessoa, tornando-o prontamente um fator de transformação de tal maneira que atua num plano ou dimensão "incomum"; desestrutura a vida da pessoa no sentido da sua normalidade; desagrega a vida pessoal e profissional; destrói o sentimento de confiança na transcendência e faz a pessoa confiar no mecanismo de percepção usado pelo agente negativo – droga, maconha, álcool, um símbolo de deificação como extraterrestres, UFOs, variando a intensidade vibracional até o plano astral eminente, onde se incluem as imagens mais imediatas inseridas na macumba, candomblé e outros. Assim torna-se qualidade, como agente da transformação do indivíduo, e quantidade, nas gerações ou no processo de autodestruição ou de autoaprimoramento. Mas o que torna Netuno um fator passível de ser o único agente capaz de fazer chegar ao começo da vida, à astrogênese? O que é a Astrogênese?A Astrogênese nada mais é que a busca do começo, a descoberta do início da existência. A riqueza de buscar uma astrogênese através de um fator como Netuno está em que é possível conceber o mapa astrológico a partir de uma origem, algo imediatamente anterior ao Ascendente. Aqui é preciso considerar que a Casa 12 é, em síntese, a casa do mundo inferior, subjetivo, a priori, conhecido como útero, na vida física, prelúdio existencial na vida filosófica, sub/inconsciente na vida psicológica, limbo ou purgatório na vida religiosa-cristã, interface numa linguagem de informática. O planeta Netuno exercerá forte fatoração na Casa 12, e certamente onde estiver no Mapa estará relacionado a essa casa, como seu representante e, possivelmente, o caminho do futuro da pessoa. Analisemos pelo ângulo incomum da Tradição, onde a Cabala nos fornece insumos ótimos à pretensão. Um apelo rápido à tradição hebraica chamada Cabala pode permitir inferir o quanto Netuno é de transcendência, uma espécie de "interface" entre o reshit (o começo) e o B' (antes do começo). Netuno parece representar algo que não tem tempo, não tem espacialização, não é definido pelos limites ou sensores da Terra. Netuno poderia ser o conversor das energias que se orientam de “leste a oeste”, ou seja, vêm da Constelação e se dirigem ao Signo Zodiacal. A sutileza de Netuno está na interfaciação. Enquanto acena para os do lado de cá a se dirigirem para o lado de lá, mostrando-lhe a ilusão da “paravida”, da transcendência, dirige os que estão lá para o lado de cá, com a promessa missionária em troca do sofrimento nas dimensões da Terra. Seu papel parece ser esse, um conversor cosmogenético das energias superiores, ao mesmo tempo um adaptador de tais seres no espaço-tempo dessa vida. Analisemos a mesma consideração feita em torno de dimensões psicofísicas. Para tanto, nos socorramos da obra de Pedro Elias, de onde emprestamos uma análise através do simbolismo gráfico. Começa o referido Mestre a perguntar: Onde se situa o mundo espiritual? Em seguida, vai oferecendo considerações sobre o mundo espiritual, mostrando que a ideia universal é de um lugar que se denomina "morada das almas ou do espírito". Naturalmente esse lugar era um "paraíso", "um espaço partilhado por todos aqueles que tinham alcançado um determinado patamar". Mas, como o próprio autor afirma, "mesmo que fosse espiritual, considerá-lo num lugar físico seria destituí-lo de toda a sua natureza. No entanto, ele teria que estar em algum lugar". Na melhor forma de sincronicidade, tínhamos feito considerações sobre uma questão do lugar, do ponto de vista psícofísico, em nosso livro Metafísica do Ascendente e das Casas (Ed. Freitas Bastos, 1991), e no outro livro, chamado Astrologia Dinâmica, ângulos e aspectos, também acrescemos algumas idéias. O Prof. Pedro Elias, em sua magistral obra apresentada na WEB, trata desse assunto com rara singularidade. Ouçamos este autor português e ofereçamos considerações astrossimbólicas em sua obra. A idéia do lugarConceber esse lugar como uma realidade concreta, implicaria colocá-lo num “sítio” a-temporal e a-espacial. Só assim se poderia justificar a sua natureza onde tudo é uma só coisa. Mas onde estaria esse “lugar” a-temporal e a-espacial? Ao olharmos para a história do nosso universo seguindo os compêndios deixados pela compreensão que a ciência fez do mesmo, constatamos que realmente existiu esse lugar. É aquilo que chamamos de singularidade, ou seja, o momento anterior ao Big-Bang. Esse era um “lugar” a-temporal e a-espacial. A cabala Hebraica denomina esse singular lugar como Ein – Negatividade – e ainda o subdivide em três lugares – Ein , Ein Soph e Ein Soph Aur. Essa tríplice localização jamais seria alcançada pelo Ser Humano, mesmo que tivesse passado pelos 22 Caminhos e 10 Universos cabalistas e alcançado o 33° caminho. Esta caminhada é chamada Iniciação. Porém jamais ser humano algum poderia, com o corpo físico, ultrapassar esses 33 Passos Espirituais. Esse lugar, portanto, é considerado Inefável, e existe antes do Fator Netuno como interfaciando os possíveis universos. Poderíamos, desse modo, tomá-lo como sendo a morada das almas: que outro lugar se não esse para justificar aquilo que contraria todas as leis conhecidas, como a existência de uma alma, que é a própria singularidade onde nenhuma lei do universo físico funciona? Mas isso colocar-nos-ia um problema. É que esse momento deixou de existir após o Big-Bang, e o mundo espiritual é eterno. Para resolver este pequeno paradoxo, teríamos que ver o nosso universo como sendo um lugar quadridimensional. Não só as três dimensões do espaço, mas igualmente a dimensão do tempo. Assim, ao tomarmos o tempo como uma dimensão, este passaria a ser um todo, e não uma parte. Em nossa concepção, as dimensões da Terra, a partir do nascimento, são simbolizadas pelas quatro casas, sendo as três primeiras as comuns e a quarta, a experiência do Tempo. Com efeito, a Quarta Casa astrológica é a da dimensão tempo. Num universo tridimensional, o tempo apenas existe no momento que dele temos consciência, sendo o passado algo que deixou de existir e o futuro algo que ainda está por acontecer. No entanto, num universo quadridimensional, o tempo é por si só uma dimensão; passado, presente e futuro são, em simultâneo, um único momento. Ou seja, da mesma forma que quando eu me desloco no espaço o lugar que ficou para trás não deixa de existir, mesmo que eu já lá não esteja, quando eu me desloco no tempo num universo quadridimensional, esse momento passado também não deixa de existir, continuando presente. A idéia que esposamos é de que a energia, ao se dar conta da Quarta Casa, ou quarta dimensão, tem a passagem pela “noite escura”, pois o sítio é conhecido como o da meia-noite, o Nadir astrofísico. O conhecimento do lado escuro implica “passar pela ausência da Luz para logo conhecer a Verdadeira Luz”. Também entendemos que estes quatro momentos formam um universo quadridimensional, e esses momentos não deixam de existir: apenas continuam presentes. Para uma melhor compreensão desta ideia, vou materializá-la num modelo. Imaginem, então, que o universo é uma esfera onde o tempo é a latitude e o espaço, a longitude. Assim, o Polo Norte é o momento anterior ao Big-Bang, esse lugar a-temporal e a-espacial. Ao avançarmos na latitude, que é o tempo, constatamos que o universo expande-se, atingindo o momento de expansão máxima no Equador, começando depois a convergir sobre si mesmo até atingir o Polo Sul, que é o momento posterior ao Big-Crunch. Ao olharmos para uma esfera, ou ao visualizarmos a Terra, reparamos que esta já existe como um todo, pois trata-se de um modelo quadridimensional. Embora apenas estejamos conscientes num determinado ponto "geográfico" dessa esfera, o Polo Norte, que para nós é passado, e o Polo Sul, que para nós é futuro, são, em simultâneo, um único momento dessa mesma esfera. Assim, este momento a-temporal e a-espacial não deixou de existir com o Big-Bang, já que o tempo passou a ser uma dimensão, e desse modo, todo ele está presente com o espaço numa só unidade: a esfera. É claro que, ao tomarmos a esfera como uma unidade espaço-temporal, esta deixa de ter princípio e fim. O Polo Norte, por exemplo, é apenas o princípio do universo para aqueles que se encontram na “superfície” da esfera, já que, na realidade, esse princípio não existe. Se, por exemplo, posicionarmo-nos no Polo Norte e deslocarmo-nos até o Polo Sul, constataremos que, ao chegarmos ao Polo Sul, o universo não termina, já que continuamos a viagem pelo meridiano contrário, de volta ao Polo Norte. Ômega / AlphaAssim, cada um dos polos é, em simultâneo, o princípio e o fim do universo, anulando-se mutuamente. Temos, deste modo, um universo que começa e acaba unicamente aos olhos daqueles que estão na superfície da esfera, mas que é eterno aos olhos daqueles que o observam de fora, ou de dentro, sendo esse “dentro” a própria singularidade. Contudo, ao olharmos para a esfera podemo-nos interrogar sobre o que existe dentro desta. É que, sendo o espaço unicamente a circunferência que contorna a esfera, e não o círculo que iria preenchê-la, resta saber o que existe no seu interior. É aqui que entra a teoria dos universos paralelos. Ou seja, dentro da esfera, tal como aquelas bonecas russas que têm dentro de si uma boneca menor, existem outros universos. Aqui importa entender que o final da Casa 4 é a cúspide da Casa 5, onde inicia a 5ª Dimensão. Partindo do princípio, apenas para simplificar, de que o nosso universo encontra-se na crosta da esfera, este seria um universo de x escolhas, e o universo imediatamente interior seria um universo de x-1 escolhas. À medida que nos deslocássemos na direção do centro da esfera, constataríamos que os universos tornar-se-iam menos complexos, mais simples e perfeitos. Ao chegarmos ao centro da esfera estaríamos num universo de zero escolhas, ou seja, a própria singularidade. Este novo vetor, aquele que vai desde a superfície da esfera até o centro, seria aquilo que poderíamos considerar a quinta dimensão e que nos permitiria, tendo como base o próprio modelo, viajar pelo universo instantaneamente, pois fá-lo-íamos sem recorrer à longitude e à latitude (espaço-tempo), mas apenas ao novo vetor. E, sem o espaço e o tempo a condicionar os nossos “movimentos”, tudo tornar-se-ia um só momento e um só lugar. Desse modo, se eu me posicionar no Polo Norte, que é a singularidade, e deslocar-me até o centro da esfera passando pelos Polos Norte dos outros universos, estaria a fazê-lo sem sair do mesmo lugar, já que continuaria na singularidade. Logo, esse momento a-temporal e a-espacial não existiria apenas no Polo Norte e no Polo Sul do nosso universo, mas em todo o eixo que iria desde o Polo Norte até o Polo Sul, passando pelo centro da esfera. E seria esse eixo, a-temporal e a-espacial, que existe desde sempre e que sempre existirá, que serviria de morada às almas. Notas adicionais do Editor:
[1] Direções: o termo denomina algumas técnicas simbólicas de avanço do mapa, com vistas à identificação de períodos de ativação de planetas ou ângulos do mapa natal. É um recurso preditivo.
[2] Paralelos: resultam da medida angular de distância de um planeta em relação à eclíptica, para Norte ou para Sul. Se dois planetas estão, por exemplo, 5 graus ao norte da eclíptica, estão em paralelo de declinação, o que eqüivale a uma espécie de conjunção. Muitos astrólogos não utilizam tal recurso de aspectação.
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