Um
olhar brasileiro em Astrologia
Edição 17 :: Novembro/1999 :: - |
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ASTROLOGIA ESPORTIVAFlamengo, o mais querido do Brasil
O urubu lançado um dia no Maracanã e transformado em símbolo do clube não foi apenas fruto de uma brincadeira, e sim a expressão da profunda intensidade de um processo plutoniano que mobiliza multidões num ritual coletivo. Fundado em 17 de novembro de 1895, o Flamengo trocou mais tarde sua comemoração oficial de aniversário para 15 de novembro, de maneira a fazê-la sempre coincidir com o feriado da Proclamação da República. De qualquer forma, os dois Sóis estão em conjunção, e não apenas isso: Urano do Flamengo também está em conjunção com o Sol do Brasil republicano, e todo o forte stellium em Escorpião da carta do rubronegro (cinco planetas) ativa, de diversas formas, todos os mapas importantes para a definição da identidade brasileira, a começar pelo do próprio descobrimento, em 1500. O Flamengo não é apenas um clube carioca: é uma paixão nacional, com torcedores em lugares tão remotos que jamais foram ou serão visitados pela equipe. As estatísticas mostram-no como o clube de maior torcida em todo o mundo, reunindo por volta de 33 milhões de torcedores - um pouco mais do que o Chivas Guadalajara e o América do México, que ocupam a segunda e a terceira posição, e bem mais do que os 23 milhões de torcedores do Corinthians e os 16 milhões de fanáticos seguidores do Boca Juniors, de Buenos Aires. O que caracteriza-o como fenômeno de massa é, antes de tudo, a oposição da Lua à conjunção Netuno-Plutão em Gêmeos, a mesma que viu nascer o cinema, as histórias em quadrinhos, o rádio, a cultura de massa, enfim. O aspecto ainda está potencializado por trígonos e sextis de Júpiter e Vênus, como a representar a fluência com que o centenário clube adaptar-se-ia à linguagem dos novos meios de comunicação para projetar-se muito além dos horizontes de sua cidade natal (Lua em Sagitário, signo das grandes distâncias). O Flamengo tem uma mística maior do que o time. Mesmo com equipes despidas de qualquer brilho, como as que vestiram a camisa rubronegra no início dos anos setenta, o encantamento persiste. Diz-se que a camisa do Flamengo pesa, e deve ser verdade: cinco planetas no denso e passional signo de Escorpião, além do extremista Plutão em oposição com a Lua, fazem do clube um vertedouro de sentimentos exacerbados, com componentes de ciúme e exigência. O craque que joga no Flamengo vive ao mesmo tempo o céu e o inferno. A torcida, tão fiel quanto possessiva, irá vigiá-lo, testá-lo, ler no fundo de sua alma se há merecimento que justifique vestir a camisa rubronegra – chamada de manto sagrado. Cada torcedor do Flamengo é um detetive e um juiz em potencial. Clube e torcida vigiam-se, seduzem-se, excitam-se e manipulam-se mutuamente. Culpam-se mutuamente pelos fracassos e reconciliam-se com a mesma veemência ao primeiro sinal de recuperação. Mantêm entre si uma relação exclusivista, como dois amantes que só tivessem olhos um para o outro. O Flamengo exprime o que o Brasil tem de mais escorpiano. Não é o Brasil cartorial e burocrático inventado pelos portugueses, ou o país aparentemente sereno e pacificado do apogeu da monarquia. É o Brasil de veias abertas e fraturas expostas, com todas as contradições da era republicana iniciada em 1889. O Flamengo, com seu complicado jogo interno de poder, é o microcosmo do país dos conchavos políticos e golpes de estado, da alternância entre os governos populistas e as intervenções militares. Através do Flamengo, sua torcida experimenta os mecanismos do exercício do poder através da pressão. Escala jogadores e depõe técnicos da mesma forma como decide, por vezes, ir para as ruas para pedir as Diretas Já ou acabar com a República das Alagoas. No estádio, representação simbólica do país, a nação rubronegra exerce uma forma direta e primitiva de cidadania. Clube de Regatas do Flamengo, carta especulativa – 17.11.1895, 19h22 LMT – Rio de Janeiro – 043w10, 22s54. Uma das maiores incógnitas da astrologia brasileira é descobrir o Ascendente do mapa de seu clube mais popular. Lembremos que o Flamento foi fundado em 17 de novembro, mas fez constar em ata a data de 15 de novembro, para que o aniversário sempre coincidisse com a comemoração da Proclamação da República. Esta substituição de data, que funciona como um disfarce da própria identidade, já chama a atenção para um toque netuniano ou plutoniano. Em 2002, o autor deste artigo esteve duas vezes na sede do clube, na Gávea,
atrás do horário correto. [1] Na segunda visita, Dona Melba,
responsável pelo setor de Patrimônio Histórico do clube, esclareceu que a
ata de fundação não faz qualquer menção a horário, o mesmo acontecendo com
a ata que cria o departamento de futebol, em 1911. Praia do Flamengo no início do século XX. Na época da fundação do clube, o Flamengo Temos aí o ponto de partida para uma investigação. Considerando que o Sol se pôs, naquele dia, por volta das 18h30 (hora local), há uma vaga possibilidade de um Ascendente no final de Touro. Das 18h33 em diante o Ascendente já seria Gêmeos; a partir das 20h48, Câncer; e, a partir das 22h49, Leão. Na prática, as opções são apenas duas, Gêmeos e Câncer. Ocorre que o Rio de Janeiro já tem outros dois clubes com uma forte marca canceriana, que são o Fluminense e o Botafogo. Como a cidade do Rio de Janeiro não tem um vínculo simbólico notável com este signo, é improvável que mais um grande clube também apresente uma dominante canceriana. Por outro lado, Gêmeos é o signo do Ascendente do Rio de Janeiro, assim como da conjunção Lua-Júpiter do mapa da Independência do Brasil. A forte identificação do Flamengo com a cidade onde nasceu e com o próprio país é um poderoso indicador de uma possível superposição entre os Ascendentes do clube e da cidade, assim como da conjunção entre o Ascendente do Flamengo e Júpiter-Lua no mapa do Brasil. Calculando uma carta especulativa para as 19h22, temos todas essas condições preenchidas. O mapa resultante apresenta uma oposição Plutão-Lua no eixo Ascendente-Descendente, destacando não apenas a importância da Lua, indicadora de multidões e de popularidade, mas também o próprio mascote do clube, o urubu, como veremos a seguir. Os dez planetas da carta encontram-se contidos num arco de aproximadamente 180 graus, indicando uma concentração de recursos que lembra o perfil de distribuição de renda do país. O grande desafio é ocupar a metade vazia, é atingir um equilíbrio altamente improvável neste mapa extremista onde os cinco planetas em Escorpião lembram a imagem do jogador que aposta todas as fichas no mesmo palpite. O planeta que “puxa” todo o grupo – o primeiro a cruzar os ângulos no sentido horário – é Plutão, cujo simbolismo é frequentemente associado às forças arcaicas do inconsciente coletivo. Plutão é invisível, concentrado, insidioso, inexorável, manipulador, sagaz, rigoroso, telúrico, poderoso e secreto. Escorpião é a fênix a renascer permanentemente das próprias cinzas. No Flamengo, as imagens de morte e ressurreição são recorrentes, a começar pelo próprio animal que a imaginação popular escolheu como símbolo do clube: O mascote do Flamengo é o urubu, símbolo da ginga e da malandragem Rubro-Negra. A história começou em uma partida entre Flamengo e Botafogo, em junho de 1969. Havia dois anos que o rubro-negro não ganhava de seu tradicional adversário e, de repente, um urubu foi atirado em campo por dois torcedores. O jogo foi paralisado para a retirada do animal e o Flamengo acabou vencendo por 2 x 1, quebrando o tabu. A partir daí, o urubu virou a marca do Mengão. [2] |
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