Um
olhar brasileiro em Astrologia
Edição 178 :: Abril/2013 |
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UM ASTRÓLOGO NO VATICANOSalve, Jorge! Habemus o mapa
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Alexey Dodsworth |
Jorge Mario Bergoglio, o cardeal argentino que subiu ao trono do Vaticano, é um tipo Sagitário-Câncer com Urano muito forte. Por obra e graça de Mercúrio, Jorge virou Francisco, símbolo de uma Igreja voltada para os mais necessitados.
Veja também: De Bento XVI a Francisco - O que muda com o novo Papa
Nem sempre os papas mudavam de nome quando eram eleitos. Este procedimento passou a ser realizado graças ao deus Mercúrio. Conhecido como um grande passador de trotes olimpiano, não é de estranhar que tenha se metido até nos assuntos da nova religião dominante. Em 533 d.C., um sujeito chamado Mercúrio [esquerda] foi eleito Papa. Como seria por demais irônico que o líder da Igreja ostentasse o nome de uma divindade pagã, ele mudou sua alcunha para João II. A partir daí, a moda pegou: a larga maioria dos novos papas mudava seu nome quando eleito, sinalizando uma identificação e uma mensagem.
De fato, a escolha do nome de um Papa pode ter a significância de uma encíclica. Três dias antes da eleição daquele que viria a se chamar Francisco, comentei no Facebook o quanto seria notável – e escandaloso – que o novo Papa escolhesse “Francisco” como novo nome. Título que, vale lembrar, jamais havia sido escolhido por nenhum outro Sumo Pontífice. Quando um Papa escolhe um nome, ele diz a que veio. E, ao escolher homenagear este que é um dos mais queridos personagens da história do cristianismo – Francisco de Assis –, o novo Papa anuncia um reinado voltado para os pobres, recusando ostentações, voltado para as causas ambientais (Francisco de Assis, vale dizer, era por demais ligado à natureza e aos animais) e aberto ao diálogo inter-religioso (não apenas Francisco de Assis era aberto a este tipo de diálogo, como sua cidade de nascimento – Assis, na Itália – é palco de sérios encontros ecumênicos).
Não fui o único a desejar que o novo Papa homenageasse Francisco. Em sua coluna na revista Época, semanas antes da escolha do conclave, Walcyr Carrasco escreveu literalmente: “Sou católico. Falta um novo São Francisco que abandone a rigidez do clero e torne a Igreja mais acolhedora”. Apesar de eu não ser católico, nem tampouco cristão, desejei o mesmo. Francisco de Assis é, de fato, um dos personagens mais exemplares da história cristã, e mesmo um não-cristão é capaz de ter enorme simpatia por sua biografia.
Bergoglio, ao que parece, levou a sério sua escolha. Rejeitou trajar vestes luxuosas. Teria dito “o carnaval acabou”, quando lhe ofereceram acessórios vermelhos e dourados. Mandou trocar o trono dourado por outro mais simples. Pediu aos fiéis argentinos que não desperdiçassem dinheiro indo até sua primeira missa no Vaticano, mas que doassem a quantia aos desvalidos. Tais posturas causaram frisson em alguns católicos de extrema-direita que, nas redes sociais, precipitadamente denunciavam o novo Papa como um “possível comunista que doaria a riqueza do Vaticano aos pobres”, e mesmo o chamavam de “demagogo” por fazer um discurso anti-opulência.
Como se sabe, um dos episódios mais fascinantes da história cristã foi quando Francisco de Assis vendeu posses de seu rico pai para consertar uma igreja alquebrada. Criticado pelo genitor, que lhe jogou na cara “até as roupas que você veste foram compradas com meu dinheiro”, Francisco não hesitou, tirou a roupa toda e saiu nu para as ruas. Virou pedinte e, com o tempo, converteu-se na personalidade mais amada pelos católicos depois de Jesus e Maria. Sua história inspirou pelo menos dois outros santos que levaram seu nome: Francisco de Paola e Francisco Xavier. E, agora, inspirou Bergoglio.
Dificilmente o Papa Francisco doará a riqueza do Vaticano aos pobres. Nem mesmo o comunismo preconiza isso. Doar dinheiro a todos os pobres do mundo não resolve o problema e, com o tempo, o dinheiro acaba. O que pode se esperar do novo Francisco? Para isso, sustento que não apenas o mapa astrológico do homem Bergoglio deve ser considerado, mas também – e principalmente – o mapa do momento em que surge o novo Papa.
Se formos considerar o mapa do homem Bergoglio, os dados de nascimento foram disponibilizados no Facebook, por astrólogos argentinos que foram atrás de sua certidão de nascimento, a escanearam e disponibilizaram: 17 de dezembro de 1936, 21h, em Buenos Aires.
Cópia escaneada do registro original de nascimento de Jorge Mario Bergoglio, obtida (ou ao menos divulgada) pela astróloga argentina . O documento não deixa dúvidas sobre a data e o horário de nascimento: "(...) Declaró que el diez y siete del corriente a las veinte y una horas nació el varón Jorge Mario en su domicilio (...)
Cardeal Jorge Mario Bergoglio, eleito Papa Francisco - 17.12.1936, 21h (-03:00)
Buenos Aires, Argentina - 058w27, 34s36.
Vários pontos chamam a atenção neste mapa:
O Ascendente em Câncer com a Lua regente no signo de Aquário revela a personalidade de um cuidador, afetuoso e gentil, porém dividido entre inclinações conservadoras (Câncer se volta para a tradição) e progressistas (Aquário se inclina para a ruptura da tradição). De fato, se investigarmos atentamente os depoimentos de Bergoglio, veremos que ele tanto se posiciona de modo conservador (criticando o casamento civil homossexual, por exemplo e sendo contra toda forma de aborto), como tem laivos de progressismo (segundo Leonardo Boff, Bergoglio teria sido favorável ao reconhecimento da adoção de uma criança por um casal homossexual, e chamou seus confrades de “hipócritas” por se recusarem a batizar crianças fruto de relações não-matrimoniais). É muito provável que identifiquemos uma flutuação entre conservadorismo e progressismo nas atitudes de Bergoglio, de acordo com os trânsitos vigentes: se Câncer é ativado, ele se inclina para a tradição. Se Aquário é ativado, ele se abre para o novo. Urano no Meio do Céu sinaliza que seria equivocado ver em Bergoglio um conservador empedernido.
A Lua regente em conjunção com Vênus em Aquário enfatiza o carisma, a gentileza. Estamos diante de um homem que atrai afeto para si, que é querido e obtém os favores dos outros. É o traço de uma indivíduo pouco carnal. Seu amor se dirige para a humanidade, ao invés de para indivíduos específicos.
Muitas autoridades eclesiásticas argentinas foram coniventes com os excessos da ditadura militar que governou a Argentina entre 1976 e 1982 e levou ao desaparecimento de trinta mil pessoas. Na foto, o cardeal Pio Laghi, amigo pessoal do general-presidente Jorge Rafael Videla e parceiro de tênis do almirante Massera, ministro da Marinha. O jornal Pagina 12, que apoia Cristina Kirchner, tem tentado associar a imagem do novo Papa a esses cardeiais colaboracionistas.
Após o anúncio da eleição de Bergoglio, inúmeras denúncias surgiram nas redes sociais, apontando-o como alguém que teria colaborado com a ditadura militar argentina. Não há, contudo, evidências sobre isso. Em 2006, Bergoglio realizou uma “mea culpa”, declarando aos jornalistas que seu erro na época foi não ter sido corajoso o suficiente para fazer coisas que poderia ter feito. Declarou também, na biografia “O Jesuíta”: “Fiz o que pude com a idade que tinha e as poucas relações com as que contava, para advogar pelas pessoas sequestradas". O Nobel argentino da Paz, Pérez Esquivel, enfatizou que Bergoglio jamais colaborou com a ditadura argentina.
Veja também: De Bento XVI a Francisco - O que muda com o novo Papa
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