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Hemingway, com Marte na casa 1, gostava de
caçar. |
A rudeza de Marte no mapa
de Ernest Hemingway
Uma palestra que despertou bastante atenção
na Astrológica 2003 foi a de Ana Maria Gonzalez, que
discutiu a expressão astrológica na obra literária
de Ernest Hemingway - especialmente em sua maior obra-prima, O
Velho e o Mar. Hemingway nasceu em 21 de julho de 1899, às
8 horas da manhã, em Oak Park, na área metropolitana
de Chicago. Seu mapa mostra o Sol em Câncer na casa 11, em
quadratura com Júpiter (um índice de inquietação
e desejo de aventura), com a Lua em Capricórnio na cúspide
da casa 5 (algo que se reflete em sua escrita seca, despojada) e
o Ascendente no contido e crítico signo de Virgem.
O aspecto mais tenso do mapa de Hemingway é
a quadratura T envolvendo Marte em Virgem na casa 1, Plutão
em Gêmeos na 10 e Saturno em Sagitário na 4. Esta aspectação
tensa envolvendo casas angulares e planetas considerados maléficos
marcou a vida e o estilo pessoal de Hemingway, um homem que, apesar
de ter na literatura sua atividade mais importante, não conseguia
jamais atuar estritamente como observador, sendo compelido a envolver-se
diretamente na ação - especialmente quando se tratava
de combater (Marte). Assim, Hemingway, enviado como correspondente
à guerra civil espanhola e à Segunda Grande Guerra,
acabou imiscuindo-se nos combates, acompanhando tropas e pegando
em armas. Era também um aficcionado por touradas e pela caça,
tendo participado de alguns safaris na África. No que realizou
em 1953, seu comportamento instável manifestou-se em constantes
bebedeiras, durante as quais chegou a espojar-se na terra e a raspar
a cabeça, para ficar mais parecido com os nativos, e a fazer
sexo com uma nativa na frente de sua própria esposa.
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Ernest Hemingway - 21.7.1899, 8h (-06:00)
- Oak Park, EUA - 41n53, 87w47. |
Este gênio turbulento, freqüentemente
autodestrutivo, é bem o retrato de um Marte na casa 1 recebendo
as quadraturas do compulsivo Plutão e do depressivo Saturno.
Hemingway, depois de escrever alguns dos maiores clássicos
da língua inglesa no século XX, acabou pondo fim à
vida com um tiro de rifle.
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Ao lado, capa da
edição de 1952 de O Velho e o Mar. Acima,
Hemingway como correspondente de guerra - na prática,
quase como um combatente - na Guerra Civil Espanhola. |
Para Ana Maria Gonzalez, O Velho e o Mar,
novela considerada a obra-prima de Hemingway, tematiza alguns dos
aspectos mais difíceis de sua carta. Trata-se da história
de um velho que, contando apenas com a companhia de um ajudante
adolescente, lança-se ao mar aberto com a fixação
de capturar um grande peixe. No início da novela, o autor
declara que o velho se encontra há 84 dias no mar, o que
corresponde quase a uma quadratura do Sol (noventa graus - noventa
dias). Na opinião da palestrante, trata-se da expressão
simbólica (e inconsciente, já que Hemingway pouco
ou nada sabia de Astrologia) de um grande desafio. É o confronto
entre a vida e a morte (quadratura T Marte-Saturno-Plutão)
que, pela primeira vez na obra do escritor, assume uma dimensão
mais afetiva - o Sol em Câncer, que se exprime até
pelo cenário: a vastidão do oceano. Ana Gonzalez recorda
que, nas obras anteriores, Hemingway manifestara com mais força
em sua literatura a aridez, a rudeza, a ação aparentemente
despida de sentimentos, traços típicos de seu Ascendente
em Virgem, da marcial quadratura T e da Lua em Capricórnio.
O Velho e o Mar fala da velhice e da solidão
que o próprio Hemingway se recusou a enfrentar. O velho finalmente
captura o peixe, mas chega à terra firme apenas com sua carcaça,
já que a carne é devorada pelos tubarões. A
carcaça (Saturno) seria um símbolo da experiência
de vida do personagem, que se salva e dá um significado à
existência na medida em que se rende à natureza. O
próprio Hemingway, torturado pela turbulência psíquica,
não se rende e não consegue encontrar, como o personagem,
uma via de salvação.
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Fernandes.
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