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Johfra: o mapa do pintor do Zodíaco

O pintor holandês Johfra Bosschart criou entre 1974 e 1975 uma obra-prima do surrealismo: a série de doze quadros retratando os signos zodiacais, cuja representação revela um profundo conhecimento de mitologia, simbolismo e das tradições do hermetismo europeu.

Em outro artigo analisamos a série dos doze quadros de Johfra Bosschart que retratam os signos do zodíaco. Neste artigo, o foco está na vida e no mapa de nascimento deste pintor original.

Um artista rejeitado pela crítica

Durante muito tempo a crítica especializada avaliou com reservas a obra de Johfra Bosschart. Pesava contra ele o preconceito que costuma acompanhar artistas com forte engajamento ideológico: a de que seus trabalhos constituíam apenas peças de propaganda de determinadas concepções metafísicas, sem maior valor artístico. Apesar do pouco espaço em museus e galeriais oficiais, Bosschart tornou-se um pintor bastante popular, especialmente entre o público interessado em simbolismo religioso.

Cavalos, centauros e unicórnios são temas recorrentes na obra de Johfra, um pintor sagitariano com certeza.

Johfra era filiado ao Lectorium Rosicrucianum, em Haarlem, Holanda, uma das várias vertentes do movimento rosacruz. As concepções gnósticas absorvidas naquela fraternidade influenciaram o simbolismo presente em boa parte de suas pinturas.

Especificamente sobre o processo de elaboração da série de doze telas com temática astrológica, o próprio Johfra comenta num depoimento datado de 1981:

Quando recebi a incumbência de pintar pôsteres dos doze signos astrológicos da Verkerke produções, em 1973, eu sabia que seria inútil adicionar ainda mais exemplos para as muitas centenas de representações que já existiam. Então eu decidi fazer emergir todas as possíveis facetas dos signos através de uma breve meditação e contemplação da figura básica, a qual se torna o principal ponto de concentração. Os diversos símbolos relacionados a um determinado signo, reunidos juntos em uma composição harmoniosa, dariam a cada pintura mais profundidade; eles ofereceriam mais possibilidades ao observador para suas próprias livres associações.

Johfra admitia também a influência de três sistemas de pensamento na criação da série sobre Astrologia: o Neoplatonismo de Plotino e de Marsílio Ficino, o Hermetismo (especialmente aquele difundido pela própria Ordem Rosacruz, a que Johfra pertenceu), e a Cabala judaica.

A verdade é que Johfra, muito mais do que um pintor, é um militante engajado na difusão de ideais gnósticos. A dimensão filosófica de sua obra está claramente indicada no mapa natal, que analisaremos a seguir.

O mapa de Johfra Bosschart

Johfra Bosschat - 15.12.1919, 10h40 UT - Rotterdam, Hollanda - 004e28, 51n55.

Várias configurações contribuem para mostrar Johfra como um visionário capaz de despertar, através de sua arte, o interesse por uma realidade além do cotidiano.

Para início de conversa, o artista holandês tem o Sol em Sagitário em aspectos fluentes com Júpiter e Urano no eixo Leão-Aquário: é o indicador de uma visão de mundo ampla e generosa, assim como da disposição de "ver além", típica dos profetas, inventores e antecipadores de todo tipo. Esse Sol sagitariano de casa 10, combinado com o Meio do Céu em Sagitário, mostra uma vocação jupiteriana - uma carreira pública relacionada de alguma forma à fé, às crenças e à conexão com o invisível.

A princípio, o mapa nos permite imaginar que Johfra poderia ser um sacerdote (e, de certa forma, ele realmente foi), mas Mercúrio na casa 9 - das religiões organizadas - já mostra que o artista plástico não teria lugar numa ordem religiosa convencional: as quadraturas de Mercúrio com Saturno e Urano revelam inconformismo, dificuldade de aceitação da disciplina e pouca disposição para aceitar ideias impostas por figuras de autoridade.

Cumpre observar que o Ascendente está em Aquário, e que seu regente Urano encontra-se em domicílio, na casa 1. Johfra é um transgressor intelectual (Urano em quadratura com Mercúrio), disposto a ousar e a ir além das noções conhecidas e aceitas. Urano está envolvido também num Grande Trígono com Plutão na casa 5, da criação artística, e Vênus na casa 8, das heranças e legados: é o imaginário de toda a coletividade transmutado, através da arte, numa obra de forte expressão pessoal.

Para completar, a Lua em Libra encontra-se envolvida pela turbulenta energia de uma quadratura Marte-Plutão. Johfra quer o equilíbrio estético, a imagem perfeita, mas à custa de um mergulho nos sentimentos mais intensos e nos dramas mais viscerais.

O mapa de Johfra é puro Fogo e Ar, elementos que predominam amplamente sobre Terra e Água. Com tanta ênfase masculina, é natural que sua representação plástica dos signos positivos - Áries, Gêmeos, Leão, Libra, Sagitário e Aquário - seja tão mais viva e impactante que a dos demais signos. Basta examinar mais uma vez as doze telas para constatar como os signos de Fogo parecem explodir em energia e claridade. O entusiasmo sagitariano e o brilho solar de Leão estão ali por inteiro, vivificando uma obra que continuará por muito tempo a encantar estudantes de Astrologia, mundo afora.

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