Limite, a obra-prima
do cinema brasileiro
Edil Carvalho utilizou sua palestra para fazer uma
interpretação especulativa do mapa do cineasta Mário
Peixoto, autor daquela que é considerada a obra mais genial
do cinema brasileiro: o filme Limite, de 1931.
A vida de Mário Peixoto foi, na expressão
de Edil, cheia de "sombras e ocultações".
Para começar, há o mistério sobre seu nascimento.
A data é 25 de março de 1908, com hora desconhecida,
e o local pode ter sido o Rio de Janeiro ou a distante Bruxelas,
na Bélgica. Isto porque existe uma versão que dá
Mário Peixoto como filho adotivo de um rico industrial, sendo
que a viagem à Bélgica pode ter servido de cortina
de fumaça para justificar o aparecimento de um bebê
sem que a mãe tivesse apresentado o clássico quadro
de gravidez.
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Mário Peixoto - carta especulativa
- 25.3.1908, - Rio de Janeiro, RJ - 22s54, 43w12. |
Com base no filme e nos fatos que conseguiu levantar
sobre a vida do cineasta, Edil tenta chegar ao eixo fundamental
da vida de Mário Peixoto:
-O grande problema dele era lidar com a transitoriedade,
com o desvanecimento das coisas. Algo em seu mapa deve estar na
casa 12, porque é isso que o filme passa: uma percepção
da grandiosidade cósmica, do aberto, do imponderável,
do ilimitado, tudo simbolizado pelo mar. Vejo-o como alguém
com a Lua na casa 12 e Urano em Capricórnio no Ascendente.
Edil explica que a escolha do tema de sua palestra,
que une Astrologia e cinema, faz parte de uma estratégia
em busca de horizontes mais amplos:
-Trabalhar sobre a cultura é uma saída.
O astrólogo precisa dialogar com a cultura para transcender
a condição enclausurada e criptografada em que a Astrologia
entrou. Como astrólogos podem falar do alfabeto astrológico
sem referências artísticas, cinematográficas
e estéticas?
Edil Carvalho (esquerda), além de
falar de Limite, ainda presenteou o grupo GaiaBrasilis
com uma cachaça chamada Terra Brasilis. |
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João Acuio, aliás, pensa de forma semelhante.
Por isso, trouxe para sua palestra a discussão de dois mapas
de artistas criadores - Renato Russo e Cazuza - que contribuíram
para atualizar a percepção que as pessoas tinham do
país nos anos 80 e 90. Acuio, aliás, protagonizou
uma das cenas mais engraçadas do evento ao aparecer, para
as palestras de domingo, de crachá trocado com a jornalista
baiana Virgínia Sampaio, que acompanhava Alexey Dodsworth.
Ambos faziam parte de um animado grupo que, na véspera, saíra
da Gaia direto para a noite paulistana. Alexey conseguiu juntar
um bom grupo para ouvi-lo contar sobre as façanhas de Virgínia,
cuja Lua tensionada em Áries e cujo Plutão posicionado
no Ascendente já a meteram em diversos confrontos com assaltantes
(aos quais ela costuma "botar pra correr no grito", como
diz Alexey).
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