Explosões solares,
calendário maia e Estrela de Davi
Pouco antes do eclipse do dia 8, na terça-feira,
4 de novembro de 2003, ocorreu a maior explosão solar já
registrada, causando sérios problemas nas transmissões
de rádio na América do Norte. Os cientistas estimam
que ela esteja bem acima da classificação mais alta
na escala criada para medir esse tipo de fenômeno. Com isso,
foram esperadas auroras boreais muito acima do normal nos dias 5
e 6 de novembro, com a massa de gases emitidos pelo sol atingindo,
de raspão, a Terra. Muitos podem ver nisso um "sinal"
de que a "abertura" é realmente plausível.
A coincidência de eventos é realmente interessante.
Mas assim como pode ser temerário considerar Quíron
com o mesmo peso de um planeta numa interpretação,
julgar que um evento como a explosão solar tenha um significado
reconhecido dentro do corpo de conhecimentos astrológicos
é exagero. Não há nenhuma mudança comportamental
que possa ser associada ao fenômeno e que não possa
ser explicada por outros fatores do mapa astrológico.
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Sombra da Lua sobre a Terra delimitando a
área do eclipse total do Sol de 1999. O eclipse solar
de novembro de 2003 só é visível nas proximidades
da Antártida. |
Muitos têm considerado crítico o ano
de 2012, afirmando que o Calendário Maia aponta o final dos
tempos. É importante frisar: não misturemos a Astrologia
ou o sistema de observação e datação
dos maias com a Astrologia hoje praticada no Ocidente. Se calcularmos
um mapa para janeiro de 2012, com exceção da entrada
de Urano no signo de Áries e da oposição entre
Júpiter e Saturno, não existem outros eventos críticos
o suficiente para chamar a atenção da Astrologia ocidental.
E essas mesmas configurações já ocorreram um
sem número de vezes. Uma delas, a entrada de Urano em Áries,
ocorreu em fevereiro de 1928, um ano e meio antes do crack da Bolsa
de Nova Iorque de 29. Com Urano em Áries, é possível
que os projetos engendrados nos sete anos anteriores, em sua passagem
por Peixes, atinjam seu clímax, assim como as revoltas de
inversão de ordem, possíveis durante a fase.
O ser humano tende a transferir a responsabilidade
pela resolução dos próprios problemas para
grandes eventos cósmicos, mesmo que o evento seja uma estrela
de seis pontas formada com a ajuda de um asteróide cujo simbolismo
mal se começou a explorar e cuja associação
com um signo ainda é bastante incerta. Os que defendem o
uso de Quíron não têm certeza se regeria Sagitário
ou Virgem. Talvez ele tenha uma conotação pisciana,
já que, no mito, o centauro Quíron alivia a dor humana
sem, contudo, propiciar alívio para si próprio - atributo
um tanto pisciano diga-se de passagem, cuja casa análoga,
a 12, remete às instituições, como hospitais,
por exemplo.
A estrela de Davi celeste já ocorreu um sem
número de vezes ao longo do tempo. Nem por causa disso deixaram
de ocorrer guerras, matança e atrocidades. Se fosse para
a humanidade "evoluir" da maneira fantástica, como
tem sido propagado, com direito à fraternidade e paz entre
os seres humanos, as configurações anteriores, ou
as "aberturas de portais" anteriores, já teriam
provocado a eliminação dos conflitos entre as pessoas.
Não é o que aconteceu e não é o que
tem acontecido. Será que não existe "abertura
de portais"? Não se descarta aqui esta possibilidade.
Pode ser que haja um pipocar mais freqüente de interesse por
realidades transcendentes em diversas partes do mundo, mas, como
tudo na natureza é processo, não deve ser algo que
venha a produzir uma alteração drástica.
E quanto à mesma estrela de seis pontas não
mais no âmbito do coletivo, mas no mapa individual? Não
seria indício de um grande desenvolvimento mental, emocional
e espiritual? O que vou dizer a seguir não deve ser levado
em sentido literal. Nem todos os mapas de nascimento de pessoas
que apresentam o desenho de uma estrela de seis pontas reproduz
exatamente as mesmas condições que mencionarei: mapas
de nascimento com essa estrela desenhada pela posição
dos planetas também ocorrem muitas vezes em casos de pessoas
excessivamente crédulas ou naqueles com grandes problemas
de definição de como atuarão na sociedade.
Igualmente podem ocorrer em casos de pessoas por muitos anos satisfeitas
com a vida que levam e que são, em boa parte, céticas.
Dependendo dos signos e casas dos planetas que formam esses vários
trígonos (ângulos de 120 graus considerados harmônicos,
"benéficos" ou fluentes), podemos encontrar pessoas
bem sucedidas financeiramente, outras que se beneficiam de heranças
e ainda outras que levam uma vida simples e sem sobressaltos.
O fato, enfim, é que pessoas com estrelas
de seis pontas em seus mapas são perfeitamente normais, nem
melhores nem piores do que qualquer outra. Ter dois trígonos
no mapa de nascimento (ou uma estrela de seis pontas) não
dá a ninguém privilégio sobre os demais seres
humanos. Nenhuma das pessoas com estrelas de seis pontas cujo mapa
interpretei era um mestre ascencionado ou alguém acima das
expectativas normais. Houve até uma que apresentava um quadro
de bulimia e anorexia. Outra parecia viver o simbolismo sagrado
da estrela, muito preocupada em transcender a vida mundana. Tão
preocupada com isso que tornou-se fanática e queria converter
todo mundo às diversas religiões que abraçou.
O eclipse de 8 de novembro ativa
por angularidade da Lua a fronteira Índia-Paquistão,
uma das mais explosivas do mundo. (Foto: Ali Jinnah, fundador
do Paquistão). |
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Quanto a considerar ou desconsiderar Quíron:
não sou, na verdade um defensor de uma astrologia imutável,
e sim de uma astrologia praticada pelo astrólogo que saiba
limitar-se àquilo que consegue dominar. Obviamente que não
penso que quem usa pontos médios, Lilith, asteróides
e outros fatores esteja errado, longe disso. Trata-se de um campo
de pesquisa muito importante, mas chegará o dia em que existirão
astrólogos que interpretarão um mapa todo preto. Cuméquié?!
Isso mesmo, todo preto, cheio de planetas, asteróides, pontos
abstratos calculados matematicamente etc. Isso pode acontecer porque
a avalanche de fatores novos e antigos que vêm sendo inseridos
e reinseridos no escopo da leitura vai fazer com que, ao término
da montagem dos aspectos e da localização desses fatores
no desenho do mapa, tudo aquilo junto se transforme num borrão.
E sabem do que mais? Um borrão cujos elementos constitutivos,
se é que alguém será capaz de entender aquele
mafuá, repetir-se-ão indefinidamente, com dezenas
de fatores recentemente acrescentadas ao vocabulário astrológico
reiterando o que poderia ser dito com tranqüilidade apenas
com os sete planetas clássicos, por exemplo.
Nada impede que o eclipse e a "estrela"
do dia 8 tenham alguma coisa de diferente. O problema é que
existe quem consegue enxergar uma grande mudança em
tudo, uma salvação final para a nossa "degradada"
humanidade. Embora isso não seja algo que devamos descartar,
se é que haverá mesmo uma "abertura de portais",
isso ocorre de uma maneira muito sutil e gradativa, já que
não é todo mundo que capta o que talvez sejam essas
"ondas" de cura e paz.
Mas é óbvio: nada impede também
que as pessoas façam em uníssono orações,
meditações e mentalizações em prol do
amor e da harmonia. Se fazer isso já é bom sem nenhum
evento considerado especial, talvez seja ainda melhor com a crença
coletiva num mundo melhor prestes a vir, pois o número de
pessoas envolvidas nesse ato pode, aí sim, produzir uma manifestação
plausível.
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