Um
olhar brasileiro em Astrologia
Edição 186 :: Dezembro/2013 :: - |
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MEMÓRIA DA ASTROLOGIA BRASILEIRADuboc, o astrólogo brincalhão
Um estudioso versado em cabala e membro de ordens iniciáticas? Um empresário cheio de ideias criativas? Ou um gozador que perdia o amigo mas não perdia a piada? Paulo Duboc era tudo isso - e também o professor de muitos astrólogos hoje em atividade. Paulo Duboc foi uma figura tipicamente aquariana, com seu Sol e sua Lua em eclipse nesse signo. Um entusiasta pelo novo, um sujeito que gostava de trabalhar pelo que acreditava. E ele acreditava que contribuía para a chegada de uma nova era. Isso o levou a ter dedicação quase integral a seus estudos e aplicações. Advogado, astrólogo, escritor, atendia de 4 a 8 pessoas por dia. Vez por outra "dormia" durante os atendimentos, mas falava com o cliente assim mesmo e surpreendentemente acertava. Com seu jeito excêntrico aquariano, trabalhador e exigente (às vezes um pouco rabugento - Ascendente Capricórnio), e com seu ânimo indestrutível de casa 1 "povoada" de luminares, deu início a vários projetos, um deles a escola Astro-Síntese, em que acabou me forçando a descobrir a vocação de professor. Certa vez, sempre irônico, apelidando a todos de quem gostava (e esculachando com nomes ridículos a seus desafetos), enquanto se curava de uma gripe, "simulou" uma febre forte e exigiu que eu fosse dar aula em seu lugar para uma turma de 50 pessoas, na Faculdade do Estácio. Acabei indo, quase morto de medo, e descobrindo que a leitura que ele fizera dois anos antes sobre a aptidão para o ensino sempre fora correta, a despeito de minhas discordâncias iniciais. Duboc atendeu milhares de pessoas no Rio de Janeiro e em outros Estados. Criou vários cursos, desde Astrologia até de Criação e Criatividade para empreendedores. Era autor e criador de um excelente curso que me legou e a outros alunos/parceiros próximos: "Alquimia dos Arcanos", em que associava Tarot, Astrologia e outros simbolismos de modo muito coerente e com resultados muito interessantes. Transitava entre o meio esotérico, da AMORC - Ordem Rosacruz, Ordem Martinista e Maçonaria, participando de múltiplos eventos diferentes do esoterismo dos anos 1980/90, e meios mais avessos a tais vertentes, como o empresarial, o político e o científico (foi astrólogo de prefeitos de cidades do interior do Estado do RJ, atendia físicos que com ele discutiam, levavam bronca e saíam sorridentes, empresários de diferentes ramos...). Certa vez ilustrei um livro seu sobre Tarot que mesclava o simbolismo dos arcanos maiores com o de situações curiosas, às vezes insólitas. Infelizmente esse livro nunca foi publicado, apesar de as ilustrações terem agradado ao editor na época. Por solidariedade, optei também por não publicar os desenhos. Enfim, Duboc teve grande importância no cenário astrológico daquelas duas décadas, mobilizando autores, abrindo frentes de trabalho, idealizando novas aplicações da astrologia e, aquarianamente, repudiando o status quo de quem quer que detivesse algum tipo de poder e não o usasse em prol dos demais. Faleceu em 2005, quando vivia na cidade de Valença-RJ, ainda muito atuante, dando aulas em uma faculdade e fazendo mapas, muitos deles gratuitamente, para a população local. As pessoas que conviveram com ele em seus últimos meses contam que, tempos antes de ser internado com uma embolia pulmonar, previra seu próprio falecimento, na faixa de tempo em que realmente ocorreu. Escrevera, por isso, um testamento em que deixara seus bens a alguns familiares e amigos locais. Enquanto falava sobre a possibilidade de sua própria morte, fazia, como de costume, piadas, dava novos apelidos e dizia que na "próxima" nasceria na Suíça. Quem sabe, alguma criança por lá, daqui a alguns anos, muito exótica e brincalhona, acabe se interessando por astrologia e desenvolva um certo interesse pelo Brasil? A morte de DubocPaulo Duboc faleceu na manhã de 13 de outubro de 2005. Eis trechos da mensagem que Carlos Hollanda enviou para diversos fóruns astrológicos naquela data. Paulo Duboc realizou sua passagem dormindo, após ser internado com problemas pulmonares e cardíacos. Embora triste e chocado com a notícia súbita esta manhã, não pude deixar de pensar que essa circunstância era mesmo típica dele: a capacidade de um Aquário com Sol na 1 e Urano conjunto a Saturno, na casa 5, de chocar com uma guinada inesperada e uma saída de mestre. Paulo era autor de Dimensões metafísicas da astrologia: o Ascendente e as casas (ed. Freitas Bastos). Grande parte do que me levou a escrever Progressão Lunar e Kabbalah - a evolução da consciência através do ciclo da Lua deve-se a ele, tanto em função do que aprendi em nossos grupos de estudo quanto em razão de muito saudáveis discordâncias teóricas e metodológicas. Quanto a estas, ele dizia que "arianos são assim mesmo... quando querem uma coisa a gente tem que fazer o que eles querem, senão quebram tudo, batem pezinho..." (sempre gargalhando com seu jeito meio padreco de falar, cheio de sotaque). No final dos anos 80 Paulo encerrara as atividades do ITEM - Instituto de Estudos Metafísicos - e procurava uma forma de retomar o desenvolvimento das atividades como escola e centro de pesquisa. Foi entre 1989 e 1990 que nos conhecemos e fomos, juntamente com alguns outros colegas, formulando o Centro Astrossíntese de Estudos, que mais tarde chamar-se-ia apenas Astrossíntese (essa era a grafia original que depois reformulei: Astro-Síntese). Do grupo inicial ficamos apenas nós dois, que fomos levando a cabo as atividades da escola até 1992, quando, certo tempo após o confisco do governo Collor, os esforços e investimentos precisaram ser interrompidos face à redução da procura e aos problemas financeiros derivados de todo aquele processo crítico que o Brasil viveu. Paulo Duboc era advogado, trabalhou como inspetor na Varig (algo como um degustador e fiscal da qualidade do serviço de bordo, além de avaliador de outros setores dentro e fora do país) e trabalhava com astrologia desde meados dos anos 70. Em vários momentos conversando a respeito de coisas transcendentes, sobretudo sobre a morte, Duboc gostava sempre de repetir que a existência é uma coisa rápida: "A gente fecha os olhos e quando abre já se passaram 10 ou 20 anos. Fecha de novo, mais 30 anos. Logo logo isso passa e a gente volta pra casa". Acho que agora ele está dando seus primeiros passos em direção a ela. Paulo Duboc - 05.02.1943, 04h13Rio de Janeiro - RJ Paulo Duboc faleceu com Netuno em trânsito em conjunção com seu Sol/Lua e após uma conjunção de Saturno em trânsito com seu Plutão. Urano retrogradando torna a realizar uma quadratura com Saturno natal. Sua Lua em progressão secundária está em conjunção com seu Saturno natal e hoje, dia 13 de outubro de 2005, a mesma Lua termina (pela órbita que opto por usar após muitos experimentos) uma quadratura com Vênus. Também vinha fazendo um quincunce com Marte. Seu sextil de Lua progredida com Plutão talvez tenha algo a ver com a suposta suavidade de sua passagem. Júpiter cruzara há pouco o Meio do Céu, e o Sol, esta manhã, está em conjunção com ele. Espero que esses dois últimos ajudem a disseminar mais amplamente um pouco de sua memória e trabalho. Leia também: Netuno, fator de integração cósmica Outros artigos de Carlos Hollanda. |
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