Se Plutão rege tudo que está oculto,
o que significa tê-lo na casa 10, a mais elevada e visível
do mapa?
Plutão é o último planeta do
Sistema Solar - pelo menos, do que se sabe até agora -, e
foi descoberto na década de 1930. Não sendo um astro
visível a olho nu, suas vibrações não
podem ser captadas e compreendidas apenas com os cinco sentidos.
Sua influência vai além da percepção
cartesiana.
Esse planeta está associado à energia
nuclear, que começou a ser experimentada pelo homem bem na
época em que ele foi detectado no sistema solar. A partir
de então, esta energia começou a ser sondada como
uma fonte alternativa de recursos, e muitas usinas movidas por ela
foram construídas.
Contudo, o homem nunca compreendeu de fato o poder
e o significado dessa energia, e isso resultou em Chernobyl e no
"grande elefante branco" representado pelos dejetos nucleares,
tendo como ápice a bomba atômica que arrasou Hiroshima
e Nagasaki na década de 1940 e o terror que se instalou durante
a guerra fria às custas do medo de uma guerra nuclear.
Por fim, restou a conclusão de que a energia
da vibração plutoniana é extremamente poderosa,
mas que o homem não está preparado para lidar com
este poder. Pelo menos, por enquanto.
A verdade é que Plutão, na mitologia
romana, representa Pluto, o rico, cuja riqueza advém das
profundezas, brota do chão. Senhor dos Infernos, Deus dos
Mortos, Plutão rege tudo o que está oculto, assim
como o tesouro escondido, as pedras preciosas e os metais e minerais
extraídos do subsolo.
Assim, para compreender a verdadeira força
de Plutão, é necessário aventurar-se em um
enredo digno de Indiana Jones, em que a obtenção do
mais precioso dos tesouros requer escavação, conquista
e, como não poderia deixar de ser, luta. E, no qual, quando
se pensa "bom, cheguei lá!", aí é
que vêm os ratos e as cobras, em suma, os testes e as provações,
apenas vencidos pela persistência dos grandes aventureiros,
pois o escavador definitivamente precisa provar que merece a relíquia
escavada...
Na Astrologia moderna, Plutão rege o signo
de Escorpião e, como este signo, simboliza a fênix
que ressurge das cinzas e se eleva ao céu, a borboleta que
emerge colorida de seu casulo "sem graça", numa
representação da transformação e da
cura interior através do autoconhecimento.
E, como não se pode aplicar o remédio
sem limpar a ferida, a cura é sofrida, a transformação
é precedida da dor, pois Plutão é, na sua expressão
máxima, o fim que conduz ao começo, a morte que gera
o renascimento. Não é por acaso que os regidos por
Plutão têm na perda seus maiores ganhos.
|
O Dalai Lama (6.7.1935, 4h45 GMT, Takster,
Tibet - 36n32, 101e12) é um bom exemplo de Plutão
na casa 10. O líder religioso dos budistas tibetanos
teve de enfrentar a ocupação de seu país
e o exílio antes de transformar-se na personalidade carismática
de hoje. |
Plutão é assim, o grande princípio
masculino, a energia yang da ação transformadora,
o espermatozóide que, dentre tantos outros, luta incansavelmente,
num meio totalmente adverso, até atingir o óvulo e
fecundá-lo. Plutão é, em suma, o esperma da
vida, o guerreiro numa jornada rumo ao âmago de seu próprio
ser, lutando por sua própria essência oculta.
Quando esse guerreiro encontra o tesouro escondido,
o brilho do metal precioso remete-o à preciosidade que existe
em seu coração, assim como as vibrações
do último planeta do Sistema Solar convergem para o centro,
o Sol: a consciência suprema, num movimento circular que é
a própria dinâmica cognitiva da vida. E a regeneração
acontece.
Portanto, para aqueles que têm Plutão
na 10ª casa, o sucesso e a realização são
como tesouros ocultos no subsolo. Não são evidentes;
devem ser escavados nas profundezas, como nas aventuras de Indiana
Jones. Não é à toa que Plutão e determinação
formam uma rima perfeita. Aliás, o poder do escorpião
reside, justamente, na sua determinação sem equivalência
no reino animal.
A recompensa por essa busca interior? Sim, ver o
sapo se revelar um príncipe encantado, o patinho feio se
transformar em cisne. Esse é a lógica plutoniana:
algo misterioso, inconveniente, nonsense, assustador, uma
verdadeira incógnita, mas, que carrega dentro de si um estrondoso
potencial obscuro, somente revelado aos desbravadores que decidem
desvendá-lo. Um pouco árdua essa lógica, é
verdade, e cara, às vezes. Afinal de contas, Plutão
é símbolo de poder.
Por isso, para quem tem Plutão na casa das
vocações, do sucesso profissional, a realização
é sinônimo de luta, de descoberta, de conquista, de
provações e, acima de tudo, de persistência,
mas também ela ostenta o tom reluzente de uma rara pedra
preciosa, daquelas que não se encontra em qualquer lugar.
Saiba mais sobre Flavia
Ribeiro de Melo.
|