O mapa do ingresso do Sol em Áries é utilizado há séculos como um eficiente recurso de previsão para o ano astrológico que se inicia no equinócio de primavera do hemisfério norte. É uma espécie de mapa do mundo que, de maneira ampla, aponta tendências válidas para todo o planeta, mas, por outro lado, não permite a individualização de prognósticos. É uma técnica que não fala de pessoas, mas sim de coletividades.
Uma visão geral do Ingresso Solar em Áries: o mundo em 2021
Quando calculamos a carta do ingresso solar em Áries 2021 sem considerar nenhum país específico, o resultado é um gráfico sem casas, que permite o levantamento de alguns prognósticos gerais válidos para todo o planeta. É o mapa do mundo, que mostra o clima geral a ser vivido por toda a humanidade no período de março de 2021 a março de 2022. Neste gráfico, além dos dez planetas habitualmente utilizados, também consideramos o asteroide Quíron e os planetas anões Éris e Sedna, de uso ainda experimental na Astrologia.
Três características nos chamam de imediato a atenção:
1 – Trata-se de uma carta bastante concentrada, onde todos os planetas distribuem-se por uma área inferior a um quincunce. Se considerarmos apenas os planetas geracionais, o ângulo entre Plutão e Urano é inferior a um trígono, dando conta de um momento de extrema concentração de energias.
Na teoria do índice cíclico de Gouchon-Barbault, trata-se de um dos momentos de maior baixa do índice cíclico em todo o século XXI: a presença dos planetas geracionais muito próximos entre si indica um período de extrema tensão, caracterizado por crises de grandes proporções e ocorrências excepcionais. Não é preciso muito esforço para associar esta baixa do índice cíclico à pandemia do coronavírus e todas as suas consequências nos âmbitos sanitário, econômico e social.
2 – Usando o esquema moderno de regências, Netuno é o único planeta em domicílio e dispõe direta ou indiretamente de todos os demais, o que lhe dá um destaque excepcional. Já no esquema de regências clássicas, o papel de dispositor final pertence a Saturno, regente tradicional de Aquário. Esta dupla ênfase Saturno-Netuno remete a uma atmosfera geral de pessimismo, desamparo e sensação de impotência frente a situações de risco.
Destacam também a importância, na vigência deste ingresso, de países e regiões associados ao ciclo Saturno-Netuno, como é o caso de toda a América Latina (no momento, o epicentro da pandemia) e dos países que resultaram da desagregação da antiga União Soviética.
No aspecto positivo, a conjugação de Saturno e Netuno fala de disciplina, capacidade de sacrifício e disposição para suportar condições penosas, letárgicas ou hostis. A Ordem dos Templários, os monges-guerreiros da Idade Média, surgiu exatamente sob uma conjunção Saturno-Netuno. Sua capacidade de organização coletiva e seu senso de dever para a instituição encontram um paralelo contemporâneo nos profissionais da área de saúde e na comunidade científica, que vêm constituindo a linha de frente no combate à pandemia.
É exatamente no rigor da pesquisa científica (Saturno) e na disposição sacrificial de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas (Netuno) que temos hoje nossas melhores chances de superar a crise.
3 – Um terceiro planeta que também se destaca no ano é Plutão. De acordo com a teoria dos Modelos Planetários, de Marc Jones, a carta do Ingresso Solar 2021 pode ser classificada como sendo uma Taça ou Tigela, modelo caracterizado por forte sentido de missão e pela capacidade de atuar positivamente em situações críticas (duas qualidades essenciais para o enfrentamento da crise atual).
Plutão, por ser o primeiro planeta no sentido horário, é também o planeta-guia da carta do Ingresso 2021, mostrando que não superaremos a pandemia sem mudanças profundas e radicais na forma de administrar problemas que afetam toda a coletividade (Plutão está em Capricórnio, signo de política e gestão). E não custa lembrar que Plutão é também um símbolo adequado para o próprio coronavírus: um perigo invisível, de tamanho infinitesimal e enorme potencial agressivo.
Plutão-Éris: a importância das soluções negociadas
Ao longo do ano, Plutão fecha mais uma vez a quadratura com o planeta anão Éris, atualmente em 23º de Áries, aspecto que dominou todo o ano de 2020 e de importância capital para o entendimento da Covid-19. Éris pode ser considerado um símbolo de desafios inéditos que precisam ser enfrentados com ferramentas igualmente inéditas. Como corregente moderno de Libra, Éris fala de esforços coordenados, decisões negociadas e soluções inclusivas (precisam ser boas para todos, e não apenas para um grupo privilegiado).
O que o mapa do ingresso nos diz é que as saídas unilaterais não vão funcionar, tendo como consequência apenas a continuidade da pandemia por tempo indefinido. É o que está acontecendo hoje na distribuição mundial de vacinas e insumos para a área de saúde, onde alguns poucos países formam estoques muito superiores às suas necessidades enquanto outros mal podem iniciar seus programas de imunização.
É o que acontece também em todas as esferas de administração, onde as várias instâncias não se entendem e não conseguem estabelecer planos de ação coordenados. Isto tanto envolve a relação entre o governo central e os governos regionais, dentro de cada país, quanto as próprias relações entre países, que têm-se caracterizado por forte competição, com consequente enfraquecimento dos organismos internacionais de cooperação.
Nos mapas de ingresso relocados para cada país, é importante observar a casa ocupada por Plutão, que sempre indicará uma área crítica onde a ausência de coordenação pode atrasar substancialmente a superação da pandemia.
Alguns aspectos significativos
Saturno em quadratura com Urano – é o aspecto mais tenso do ano, dando a tônica de todo o ano de 2021. É a típica quadratura da “corda esticada”, mostrando potenciais conflitos entre a a imposição da ordem e a rebeldia individualista, entre a restrição e o comportamento de “cada um por si”, entre a paralisia e a inventividade que busca alternativas. É também o aspecto típico das crises em economias de mercado, podendo mostrar fortes reviravoltas financeiras, oscilações cambiais, crises de escassez, grandes sucessos empresariais em alguns setores convivendo com falências e prejuízos em outros. Excelente para quem trabalha com tecnologia de ponta e estruturas de gestão flexíveis, capazes de reorientações rápidas.
No ingresso relocado para cada país, a localização desta quadratura por casa mostrará onde as tensões estarão mais aguçadas, e onde movimentos de protesto podem eclodir.
Quadraturas Mercúrio-Marte e Netuno-Vênus-Lua – Mercúrio em Peixes em quadratura com Marte em Gêmeos e Netuno, também em Peixes, em quadratura com Lua em Gêmeos são aspectos que agregam muitos problemas de comunicação e polarização ideológica ao clima de 2021. Gêmeos e Peixes são signos mutáveis, que conectam de forma tensa a racionalidade do elemento Ar e a hipersensibilidade do elemento Água. Discursos agressivos (Marte em Gêmeos) podem ferir suscetibilidades e gerar reações exageradas (Mercúrio em Peixes). Ou notícias mentirosas – as onipresentes fake news – podem desencadear ondas de violência (Marte em Gêmeos).
Todo cuidado é pouco nas redes sociais. A quadratura Netuno-Lua fala da disposição da opinião pública para deixar-se seduzir, para ser vítima de discursos demagógicos ou distorcidos pelo otimismo exagerado. A disposição adolescente de Gêmeos continuará presente nas baladas clandestinas, na disposição para descumprir regras de isolamento social, na circulação indiscriminada de conteúdos noticiosos de todo tipo. Ao longo do ano, será difícil separar o joio do trigo no mundo da informação.
Aspectos fluentes e as oportunidades do ano
Trígonos no elemento Ar – Trígonos entre Saturno e Marte e entre Júpiter e Lua destacam a importância das instituições científicas, ONGs de sólida reputação, veículos tradicionais da grande imprensa e universidades no combate à desinformação e na difusão de propostas com viés mais técnico do que ideológico. A escolha do que ler ou do que assistir será de vital importância até para a saúde mental. O ano é excelente para institutos de pesquisa e universidades, que podem encontrar novos canais de comunicação e alcançar um público mais amplo. Cientistas, professores e especialistas nas mais diversas áreas deverão ter participação ativa no debate sobre as saídas da pandemia, e serão muito mais atuantes do que em 2020 (ano em que já estiveram em bastante evidência).
A batalha em torno da informação será ainda mais intensa do que nos anos anteriores. Os mais ansiosos deveriam evitar a superexposição às notícias de fontes duvidosas e filtrar com mais cuidado o que consomem – e, ainda mais, o que passam adiante.
Aspectos fluentes em Terra – O bom momento para a comunicação técnica (e também para o ensino a distância) aparece também no sextil de Mercúrio em Peixes a Urano no terráqueo signo de Touro. O trígono entre Plutão e o planeta anão Sedna em Touro, relacionado ao meio ambiente e ao equilíbrio hídrico, abre uma janela de oportunidades para iniciativas ligadas à despoluição das águas ou ampla discussão do aquecimento global. As perspectivas futuras ainda são sombrias, mas este é um ano para os ambientalistas não esmorecerem.
Sol em conjunção com Quíron – Num ano crítico em termos de saúde pública, não deve causar surpresa que o Sol esteja exatamente em conjunção com o asteroide Quíron, associado à atividade terapêutica e à correção de situações de desajuste. Sendo o Sol um princípio de lucidez e consciência, 2021 é um grande ano para lançar luz sobre as doenças do mundo contemporâneo e suas formas de enfrentamento, seja no nível físico (a pandemia), seja na esfera emocional.
Quíron junto ao Sol fala das profundas feridas que quase dois anos de isolamento social vão deixar nos mais vulneráveis. Questões emocionais e existenciais de difícil solução devem aparecer com toda a força na volta às aulas das crianças, na retomada da vida social dos adolescentes e no retorno dos idosos ao convívio com parentes e amigos. O luto não vivido nos meses de isolamento cobrará seu preço.
Terapeutas e consultores de todos os tipos – psicólogos, psiquiatras, homeopatas, terapeutas florais, orientadores educacionais, pedagogos, consteladores e orientadores religiosos – serão de vital importância assim que a pandemia começar a ceder. Quíron conjunto ao Sol avisa que a doença não é apenas do corpo, mas principalmente da alma.
Deixaremos para outro artigo a análise de prognósticos específicos para alguns países.