1942: surge o Botafogo de
Sagitário
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Botafogo Futebol e Regatas - 8.12.1942 -
carta solar calculada para as 12h, sem indicação
de casas - Rio de Janeiro - 22s54, 43w15. |
Já o mapa da fusão dos dois Botafogos,
em 8 de dezembro de 1942, mostra uma ênfase em Sagitário
(Sol, Lua, Mercúrio e Vênus), em contraposição
ao stellium em Gêmeos de 1894. Este novo Botafogo viverá
a fase de grandes conquistas, como a do campeonato de 1948, sob
a batuta do folclórico presidente Carlito Rocha, e os anos
de ouro, de 1957 a 1968, com dois bicampeonatos cariocas e times
inesquecíveis, onde jogaram Garrincha, Didi, Manga, Nilton
Santos, Gérson, Jairzinho e tantos outros craques que entraram
para a história do futebol brasileiro e mundial. Os dois
aspectos que contribuem para explicar a nova mística criada
em torno do clube são a quadratura da Lua sagitariana com
Netuno e a oposição entre Marte e Urano, que agregaram
ao clube um toque de magia e de imprevisibilidade.
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O Botafogo campeão
carioca de 1962: sob a mística Sagitário-Netuno,
uma das melhores equipes do futebol mundial. |
Com o mapa da fusão, o Botafogo ganhou uma
dimensão sagitariana e também netuniana: os grandes
vôos, as conquistas épicas, mas também as grandes
ilusões e dissabores. Um ditado dos cronistas esportivos
cariocas afirma que "há coisas que só acontecem
com o Botafogo." E é verdade. Místico e supersticioso,
o presidente Carlito Rocha considerava o cachorrinho Biriba não
apenas um mascote, mas peça essencial nas vitórias.
Uma vez, numa excursão do time, um reserva foi retirado da
delegação na última hora para dar lugar no
avião ao "amuleto" de quatro patas...
Netuno fez das suas ao longo da década de
setenta, quando transitava pelo signo de Sagitário. Quanto
mais se aproximava do Sol da carta de 1942, mais aumentavam as agruras
da agremiação. Em 1977, já com o trânsito
exato, o presidente Charles Borer (que não deixou boas lembranças
no coração de nenhum botafoguense) trocou a sede da
rua General Severiano por um estádio no subúrbio,
no longínquo bairro de Marechal Hermes. A transação
até hoje é considerada nebulosa ou, no mínimo,
equivocada. Sob os efeitos do planeta das névoas, o Botafogo
viveu os piores anos de sua história, comparáveis
a um verdadeiro exílio. Nos anos oitenta, começa a
lenta recuperação com a entrada dos recursos trazidos
por um dirigente-contraventor ligado ao jogo do bicho (novamente
um simbolismo netuniano). Finalmente, 1989 marca o retorno aos bons
tempos com a conquista do Campeonato Estadual, primeiro título
importante após 21 anos. Considerando que este é o
tempo médio que Saturno leva para completar três quartos
de seu ciclo, temos novamente em ação o simbolismo
do planeta do tempo, da estrela solitária que define
os momentos decisivos da história deste clube único.
Ao mesmo tempo, a venda da sede de General Severiano
também está indicada na carta do clube de futebol,
de 1904. Por progressão secundária, a Lua atingiu
o Fundo do Céu exatamente em 1977, ativando a quadratura
entre Júpiter na 4 e Marte na 6. É uma clara indicação
de mudança sob condições difíceis, pois
a Lua radical rege a 6 (crise) e está na 8 (morte, transmutação).
Esta carta de 1904, aliás, mostra-se sempre válida
quando se trata de explicar as questões do futebol, devendo
a carta de 1942 ser considerada apenas como complementar. Uma confirmação
vem com o retorno do Botafogo ao seu bairro de origem, após
árduas negociações:
A volta para casa significa o fim do exílio,
de uma luta que durou quase 20 anos, o resgate de um pedaço
da história do Clube e da Cidade do Rio de Janeiro, o reencontro
com a pátria alvinegra. Tudo isso aconteceu no dia 8 de dezembro
de 1995, em pleno dia de Nossa Senhora da Conceição,
padroeira do Clube. O Rio parou. Bandeiras, camisas, faixas, balões,
gritos, lágrimas, sorrisos.
Naturalmente, a data de 8 de dezembro foi escolhida
por ser o aniversário do clube de 1942. Mas o grande aspecto
significativo é o trânsito de Urano nos últimos
graus de Capricórnio, entrando em órbita com o Ascendente
de 1904, no início de Aquário. Astrologicamente, é
mesmo a volta pra casa, o "fim do exílio". É
quando também o Ascendente progredido atinge o grau radical
do Fundo do Céu, confirmando a hipótese de horário
que aqui adotamos para a fundação.
Da análise, resta a percepção
de uma entidade astrologicamente multifacetada, onde três
cartas se superpõem para dar o retrato completo da identidade
alvinegra. A carta do clube de regatas, em 1894, continua ativa
ao definir um simbolismo de inquietação, combatividade,
espírito "do contra". É o toque politizado,
beligerante e raivoso. A carta da fusão, em 1942, aponta
para a mística botafoguense, para a dimensão épica
do "sonho impossível", enfatizando Sagitário,
Netuno e Marte-Urano. A carta do clube de futebol, em 1904, define
o que o Botafogo tem de mais essencial: o orgulho altivo (Leão)
e a afirmação de uma identidade diferenciada (Saturno).
É este mapa, principalmente, que faz do Botafogo não
a paixão da maioria, mas a causa de uma minoria teimosa e
resistente.
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