Pitágoras
e o Tema do Número
AUTOR: Mário Ferreira dos Santos
EDITORA: Ibrasa, 2000 - 240 páginas
A matemática e a
via simbólica
Por toda esta série de observações
é que Mário Ferreira dos Santos faz notar que o campo
da matemática não se restringe apenas ao das abstrações
qualitativas, como se pensa comumente, mas ao campo da totalidade
do ser. A matemática, no sentido pitagórico, é
portanto a ciência mater, e isto no sentido hierárquico,
pois consegue abranger a unidade sobre todos os aspectos.
É neste sentido que se deve
entender a simbolização da Divindade como O Grande
Arquiteto do Universo, O Grande Matemático, que surge
em certas ordens. A Mônada Suprema, que é Deus
(porque, nele, ser e conhecer se identificam), é o saber
supremo, o saber absoluto e total, a mathesis superior da qual
participamos gradativamente através do esforço
que desvela, que arranca os véus do que está oculto
e penetra no conhecimento profundo das coisas. Eis porque o
itinerarium mysticum, a via symbolica é um caminho para
alcançá-la, pois, graças aos símbolos,
vamos apontando as perfeições de que tudo e todos
participam particularmente e que, no Ser Supremo, são
em plenitude. |
|
O número, ou melhor, o símbolo numérico
revela, com a sua escala crescente e hierárquica, as várias
etapas com que se alcança o conhecimento supremo e com que
se realiza uma ascese, fazendo com que o "iniciado" se
depare e tome consciência das Leis Supremas - experiência
necessária para que modifique substancialmente a sua vida.
O homem consegue, assim, se orientar em meio ao enorme caos que
é a vida, realizando o seu destino conforme às exigências
que o tempo lhe impõe.
Desse modo, passa a ser fácil compreender
o que indica a década, a tetractys pitagórica, que
interpreta todas as coisas sobre todos os seus aspectos possíveis
que, em suma, são dez. Dez são, pois, as categorias,
as modalidades do ser, ou os modos com que os seres se manifestam
e podem por sua vez serem compreendidos. Aliás, a ordem cósmica
é dirigida por dez grandes leis, às quais se podem
reduzir todo o mundo fenomênico, todas as leis da ciência
e, inclusive, todas as observações mais sólidas
da filosofia. Estas Leis são as seguintes:
· Lei da Unidade
tudo quanto "é" forma uma unidade, sob qualquer
aspecto que se tome. Esta lei decorre do poder unitivo do Ser, revelando
a "grande presença". Esta é a lei da integração,
simbolizada pelo 1.
|
· Lei da Oposição
todo ser finito é diático, é dual, e
sempre pode ser visto em suas positividades opostas pois tudo
tem dois lados. No mais, tudo se coloca e está posto
perante uma outra coisa de uma maneira muito específica,
o que gera um tipo de relação muito particular.
Afinal, todos os seres acabam mantendo
relações entre si, querendo ou não, e
isto pelo simples fato de existirem. Esta é a lei da
distinção e da separação, simbolizada
pelo 2.
|
|
· Lei da Reunificação
entre dois seres, ou entre os dois lados opostos de uma mesma coisa,
há sempre um meio-termo possível - um intermediário.
Esta é a lei da intermediação, simbolizada
pelo 3.
|
· Lei da Alternância
todas as coisas e todos os pares de opostos mantêm relações,
o que leva tudo a um dinamismo. Afinal, todas coisas, em si
e entre si, se interatuam e se alternam. É esta lei
que demanda toda a série de fatos que se sucedem no
mundo físico. Esta é a lei das alterações,
simbolizada pelo 4.
· Lei da Forma
todos os seres tem uma forma e, por isso, atuam e sofrem de
uma ação de acordo com a própria natureza;
inclusive o homem, que tem uma forma a realizar. Esta é
a lei da formação, simbolizada pelo 5.
|
Do seis ao zero
|