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CRÔNICA
ASTROLÓGICA DO DESFILE DAS ESCOLAS DE SAMBA DE 2005
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A águia decepada |
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Fernando Fernandes |
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Imperatriz Leopoldinense
Nada mais parecido com o estilo que deu tantos títulos à Imperatriz Leopoldinense do que o mapa com que a escola entrou na Marquês de Sapucaí na madrugada de 8 de fevereiro. O Ascendente está no frio e controlado signo de Capricórnio, enquanto a conjunção Vênus-Lua em Aquário na casa 1 dá testemunho eloqüente da característica mais forte da agremiação: o estilo clássico, requintado, feminino, que traz a marca da minuciosa carnavalesca e artista plástica Rosa Magalhães. A Imperatriz criou a fama da escola que faz desfiles tecnicamente perfeitos, mas sem empolgar a platéia. Foi a grande papa-títulos dos últimos vinte anos, superando agremiações bem mais populares, como a Mangueira e a Portela. Vênus, regente do Meio do Céu, posicionada na casa 1 e em conjunção com a Lua, regente da 7 (o público), mostra que a escola faria um desfile com plena consciência de suas opções estéticas e absoluto domínio do impacto que desejava provocar. Saturno tensionado e em exílio na casa 7 revela, porém, que a escola desperta a admiração dos críticos, mas não a paixão da massa. Sempre foi assim, e provavelmente continuará sendo. Já Mercúrio-Netuno-Sol na casa 2 em trígono com Júpiter na 10 parecem indicar a maneira segura como a escola lança mão de seus recursos (casa 2) para manter-se nos melhores lugares (casa 10). Beija-Flor
A escola de Nilópolis fechou o desfile de carnaval com um belo desfile cujo tema era a saga dos índios do Sul do Brasil que defenderam os missionários jesuítas da cobiça dos bandeirantes. Com cinco planetas e o Ascendente em Aquário e Urano presente na casa 1, a Beija-Flor foi a mais aquariana de todas as escolas. Não por acaso, apresentou a história de uma comunidade considerada avançada para a época, onde os índios recebiam tratamento de seres humanos, e não de simples escravos. Em contrapartida, a grande ênfase na casa 12, somada à presença de Urano, regente do Ascendente, em Peixes explica a temática do martírio e "a estética da dor" adotada pela agremiação. Havia o genocídio dos guaranis, havia as vítimas perseguidas pela Inquisição e havia até mesmo um Cristo de coroa de espinhos e coberto de sangue. A leveza de Vênus: Vila Isabel e Grande Rio Duas escolas desfilaram com Vênus no Ascendente: A Vila Isabel, no primeiro dia, e a Grande Rio, no segundo.
Vênus, Mercúrio e Netuno em Aquário prometiam leveza (signo de Ar) e um certo descompromisso com temas sérios: a um Mercúrio enquadrado entre Vênus e Netuno só restava contar sobre coisas belas e agradáveis, e com a máxima graça possível. No caso da Vila, a saga da conquista dos mares foi o tema concebido por Joãosinho Trinta, que, vítima de uma isquemia, não teve tempo de desenvolvê-lo pessoalmente. Todos os carros da Vila pareciam flutuar sobre as águas, num oceano de panos azuis. A profusão de navios, golfinhos e outras referências marítimas deve-se tanto à conjunção Mercúrio-Netuno na casa 1 quanto à presença de Urano, regente do Ascendente, em Peixes. A diferença da Grande Rio para a Vila foi a presença da Lua colada ao Ascendente, sendo a Lua um significador de nutrição. Por isso a Grande Rio assumiu outra faceta de Vênus: a relação sensual e prazerosa do homem com a comida.
Além do mais, a dupla ênfase feminina no Ascendente - Vênus e Lua, sem falar de Netuno, também na casa 1 - reforçou a empatia e a cumplicidade com o público pelo fato de trazer algo familiar para a passarela: uma boa parte do elenco da novela Senhora do Destino, que pegava carona na Grande Rio para gravar cenas de uma escola de samba fictícia, a Unidos de São Miguel. Nada mais Vênus-Lua no Ascendente do que a agitação do público e a tietagem na passagem de conhecidos astros televisivos. Em volta milhares de componentes exibiam panelas cheias e tentadoras guloseimas, confirmando, mais uma vez, a tese de que as escolas de samba desfilam em sintonia com o céu. Leia outros artigos de Fernando Fernandes.
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