Um
olhar brasileiro em Astrologia
Edição 177 :: Março/2013 |
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TÉCNICA ASTROLÓGICAExplorando mapas harmônicos
Mapas H4? H9? Os nomes podem parecer um tanto assustadores, mas a técnica é simples. Com os mapas harmônicos, aspectos que não aparecem no mapa convencional revelam-se por inteiro e abrem novas perspectivas para a exploração do mapa do cliente. Muitas pessoas ainda desconhecem o trabalho de Astrologia Harmônica, criado por John Addey e desenvolvido por David Hamblin. Como todo conceito novo, tende a causar polêmica, e, mesmo na comunidade astrológica, percebo ainda um misto de desconhecimento, fascinação ou mesmo recusa no que tange ao trabalho com harmônicos. Devo confessar que estudar e aplicar mapas harmônicos possibilitou-me um verdadeiro aumento de percepções. Os clientes, sobretudo os de longa data, deram um excelente feedback, afirmando que a análise de suas cartas harmônicas permitiu reflexões muito profundas a respeito de suas próprias vidas. Estou escrevendo, portanto, sobre coisas que experimentei durante um bom tempo. Talvez existam mais pessoas que tenham experimentado a ideia dos mapas harmônicos – na verdade, espero que sim, pois sinto-me só! Mapas harmônicos têm a ver com aspectos (ângulos entre planetas). Por exemplo, tomemos a conjunção, que é um aspecto de união – dois ou mais planetas criam um amálgama, uma nova natureza. Nos aspectos ditos "tensos" – sobretudo oposição e quadratura –, todos derivam do conceito de dualidade. Em trígonos e sextis, temos a natureza da trindade agindo no mapa. O mapa harmônico é um derivado do mapa de nascimento, e só deve ser estudado após profunda compreensão dos significados intrínsecos ao mapa de nascimento. Existem diversas harmônicas possíveis, mas as mais importantes parecem ser a quarta, a quinta, a sétima e a nona. As fotos: John Addey (acima, à esquerda), nascido em Barnsley, Inglaterra, em 15 de junho de 1920 e falecido em 1982. Seu primeiro artigo sobre a teoria dos mapas harmônicos é de 1958, mesmo ano em que ajudou a fundar a Associação Astrológica da Grã-Bretanha, a qual presidiu entre 1961 e 1973; David Hamblin (ao lado, à direita), nascido em Manchester, Inglaterra, em 8.8.1935, e ainda em plena atividade. Um mapa de quarta harmônica nada mais é do que o círculo zodiacal do mapa dividido por quatro. Para fazermos um mapa de Harmônica 4, por exemplo, tomamos um mapa qualquer e dividimos os 360º em quatro segmentos iguais. O primeiro segmento, portanto, vai de 0º de Áries a 0º de Câncer. O segundo vai de 0º de Câncer a 0º de Libra. O terceiro, de 0º de Libra a 0º de Capricórnio. E o quarto, naturalmente, de 0º de Capricórnio a 0º de Áries, e a roda se fecha. Cada segmento tem uma largura angular de 90º. Feito isso, pegamos cada segmento e consideramos que cada um possui, dentro de si, um novo zodíaco completo de 360 graus – algo como a ideia de que o holograma contém infinitas cópias de si mesmo em cada pedaço, e, se considerarmos o zodíaco um holograma, a ideia não nos parecerá tão maluca. Cada distância angular do segmento deverá ser multiplicada por 4, no caso da quarta harmônica. De modo que um planeta a 0º de Áries continuará a 0º de Áries, mas o que estiver a 1º de Áries agora está a 4º de Áries; o que estava a 2º de Áries, agora é 8º de Áries, e por aí vai, até o final. O mesmo vale para todos os outros segmentos. Deste modo, um planeta que estava no mapa radical a 1º de Áries surgirá, na quarta harmônica, em conjunção a um planeta que se encontrava originalmente a 1º de Câncer. Não é complicado observar, portanto, que um mapa de quarta harmônica transforma quadraturas e oposições em conjunções, e que seu objetivo é o de ser um mapa que aprofunda o significado das quadraturas e oposições do mapa radical. Podemos considerar a quarta harmônica, portanto, como um "mapa de tensões", onde tudo que surge no estudo se refere a tensões individuais – um mapa inteirinho só de crises, já pensaram? Escolhemos a quarta e a nona harmônica porque elas representam, respectivamente, a pluralidade do dois e a pluralidade do três. 4 é o quadrado de 2 (sintetiza quadraturas e oposições) e 9 é o quadrado de 3 (sintetiza sextis e trígonos). Hamblin e Addey consideram importantes o estudo da quinta e da sétima harmônicas porque, segundo eles, 5 e 7 são dois princípios novos que não são revelados no estudo de um mapa astral tradicional. O mapa da pluralidade do 5 (ou quinta harmônica) teria a ver com aspectos de 72º, enquanto o da sétima harmônica teria a ver com o aberrante aspecto de 51,42857142857º! O aplicativo Vega calcula os mapas harmônicos sem maiores problemas. Não sei quanto aos outros programas. (Nota do Editor: o conhecido software Solar Fire também calcula com facilidade qualquer tipo de mapa harmônico.) O mapa de quarta harmônica é o que permite uma maior compreensão das dualidades e tensões da pessoa. É verdade que no próprio mapa radical já temos uma boa percepção do assunto, considerando as quadraturas e oposições do mesmo, mas no mapa H4 temos um aprofundamento do tema. Uma sessão inteirinha de mapa H4 é de doer. Ele pega na ferida. É interessante observar o ascendente do mapa H4, pois o signo aí presente representa um grande desafio pessoal, uma lição a ser aprendida. Seria, digamos assim, o signo que sintetiza o significado imanente às nossas quadraturas e oposições pessoais. [Nota do Editor: o uso de signos e casas em mapas harmônicos é um ponto polêmico. Alguns praticantes dão importância aos novos signos e casas ocupados pelos planetas na carta harmônica, enquanto outros preferem considerar apenas os novos aspectos formados, independentemente de signos e casas.] Um mapa H4 cheio de quadraturas, oposições e conjunções representaria uma pessoa altamente mobilizada por crises. Seria uma consciência fixada na dimensão H4 do ser. Na prática, a pessoa passa a vida batalhando muito mais do que o normal, porque se mobiliza para crises. Uma mulher revelada pelo H4Vou dar um exemplo de como o estudo do mapa H4 foi útil no trabalho com uma cliente que tenho, de longa data. Quem quiser, pode dar uma olhada, ela autorizou: 6 de Março de 1954, 9h40, São Paulo – SP Helena (nome fictício) - 6.3.1954, 9h40 - São Paulo, SP. Durante várias sessões considerei difícil trabalhar com "Helena" (nome fictício) justamente pelo que parece ser o sonho de qualquer astrólogo: é uma pessoa absolutamente descomplicada, alegre, aparentemente sem problemas, muitíssimo inteligente, que faz muitos trabalhos de autodesenvolvimento e tem uma maturidade incomum. Ela adorava as sessões de mapa e os estudos anuais de revolução, mas sempre me cheirava que havia nela algo que eu não conseguia alcançar. De certo modo ela parecia "estar em paz", o que seria ótimo se ao mesmo tempo não fosse óbvio que ela se encontrava estanque. Ano após ano, sempre que eu a via, tinha a nítida sensação de que ela havia sido colocada numa cápsula de hibernação – parecia-me que, ao sair da consulta, ela voltava para a cápsula, pois não mudava nada. Era sempre a mesma alma que eu encontrava, ano após ano, no meu estúdio. Ela tinha queixas, é claro, e problemas. Questões que nunca, jamais mudavam, e que ela só se permitia falar "por alto". O perfil é o de uma pessoa com excelente autoestima e que não se deixa abater por dificuldades. Mantinha um relacionamento há anos, mas quase nunca falava dele, o que me parecia incomum. Até o dia em que ela resolveu encarar um mapa H4. Helena se confrontou com um Ascendente em Leão H4, e imediatamente gelou. Ela conhece um pouco de Astrologia, de modo que sua primeira reação ao ver-se com um Ascendente H4 Leão foi: "Meu Deus... orgulho". Reconheceu, por si mesma, que era uma pessoa orgulhosa. Não "um pouquinho" orgulhosa, mas monstruosamente orgulhosa, quase compulsiva. Confessou que quando escrevia alguma coisa, lia o mesmo texto mais de dez vezes, maravilhada que ficava com a própria inteligência. Disse que se sentia efetivamente melhor do que as outras pessoas, e que por mais que seu comportamento não fosse tirânico, arrogante e não andasse por aí de nariz em pé, sentia intimamente um inconfessável orgulho. Sentia-se perfeita, e precisava manter-se em seu trono luminoso, de modo que nunca, jamais, de jeito nenhum, se permitia... sofrer. Ao menor sinal de "sofrimento", abria as penas de pavão e conseguia afastar tal experiência de si. Helena (nome fictício) - Mapa harmônico - H4 Helena desatou a falar sobre como se sentia sozinha no mundinho perfeito que havia criado para si, um mundo onde ela era uma princesa-que-estava-sempre-bem, e que efetivamente não tinha amigos, pois ninguém sabia das suas dores. Nem ela, aliás. O momento mais doloroso, entretanto, foi quando falamos da oposição Vênus-Saturno presente no mapa H4. Na teoria do mapa H4, é dito que podem surgir quadraturas e oposições que não existem no mapa radical. Estas são as mais difíceis e densas, pois representariam tensões extremamente inconscientes que não podem ser encaradas nem com o estudo do mapa radical. "Efetivamente, este aspecto sugere que você não se sente amada e que toda a sua vida gira em torno de sua necessidade de ser aceita" – comentei. Pela primeira vez em anos, vi a Helena-Sorriso desaparecer, dando lugar a uma feição endurecida e confusa. Então, desatou a falar. Falou sobre sua infância, quando aprendeu que "amor não existe, o que existe é comprometimento e interesse". Falou sobre a torturante sensação de que as pessoas não a amavam, mas apenas amavam a máscara que ela criara para si mesma. Discorreu sobre sua percepção de que tudo o que ela fazia envolvia "ser bem vista" e "bem querida", mas que, ao se comportar assim, atraía pessoas que amavam e queriam A MÁSCARA, e não ela "por inteiro". O significado de Vênus-Saturno, "rejeição amorosa", encontrava-se potencializado em Helena em um extremo dramático. Ficamos duas horas conversando sobre o assunto (na verdade, passei duas horas ouvindo. É dito que uma oposição/quadratura H4 mobiliza tão poderosamente a pessoa que ela tende a vivenciar uma verdadeira catarse). Pela primeira vez, a vi chorar. E ela me disse, textualmente, o que para mim era até então apenas suspeita: "Há anos me sinto congelada numa autoimagem que precisa... tem de mudar". Dois meses depois, terminou seu relacionamento. "Estava com ele apenas porque enfiei na minha cabeça que ele era o homem que qualquer mulher iria querer... mas eu não queria" – disse-me. Vale salientar que, em nossas sessões, jamais comentei ou levantei suspeitas de que seu relacionamento era furado. Apenas me parecia estranho – e eu guardava isso para mim – que ela jamais tocasse no nome do namorado, ou sequer falasse dele. Mudou a forma de vestir-se. "Odiava aquelas roupas" – comentou. "Vestia-as porque acompanhava a moda, mas cansei". Ela era, realmente, um grave caso de pessoa que representa peças para ser aceita. Este é um exemplo de como a compreensão de um mapa H4 pode conduzir a catarses – libertadoras ou não. Creio que depende de cada pessoa saber aproveitar a informação que emerge do simbolismo de um H4. Helena atualmente faz terapia com uma homeopata unicista, que lhe receitou Calcarea Carbonica, um medicamento que tem tudo a ver com psiques imóveis. Briga mais, chora mais, é mais humana. Perdeu vários "amigos", que não gostaram da "nova Helena" que não fazia tudo o que eles queriam. E me disse, textualmente, que foi a melhor sessão de mapa astral que já havia feito comigo. Tenho vários outros casos catalogados, mas escolhi este porque me marcou a memória: foi o primeiro mapa H4 que ousei analisar profissionalmente. Foi uma surpresa experimental. Toques para estudo de um mapa H41 - Observe se surgem quadraturas e oposições que não existiam no mapa radical. Elas se referem a feridas extremamente dolorosas e fortemente ocultas na pessoa. Fale carinhosamente sobre isso, para que seu cliente não saia correndo! 2 - Observe que as quadraturas e oposições do mapa radical transformam-se em conjunções. A casa e signo em que o "bloco de planetas" incide no mapa H4 é a "zona de crise". É a área mais afetada quando a pessoa entra em desequilíbrio. No meu caso é a Casa 2, e é incrível como o "dinheiro" é um termômetro de meu bem estar. É só eu ficar mal que esta área entra em parafuso total. Na medida em que volto a um estado harmonioso, o dinheiro cai do céu. Tenho um cliente com um stellium na Casa 6 do H4. A saúde do rapaz é a primeira coisa a estourar quando ele passa por crises. 3 - O Ascendente H4 – sobretudo os defeitos do signo – tem fundamental importância na análise de um mapa H4. Outros artigos de Alexey Dodsworth. |
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