Um
olhar brasileiro em Astrologia
Edição 178 :: Abril/2013 |
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UM ASTRÓLOGO NO VATICANODe Bento XVI a Francisco:
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Alexey Dodsworth |
Os mapas dos momentos de anúncio da escolha de Bento XVI, em 2005, e de Francisco, em 2013, sinalizam as profundas diferenças entre os dois Papas na condução da comunidade católica. Vem aí uma Igreja mais despojada e mais próxima do Cristianismo original?
Alexey Dodsworth estava em Roma, no dia da escolha do novo papa, e presenciou
o momento de comoção coletiva com o anúncio "Habemus Papam".
Veja também: Salve Jorge! Habemus o mapa do Papa Francisco!
Antes de falarmos de Francisco, vamos relembrar a renúncia de Bento XVI. Aos que se surpreenderam com a renúncia de Ratzinger, vale lembrar que desde o princípio ele se revelou hesitante diante de sua eleição. Num depoimento à imprensa em 2005, Ratzinger declarou:
“Quero dizer algo sobre o conclave sem violar o segredo: nunca pensei ser eleito nem fiz nada para que fosse assim, mas quando lentamente o desenvolvimento das votações se aproximava e apontava para mim, pedi a Deus que me evitasse esse destino. (...) Pensava que meus trabalhos nesta vida tinham terminado e que teria anos de mais tranquilidade. (...) Rezei ao Senhor para que elegesse alguém mais forte do que eu, mas nessa oração evidentemente Ele não me escutou.”
É também sabido que, durante a longa doença que tanto abalou seu predecessor, João Paulo II, Ratzinger o aconselhou a abdicar. É possível entender que, neste sentido, as interpretações de João Paulo II e de Bento XVI sobre o papado eram distintas. João Paulo II interpretava seu papel como o da imitação de Cristo. Não deveria, assim, “descer da cruz”. Bento XVI sempre demonstrou ter uma inclinação mais pragmática (e, talvez, humilde: ele não tinha a menor intenção de imitar Cristo). Para ele, o líder da Igreja de Roma precisa ter boa saúde para realizar as difíceis tarefas que lhe são impostas. Numa entrevista dada alguns anos atrás, Bento XVI foi muito claro: seria legítimo que um Papa abdicasse de seu posto ao perceber que não tinha mais condições de saúde para sustentar-se nele.
Há suspeitas de que Bento XVI tenha sido pressionado a sair, por outros cardeais sedentos de poder. Ainda que as teorias conspiratórias sejam legítimas, a explicação mais simples há de ser considerada: Ratzinger nunca gostou de ter sido eleito Papa.
Uma curiosa estranheza caracterizou, vale lembrar, sua eleição. A fumaça saiu da chaminé da Capela Sistina às 17h48m, hora local. E saiu preta. Em seguida, houve dúvidas: estaria preta ou branca? Quinze minutos depois, os sinos da Basílica de São Pedro badalaram, anunciando a escolha do novo Papa. Seu nome só foi anunciado às 18h40m. Se tomarmos o horário das 18h05m, quando os sinos anunciaram a escolha, encontraremos um mapa cujo Ascendente é Libra, com Vênus regente em domicílio noturno no signo de Touro na Casa 7. Júpiter se levantava no horizonte, formando quadratura a Saturno no Meio do Céu. A Lua se encontrava no signo de Virgem. Elementos suficientes para identificar um papado conservador (Saturno no Meio do Céu), cuja imagem seria opulenta e pomposa (Júpiter Ascendente).
Os sinos anunciam a escolha do novo papa em 2005 - 19.4.2005, 18h05 (+02:00)
Cidade do Vaticano - 012e29, 41n54.
Relembre a primeira declaração (hesitante e emocionada) do Papa Bento XVI, neste link do youtube (vale apenas ressaltar que a informação constante no vídeo, de que o Papa se apresentou às 17h48m, é equivocada. Este foi o horário em que a fumaça foi liberada, ainda numa cor confusa. Demorou quase uma hora até que o Papa falasse à população):
Considerando tudo isso, é de se perguntar se o divertidíssimo filme de Moretti, “Habemus Papam”, que conta a história de um Papa que hesita diante da própria eleição e termina abdicando, foi de fato uma profecia cinematográfica ou apenas uma caricatura de algo que já era amplamente sabido pelas pessoas que residem em Roma: Ratzinger não gostou nada de ser eleito, e já havia falado mais de uma vez na possibilidade de cair fora.
Se considerarmos o mapa do anúncio do novo Papa, encontraremos alguns sinais interessantes de como será o papado de Francisco.
Anúncio da eleição do Papa Francisco - 13.3.2013, 19h06 (+01:00)
Cidade do Vaticano - 012e29, 41n54.
No dia 13 de março de 2013, eu estava diante da Fontana diTrevi em Roma, quando me deparei com um efeito dominó sonoro impressionante, que se originou no Vaticano. Quando às 19h06m a fumaça saiu branca, um “habemus papam” coletivo irrompeu e foi tomando Roma como um gigantesco telefone sem fio. Ciente de que iria presenciar um evento histórico, peguei um táxi com uma amiga e corremos para o Vaticano. No caminho, descobrimos que minha intuição e o desejo de Walcyr Carrasco haviam sido certeiros: Bergoglio havia escolhido o nome de Francisco. Mesmo sem ser cristão, confesso que vibrei: Francisco de Assis é um dos meus personagens favoritos. Caminhar pelas ruas de sua cidade de nascimento, Assis, é presenciar a existência de um tipo de cristianismo original pouco conhecido nos dias de hoje: a ênfase dada fiéis é para as mensagens sobre amor, tolerância, compaixão. Pouca ênfase é dada ao conteúdo moral (no sentido de “moralista”) da mensagem cristã.
Diz-se que, no momento em que escolheu o nome, os cardeais quase caíram para trás. Pense: por que ninguém antes escolheu o nome “Francisco”? Apesar de amado, o Santo de Assis evoca também a imagem de algo que horroriza as estruturas de poder da Igreja. A ideia de atirar riquezas pela janela e viver em voto de pobreza não parece ser algo que combina com a opulência de ouro e mármore da instituição. No dia 14 de março, quase todos os jornais romanos mostravam charges em que os cardeais se mostravam chocados com a escolha de nome do novo pontífice. Mercúrio, o grande passador de trotes, havia feito mais uma das suas...
Uma hipótese que me veio à mente: se os papas passaram a escolher seus nomes a fim de evitar Mercúrio (e, por conseguinte, por causa deste deus), faria sentido prestar mais atenção na posição de Mercúrio nos mapas dos anúncios do conclave. Neste sentido, comparar o Mercúrio do anúncio da escolha de Bento XVI (o beligerante Áries) com o Mercúrio do anúncio da escolha de Francisco (o compassivo Peixes) mostra bem a diferença substancial entre os dois pontífices.
O Ascendente do anúncio de Francisco é Libra, com Vênus regente em estado exaltado, no signo de Peixes– o símbolo do cristianismo. Vênus se encontra na Casa 6, junto ao Sol, e Mercúrio forma conjunção à cúspide da 6. Não é de impressionar que “Francisco” tenha sido o nome escolhido. Todos os sinais estão aí: identifica-se como servo (planetas na Casa 6), e escolhe homenagear um personagem para quem a mensagem maior foi o amor sacrificial (Vênus em Peixes).
Plutão angular no Fundo do Céu é um sinal e tanto a ser observado. Será o novo Papa capaz de realizar uma varredura radical nas estruturas do Vaticano? Deixará ele pedra sobre pedra? A Lua ariana é, ela mesma, um indício de liderança firme, posicionada, assertiva.
Logo depois do anúncio do novo papa, a edição romana do jornal Corriere della Sera, de Milão, publicou a charge em que Jorge Bergoglio aparece na janela do Vaticano dizendo: "Os meus confrades cardeais me fizeram uma surpresa. Contudo, isso não é nada perto das surpresas que vou fazer-lhes."
Alguns astrólogos chamaram a atenção para Mercúrio retrógrado, vendo nisso um sinal negativo. Vale lembrar que a retrogradação não é necessariamente algo negativo. Seu significado é o retorno, regresso, revisão. Talvez possa significar um impulso de Francisco em prol do resgate de valores cristãos, uma restauração da Igreja de Roma. Mercúrio se encontra em conjunção ao planeta Netuno, sugerindo que os discursos e ideias do novo Papa primarão por um viés místico, religioso, compassivo.
Todos os sinais de um pontificado cristão no sentido franciscano estão aí. Apenas o tempo dirá se Bergoglio fez jus ao nome que tão corajosamente escolheu.
Veja também: Salve Jorge! Habemus o mapa do Papa Francisco!
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